O avanço das obras da ferrovia Transnordestina está motivando municípios e empresas a desenvolverem projetos de futuros portos secos ao longo dos 1.206 quilômetros de trilhos entre Eliseu Martins (PI) e o Pecém (CE). Hoje, dez propostas são negociadas com a TLSA, empresa responsável pela ferrovia.
As tratativas foram reveladas ao O POVO pelo presidente da TLSA, Tufi Daher Filho. De acordo com ele, seis dessas iniciativas estão localizadas em municípios cearenses, enquanto as outras quatro estão metade no Piauí e metade em Pernambuco.
"Cada cidade quer instalar um terminal intermodal. Estamos conversando com todos e sem distinção. É justo que isso aconteça, mas tudo depende muito do volume de carga que cada cidade produz ou recebe. Aqueles que estiverem aptos, nós vamos instalar", observou Daher.
Na prática, sem a operação de importação e exportação atrelada a esses empreendimentos após a autorização da Receita Federal, os projetos são designados formalmente de terminais intermodais. Os espaços logísticos abrigam centros de distribuição que fazem os transbordos das cargas entre os vagões dos trilhos e os caminhões.
Baturité, a 106,9 km de Fortaleza, também busca sediar um empreendimento do tipo e endereçou um pedido de ajuda ao governador Elmano de Freitas (PT) ontem, 5, quando foi assinada a ordem de serviço para o início das obras do Trecho 8 da Transnordestina.
Herberlh Mota (Republicanos) entregou um ofício assinado pelos gestores das cidades do Maciço de Baturité, destacando as potencialidades da região para ter um porto seco no futuro e serem "atores nesta transformação".
O mais avançado desses projetos de porto seco localizados no Ceará está em Quixeramobim, a 212,5 km de Fortaleza. Conduzido pela Value Global e com forte apoio da prefeitura do município, o empreendimento já possui obras em andamento e empresas em instalação. No início da semana, inclusive, obteve licença ambiental prévia da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Mais dois projetos têm estudos de viabilidade em curso e foram mencionados tanto pelas prefeituras quanto pelo governo estadual. Um é localizado em Iguatu, a 363,6 km de Fortaleza, e o outro em Missão Velha, a 503,8 km da Capital. Os demais não foram revelados pela TLSA.
Ao assinar a ordem de serviço, Elmano ressaltou que vem conversando sobre atração de investimentos para a região do Maciço de Baturité e destacou o impacto que a transnordestina vai trazer para o Ceará de uma forma geral.
"Nós temos, agora, o desafio de fazer essa ferrovia ser concluída e, em torno dela, atrair empresas para investimento. Para vocês terem uma ideia do que vai representar esta obra quando o trem estiver rodando, imagine mais ou menos 240 carretas uma atrás da outra. É uma viagem desse trem. Trazendo para o Ceará milho, soja, trazendo no futuro quem sabe o minério. E nós vamos, portanto, poder atrair para o Ceará vários investimentos", ressaltou.
Parte da operação da Transnordestina, inclusive, deve entrar em operação ainda em 2025, segundo afirmou a TLSA e também o Governo Federal. A projeção é de que as cargas circulem entre o Piauí e o Centro-Sul do Ceará, além de algumas regiões de Pernambuco.
Isso aumenta a expectativa de maior impacto econômico a partir da ferrovia e faz com que surjam mais interessados no projeto de portos secos e similares tanto quanto de mais empresas para se instalar no Ceará.
Rifa
Além da ordem de serviço do Trecho 8, o ministro Renan Filho assinou também dez pontos da rifa feito pelo 3º ano de Contabilidade da Escola de Ensino Profissional Clemente Olintho Távora Arruda, que sediou a cerimônia no início da tarde de ontem. Os alunos, sabidamente, aproveitaram a movimentação atípica para pedir pontos na rifa e as autoridades foram os alvos preferidos