O custo da cesta básica comercializada na Grande Fortaleza acumula desinflação de 0,43% ao fim do primeiro bimestre deste ano. O movimento é único em meio às 17 regiões metropolitanas analisadas pelo Dieese.
Conforme os dados, o valor da cesta básica com 12 produtos custou R$ 627,67 para os consumidores cearenses em fevereiro. O Dieese também levantou o custo necessário para alimentação de uma família com dois adultos e duas crianças que, em fevereiro, chegou a R$ 1.883,01.
Apesar do cenário positivo, o valor da cesta básica subiu 1,51% em fevereiro após registrar deflação de 1,91% em janeiro.
Os produtos que podem ser considerados os "vilões" do levantamento de preços em fevereiro foram a banana, com alta de 5,01%, o feijão (+4,49%), o tomate (+3,36%), a manteiga (+2,85%) e o café (+2,34%).
Já os produtos que apresentaram redução de preço foram apenas dois: o óleo, com variação negativa de 0,67%, e a carne (-0,08%).
Apesar do inflacionamento da cesta básica em fevereiro, o Dieese destaca que o preço dos alimentos em Fortaleza vem cedendo nos últimos meses. Em um ano, houve queda de 6,5% no valor da cesta básica.
Nesta mesma altura do ano passado, a cesta básica custava R$ 671,32, praticamente R$ 45 mais cara.
Comparando a situação de Fortaleza com o patamar de preços de outros estados da Federação, a Capital tem o sexto valor mais baixo dentre as 17 capitais analisadas.
Nos demais estados já há inflacionamento de preços. O pior cenário está instalado no Rio de Janeiro, que observou o valor da cesta básica subir 12,75% somente nos dois primeiros meses deste ano, alcançando o patamar de R$ 832,80, o mais caro do Brasil.
Para o economista Vicente Férrer, do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), o movimento é natural após o Estado ser um dos mais impactados pelo aumento do patamar de preços dos produtos alimentícios básicos desde a pandemia, em 2020.
Na sua avaliação, a queda recoloca o Ceará em seu patamar de preços em meio aos demais estados nordestinos no ranking nacional formulado pelo Dieese.
"Nós tivemos um valor muito acima dos outros estados e da média inflacionária no período da pandemia de Covid e nos anos seguintes. Lembramos que Fortaleza era um mercado onde a cesta básica ficou entre as mais caras. Perdemos uma gordura que foi formada ao longo do tempo", completa.
Vicente ainda aponta que a perspectiva é que esse movimento continue positivo nestes princípio de ano por conta do bom abastecimento hídrico, sem perspectiva de quebra de produção.
Para o economista, esse quadro deve favorecer o cálculo da inflação no Estado, mas é preciso ficar atento às condições do mercado no segundo semestre, quando o período mais seco chegará.
No levantamento, o Dieese também calculou que o percentual do salário mínimo líquido (descontados as despesas previdenciárias) necessário para compra dos produtos da cesta básica na Capital é de 48,06%.
Já o salário mínimo necessário para uma família com quatro pessoas corresponde a R$ 6.996,36, ou seja, 4,95 vezes o mínimo vigente atualmente, de R$ 1.412,00.
O compartamento do preço da cestá básica
Fortaleza - fevereiro/2024
Valor da cesta: R$ 627,67
Variação mensal: 1,51%
Variação em 2024: -0,43%
Variação nos últimos 12 meses: -6,50%
Produtos que mais subiram em Fortaleza - fevereiro/2024
Banana: 5,01%
Feijão: 4,49%
Tomate: 3,36%
Manteiga: 2,85%
Café: 2,34%
Fonte: Dieese