O futuro das estruturas que permitem a chegada de gás natural via Porto do Pecém deve ser a hibernação. O movimento ocorreu após o projeto da termelétrica Portocem ser cancelado por falta de garantia de abastecimento.
Tanto a estrutura do Píer 2, deixada pela Petrobras, quanto o projeto do espaço offshore - quadro de boias - que seria ocupado pelo navio regaseificador da Shell, ficarão parados por pelo menos um ano ou até que apareça um novo projeto que justifique sua operação.
A confirmação foi dada pelo presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Hugo Figueiredo, que se pronuncia pela primeira vez após a confirmação do fim do projeto de instalação da termelétrica Portocem.
Conforme estava previsto em projeto, a termelétrica Portocem demandaria a entrada de 9,5 milhões de metros cúbicos (m³) de gás natural por dia na sua operação, montante superior aos 7,5 milhões de m³ ofertados a partir do navio regaseificador da Petrobras.
Conforme O POVO publicou no último dia 9, sem as duas operações de abastecimento, o Ceará se vê dependente apenas do gás natural advindo dos gasodutos da Transportadora Associada de Gás (TAG), que não chegam a 1 milhão de m³.
Hugo destaca que entende que a inviabilidade do projeto da Portocem se deu em razão do tipo de leilão e negociações próprias do investidor que foram descontinuadas. Ele acredita, ainda, que os próximos leilões de energia devem gerar investimentos no Pecém.
"Estamos positivos com esses investidores e até com outros para darmos continuidade às operações de gás no Ceará. Além de pré-contrato com Portocem, a Cipp também possui outro com a Positiva/BP, que deve participar dos futuros leilões de fornecimento de energia", completa.
Neste cenário, de dois pré-contratos de empresas interessadas em instalações termelétricas a gás natural, a Cipp deixa em aberto, inclusive, a utilização do Píer 2 para viabilizar a demanda de abastecimento projetado.
Vale lembrar que a Petrobras deixou o Píer 2 em dezembro após aproximadamente 20 anos em operação. A saída não foi amigável, inclusive com reclamações públicas do Sindicato dos Petroleiros do Piauí e Ceará (Sindipetro PI-CE).
Com a saída, a administração do Porto do Pecém irá receber os ativos do terminal de regás e reavaliar os planos para o Píer 2, que deve futuramente atender a demanda do hub de hidrogênio verde.
"Enquanto isso, a CIPP S/A também avalia a necessidade de descontinuar ou não esse terminal de regás no Píer 2 do Porto do Pecém para permitir a operação de amônia verde e outros combustíveis líquidos, de acordo com o plano de expansão da CIPP S/A nos próximos anos."
Questionado se haveria garantia de suprimento de gás natural para as operações após a saída do navio da Petrobras, Hugo é enfático ao dizer que não há riscos.
"A malha da TAG atende o mercado não térmico do Ceará no curto/médio prazo e ainda há o suprimento local pioneiro de biometano em crescimento. A Petrobras já retirou esse navio em 2021 e o mercado local não foi afetado."