O setor da construção no Brasil quer contratar beneficiários do Bolsa Família entre os 200 mil postos de trabalho formal que as construtoras projetam gerar em 2025 no Brasil, segundo afirmou Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). A intenção é reduzir a falta de mão de obra identificada, segundo ele, “desde o ajudante até o engenheiro”.
A projeção do executivo espelha a média de contratações dos últimos quatro anos pelo setor, a partir do entendimento de que o ciclo está em crescimento ainda.
Para isso, ontem, dia 20, Correia e o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome) assinaram um protocolo de intenções no âmbito do programa Acredita, durante a cerimônia de abertura do Summit Cbic Norte e Nordeste 2025.
“Isso é muito importante para a construção civil do País. Quero agradecer aos ministros por acolher a ideia de um convênio para conectar as pessoas que estão cadastradas no CadÚnico com o setor que é o maior gerador de emprego e renda do País e que, hoje, tem o segundo maior salário médio de entrada do mercado”, afirmou Correia, citando o valor de R$ 2,9 mil.
Ele estava acompanhado, além de Wellington Dias, do ministro Luiz Marinho (Trabalho), do governador Elmano de Freitas (PT), da senadora Augusta Brito (PT) do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, e do presidente do Sindicato da Construção no Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias.
Os líderes destacaram o bom momento do setor no País - cenário no qual o Nordeste e o Ceará se destacam - e apontaram a intermediação do Ministério do Desenvolvimento Social como estratégica nos trabalhos do Governo Federal de retirar as famílias da pobreza.
A perspectiva para o convênio, como ressaltou Wellington Dias, é positiva, uma vez que mais 98% do saldo de empregos contabilizado em 2024 teve participação do público do CadÚnico.
Nas contas do ministério, anualmente, 40 mil pessoas perdem o emprego e voltam para o Bolsa Família, mas outras 140 mil saem do benefício devido à participação no mercado de trabalho, o que gera um saldo positivo.
O ministro reforçou ainda que é necessário tanto os beneficiários quanto os empresários tomarem conhecimento de que os empregos com carteira assinada não eliminam o direito ao benefício, como ocorria anteriormente.
Hoje, destacou, há seis milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família e estão empregados formalmente. Outros três milhões estão em uma regra de transição para sair do benefício, recebendo metade da quantia. Para isso, é preciso que a renda per capita da família supere meio salário mínimo por pessoa. O cálculo indica a saída dessa família na linha da pobreza.
“Uma família de cinco pessoas precisa alcançar uma renda acima de R$ 3.530, ou seja, cinco vezes R$ 706, que é o padrão per capita para sair da pobreza. Já são 16,5 milhões de admissões do povo do Bolsa Família e do Cadastro Único“, declarou, sinalizando que tem o interesse de fazer um movimento parecido com lideranças do comércio e serviços, do agronegócio e também via a formação de cooperativas.
Ainda em construção, o convênio deve articular as bases de dados de MDS e Cbic para levar os trabalhadores com experiência para cargos específicos, enquanto os demais em início de carreira ou sem atuação na área passem por treinamento.
Dados da Cbic indicam a entrada maior no setor via o cargo de ajudante, o que, para Correia, é interessante para o profissional porque ele consegue ter noção da atividade do canteiro de obras e se aprofundar em uma das áreas necessárias e especializadas do setor, como carpintaria e elétrica.
O presidente da Cbic acrescentou que há conversas para parcerias com a Confederação Nacional da Indústria, via Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), as quais vão viabilizar os treinamentos desse pessoal.
Ao discursar, o governador Elmano de Freitas destacou as falas “de um governador do PT (ele), dois ministros do PT (Marinho e Dias) e uma senadora do PT (Augusta)” ao afirmar que “as políticas de assistência que esse país tem hoje, em grande parte, fazem parte da história do Partido dos Trabalhadores” e reforçou a defesa pelos programas para esta nova etapa de encaminhamento profissional dos beneficiários.
“Hoje, nós estamos dizendo claramente que acreditamos que temos que retirar as famílias do Bolsa Família para o trabalho com carteira assinada. Vamos poder fazer o que é um sonho do projeto político que fazemos parte, que é efetivamente tirar o nosso povo da fome e da miséria e colocar no mundo da cidadania e do trabalho que é o que vossas senhorias oferecem”, afirmou aos industriais presentes no auditório Waldyr Diogo, da Fiec, apontando o investimento do poder público em capacitação profissional.
3,5 mil casas serão construídas até 2026
Até 2026, 3,5 mil casas próprias do projeto Minha Casa, Minha Vida (MCMV) estão previstas para serem entregues em Fortaleza. Além disso, na mira da Prefeitura está também resolver a questão do déficit de banheiros nas residências dos fortalezenses.
As informações são de Jonas Dezidoro, titular da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor), que fez um balanço dos projetos destravados e dos recursos para a Cidade.
Neste cenário de reorganização municipal para a área de moradia nestes primeiros três meses de gestão Evandro Leitão (PT), o secretário cita o conhecimento dos processos existentes para garantir o cumprimento de prazos.
Entra nesta seara resolver deficiências em projetos habitacionais em andamento, como seis residenciais do MCMV na Capital. Segundo ele, nestes empreendimentos havia "diversas pendências de engenharia e com a Secretaria de Meio Ambiente", eles estavam incluídos no que se chama de cláusulas suspensivas, o que impedia o início de obras.
Um dos empreendimentos, o Paupina, já teve o início das obras assinado pelo prefeito. A estimativa é que os outros cinco tenham a assinatura no começo de abril deste ano.
Portanto, ele disse que o primeiro objetivo era destravar esses residenciais para que pudessem começar ou continuar a construção.
Aumentar a produção de casas próprias é outra meta. Aqui é que se encaixa a expectativa de 3,5 mil unidades para entregar entre março e junho do próximo ano, abrangendo 14 empreendimentos. O desembolso para as construções foi de R$ 540 milhões.(Beatriz Cavalcante e Armando de Oliveira Lima)
Ceará terá R$ 118 milhões para programa de leite e cisternas
O Governo Federal investirá R$ 118 milhões para os programas de Aquisição de Alimentos (PAA Leite) e de Cisternas no Ceará. A informação foi dada com exclusividade ao O POVO pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, em visita, às 8 horas, ao Instituto Vida Videira, no bairro Sapiranga.
Segundo ele, do montante total, R$ 18 milhões se referem ao lançamento de mais uma etapa do programa de leite, que faz parte dos planos Brasil Sem Fome e Ceará Sem Fome.
Esses recursos serão aplicados para a compra de 4 milhões de litros da bebida láctea. Além disso, de acordo com Wellington, "esse leite será comprado de pequenos produtores", em parceria com a secretária da Proteção Social e vice-governadora, Jade Romero, beneficiando as áreas de empreendedorismo, de desenvolvimento e do trabalho. A previsão é atender regiões como a Metropolitana de Fortaleza e também chegar ao Crato.
Já o restante, R$ 100 milhões, será para que o programa de cisternas alcance todo o Estado, principalmente as regiões onde o acesso à água é mais dificultado. (Beatriz Cavalcante e Maria Clara Moreira/Especial para O POVO)
4,1 milhões de benefícios foram excluídos por fraude
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) cortou 4,1 milhões de benefícios sociais por fraudes. Nesse bojo entravam pessoas de alta renda, mortos e CPF falso, conforme esclareceu o ministro da pasta, Wellington Dias.
A economia gerada neste ano com os cancelamentos é estimada por ele em R$ 7,7 bilhões, decorrentes também da soma de medidas para a superação da pobreza.
Inclusive, no dia 6 de março foi lançado o novo Cadastro Único (Cadúnico), que, segundo o gestor, é um "caso de sucesso" no Brasil.
"Nós temos 91 milhões de pessoas no cadastro social, que permite informações, que permite planejamento para trabalhar com cada família. Qual a família que tem baixa renda ou não tem renda. Aqui a gente coloca o atendimento no Bolsa Família, que são hoje 20 milhões de famílias, cerca de 53 milhões de pessoas quando o assumimos", enumerou.
Ele acrescentou que toda essa contagem e o sistema estavam "desmantelados". "Tivemos que reconstruir e, agora, inclusive, modernizando o cadastro com uma base de informação que nos dá mais segurança. Trabalhamos integrados com estados e municípios e, a partir do novo Cadastro Único, trabalhamos também uma revisão", detalhou.
Sobre as fraudes encontradas e o cancelamento de 4,1 milhões de benefícios, Wellington disse que isso resultou numa economia de R$ 34 bilhões. "Permitiu a gente atender pessoas que estavam passando fome e tinham direito. Veja que a gente chegou a 33,1 milhões de pessoas passando fome."
Deste montante, o ministro estima ter reduzido a fome de 28 milhões de pessoas, garantindo uma alimentação com o Bolsa Família e com alimentação escolar, com o programa de aquisição de alimentos.(Beatriz Cavalcante)