A projeção de crescimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no Ceará em 2024, feita pelo governador Elmano de Freitas (PT) em evento anual com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) ontem, 13, supera a projeção nacional do indicador de 3,3%.
Isso seria fruto de uma combinação de fatores, incluindo investimentos, programas sociais e um ambiente favorável aos negócios, segundo Elmano. Um dos pilares desse crescimento, apontado por ele, é a parceria entre o governo estadual e o setor produtivo.
Elmano ressaltou, assim, que o Estado fez o segundo maior investimento desde 2003 neste ano, no valor de R$ 3,61 bilhões, incluindo áreas-chave como infraestrutura, energia e educação. O maior investimento foi no ano de 2022, com R$ 3,86 bilhões.
Foram destacadas a conclusão da ferrovia Transnordestina – com investimento de R$ 4,4 bilhões –, a duplicação das rodovias BR-116, BR-222 e BR-020, a modernização do Porto do Pecém – com aportes de R$ 675 milhões – e a aposta no hidrogênio verde (H2V).
A construção de portos secos em Iguatu e Quixeramobim também. Estes dois portos secos têm previsão de investimentos na ordem de R$ 100 milhões e R$ 500 milhões, respectivamente. Já Senador Pompeu deve contar com um porto seco focado na distribuição do polo calçadista.
Elmano reforçou, ainda, os esforços para a área de energia, citando investimentos de R$ 5 bilhões para a expansão de linhas de transmissão, com uma extensão de 1.991 quilômetros (km). Enquanto outros R$ 1,15 bilhão apoiarão a construção de data centers no Estado.
O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, acrescentou que não há desenvolvimento sem uma economia forte. “Para isso, é fundamental contar com uma indústria pujante, um agronegócio dinâmico, um comércio pulsante e um setor de serviços vibrante”, pontuou.
E é neste contexto que a expansão da produção industrial cearense ficou como a segunda maior do Brasil no acumulado de janeiro a outubro deste ano, atingindo 8,6%. No País, o número era de 3,4%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ricardo realçou parcerias com organizações como Lego, Microsoft e Google, ressaltando também a educação nas redes do Serviço Social da Indústria (Sesi) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que fortalece o segmento.
Em 2024, o Senai Ceará formou mais de 75 mil estudantes em educação profissional, com foco em novas tecnologias e inovação, conforme Ricardo. Ao passo que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) impactou 2.500 empresários neste ano no Estado.
Além disso, houve mais de 1.200 micro e pequenas indústrias atendidas em 93 municípios cearenses junto do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae Ceará).
Todavia, Ricardo vê desafios para o setor na regulamentação da reforma tributária, na taxa de juros brasileira (Selic) – que está em 12,25% ao ano – e na escassez de mão de obra. “Temos empregos disponíveis, mas muitas pessoas hesitam em aceitá-los para não perder benefícios que garantem sua subsistência.”
O governador Elmano, em contraponto, destacou a importância do programa de benefícios Ceará Sem Fome, que visa combater a pobreza. Uma iniciativa, na sua visão, que pode, inclusive, contribuir para a qualificação da mão de obra e para a geração de emprego e renda.
Elmano também ressaltou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal para garantir a solidez das contas públicas e a capacidade de investimentos. O Ceará, inclusive, conquistou a nota “Capag A” junto à Secretaria do Tesouro Nacional.
O secretário da Fazenda (Sefaz), Fabrízio Gomes, explicou que, a partir do crescimento da arrecadação, é provável ver um crescimento no PIB. Ele acredita, ainda, que a economia do Estado deva continuar crescendo acima dos níveis nacionais.
Já o secretário do Planejamento e Gestão (Seplag), Alexandre Cialdini, detalhou que o Ceará tem alcançado um crescimento do PIB atrelado ao equilíbrio fiscal, à maturação de investimentos, à cooperação com os municípios e com o próprio Governo Federal.
Salmito confirma saída da SDE para cumprir mandato na Alece
Salmito Filho (PDT) confirmou ao O POVO que tem a intenção de sair da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado para terminar o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
Questionado se tinha pedido para sair para fazer cumprir o mandato, respondeu: "É verdade".
Porém diz que ainda não tomou nenhuma decisão. "É verdade essa minha intenção de retornar para a Assembleia, mas eu não vou tomar nenhuma decisão sem antes conversar com o governador (Elmano de Freitas-PT)", complementou.
Ele já era um dos nomes ventilados a serem trocados pelo governador na reforma do governo, bem como o de Fabrízio Gomes (Fazenda).
Ao O POVO, o titular da Fazenda diz que continua fazendo seu trabalho "da melhor forma possível" e que sempre que se fala em troca de secretariado surgem "especulações".
"Os resultados da Sefaz são significativos, os resultados positivos... Estou à disposição do governador, mas isso é uma decisão de governo. Eu sou servidor público, então eu trabalho pelo Estado do Ceará aonde quer que eu esteja", complementa.
Em relação à informação que empresários estariam descontentes com a gestão Fabrízio, ele diz que tem recebido fala de empresários o dando "todo o apoio".
Nome político em uma área que lidera as pretensões do Estado em desenvolvimento econômico, Salmito passou por cancelamento de investimentos e saída de indústrias que geraram milhares de desempregados nesses dois anos.
Ao mesmo tempo, o Estado assegurou os investimentos em hidrogênio verde conquistados no governo anterior e o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu o dobro da média nacional no período. Assunto, inclusive, que migrou entre as pastas.
Foi o titular da Sefaz quem mais comemorou o resultado do 2º trimestre e também o que já projetou um 3º trimestre com desempenho acima do 0,9% atingido pelo PIB Brasil.
A retomada da capacidade de pagamento (Capag) classe A, dada pelo Tesouro Nacional e muito festejada pelo Governo, também teve a Sefaz como responsável.
Fabrízio é comparado a seus antecessores, como a última a administrar a secretaria, Fernanda Pacobahyba, hoje presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que tem outro perfil. Ela chegou, em Brasília, a liderar discussões nacionais como a compensação das perdas no ICMS dos combustíveis.
(Com informações dos jornalistas Ana Luiza Serrão e Armando de Oliveira Lima)
Setor leiteiro, energia renovável e PMEs na lista apoiados pelo Estado
O governador Elmano de Freitas (PT) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, assinaram três parcerias na tarde de ontem para o estímulo das atividades de pecuária leiteira, energia renovável e pequenas e médias empresas.
A primeira, explicou o secretário Fabrízio Gomes (Fazenda), trata da ampliação até o fim de 2025 dos benefícios para a produção de derivados de leite. A indústria láctea conta com isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos casos de a matéria-prima principal, o leite, ser adquirido de produtores locais.
O objetivo, quando anunciado pela primeira vez em janeiro de 2024, é beneficiar 73 mil produtores em atividade no Estado, dos quais 88% são produtores familiares.
Fez parte das assinaturas, também sob a chancela da Sefaz, a cessão de crédito tributário para o setor de energias renováveis. "A gente está criando um programa, a partir de uma lei que vai para a Assembleia (Legislativa do Ceará), no qual o setor de energia renovável vai receber alguns créditos, desde que faça alguns investimentos verdes. Possivelmente, a Cearpar vai fazer essa gestão", adiantou.
Perguntado se já havia um teto para a liberação dos créditos - via ICMS -, o secretário afirmou que isso estava sendo estudado como também as condições dos investimentos condicionantes para a empresa receber o benefício.
Sob a responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o governador e o presidente da Fiec assinaram um termo de cooperação para estimular a exportação por pequenas e médias empresas (PMEs) cearenses.
"Esse termo tem como objetivo selecionar algumas empresas para que se tornem mais competitivas internacionalmente. Não temos setores específicos ainda. Depois do termo assinado, vamos fazer uma pré-seleção de algumas empresas e, posteriormente, vamos fazer treinamentos e todo um estudo de como a empresa pode melhorar para ser vendida no Exterior", detalhou a secretária executiva da Indústria da SDE, Brígida Miola.