Comprando mais combustíveis de refinarias privadas, o Ceará deve sentir de forma diferente as mudanças de preços nas refinarias promovidas pela Petrobras a partir deste sábado, 21. A companhia anunciou redução de 4% na gasolina e alta de 6,6% no diesel.
De acordo com especialistas consultados pelo O POVO, os reajustes devem ocorrer nos postos de combustível a partir de segunda-feira, 23. No entanto, o movimento de queda deve ser mais tímido, enquanto o de alta mais forte. Isso ocorre porque a influência do movimento de preços do mercado internacional de combustíveis tem se sobreposto aos reajustes da Petrobras.
O anúncio do reajuste promovido pela estatal nas suas refinarias, de reduzir em até 12 centavos o preço do litro da gasolina e aumentar em até 25 centavos o do diesel, visa reduzir a defasagem dos valores praticados nas suas refinarias em relação ao mercado internacional.
No caso do Ceará, no entanto, a maioria do combustível que entra no Estado vem pelo meio marítimo e a parcela demandada pelos distribuidores à Petrobras tem caído. Para perceber esse movimento, basta lembrar que nessa semana, os postos subiram o preço do litro da gasolina para algo em torno de R$ 6, mesmo sem anúncio da Petrobras.
De acordo com o consultor e especialista da área de Combustíveis e Energia, Bruno Iughetti, praticamente metade de todo combustível distribuído no Ceará tem como origem refinarias privadas ou importadas. No caso do diesel, esse percentual chega a 60%.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abcom), os valores do diesel nas refinarias da Petrobras estava 15% abaixo do preço do mercado internacional, enquanto a gasolina registrava defasagem negativa de 5%.
Iughetti explica que essa defasagem motivou o reajuste da Petrobras neste momento, mas, no caso do diesel, ainda há sobras e a defasagem permanece.
Com isso, o movimento de preços na próxima semana deve ser diferente do projetado pela Petrobras ao consumidor final. "Com certeza absoluta no fim impacta o preço final destinado ao consumidor. Então acaba que um aumento desse do diesel pode ser ainda maior e uma redução dessa da gasolina ser menor do que a Petrobras anuncia."
O assessor de Economia do Sindicato dos Empresários do Varejo de Derivados de Petróleo no Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, destaca que as três principais distribuidoras que atuam no Estado (Shell, BR e Ipiranga) respondem por 70% do mercado.
Neste cenário, o combustível produzido nas refinarias da Petrobras não estão conseguindo atender a demanda e os distribuidores têm demandado mais as refinarias privadas da Bahia, Rio Grande do Norte e Amazonas via cabotagem.
"Nosso Porto de Fortaleza hoje em dia recebe aproximadamente 40% do combustíveis de outras fontes além da Petrobras. Então, os preços não acompanham a Petrobras, mas o mercado internacional", afirma.
Defasagem em relação ao mercado internacional
Cálculo em 20/10
Variação de preços dos combustíveis nas últimas duas semanas - Ceará
Para que o uso de etanol hidratado compense financeiramente em relação à gasolina, descontando fatores como autonomias individuais de cada veículo, o preço do litro do combustível renovável deve ser igual ou inferior a 70% do preço do litro do combustível fóssil.
Comparação entre os preços - Ceará (preços entre 6/10 e 12/10)
Fonte: ANP/ Abicom/ ValeCard
Brasil
A gasolina comum encerrou a semana cotada, em média, em R$ 5,74 no País, segundo a ANP. Já o diesel estava sendo vendido, em média, a R$ 6,04
Mercado
O petróleo fechou ontem em leve baixa, mas acumulou ganhos de até 2% na semana, com a guerra entre Israel e Hamas ainda em foco
Meta
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que está "muito confortável" com a possibilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrar o ano abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%