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Com Selic em 15%, investimentos de renda fixa se destacam no curto prazo
Economia

Com Selic em 15%, investimentos de renda fixa se destacam no curto prazo

No entanto, economistas ouvidos pelo O POVO apontam investimentos de longo prazo, pois há uma expectativa de redução da taxa de juros ao passar do tempo
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COM NOVA queda da Selic, expectativa é de que juros do crédito arrefeçam (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES COM NOVA queda da Selic, expectativa é de que juros do crédito arrefeçam

Com a taxa Selic em patamares elevados, chegando a 15% ao ano, há oportunidades para diferentes perfis de investidores. Especialistas ouvidos pelo O POVO analisam como a alta dos juros influencia desde a renda fixa até o mercado de ações e fundos imobiliários.

Na avaliação do economista Alex Araújo, o aumento torna o cenário de investimentos particularmente atraente para a renda fixa, especialmente os títulos atrelados ao CDI.

"A lógica é simples: quando a taxa básica de juros sobe, a remuneração de aplicações que acompanham essa taxa, como Tesouro Selic e CDBs, LCIs e LCAs indexados ao CDI, aumenta automaticamente, oferecendo retornos atrativos com baixo risco."

Por outro lado, entende que a renda variável, como as ações negociadas na bolsa de valores, pode sofrer uma pressão negativa no curto prazo, pois os juros altos encarecem o crédito para empresas e consumidores e desestimula o consumo e o investimento produtivo.

"A mudança pode impactar os resultados das companhias e, consequentemente, o valor de suas ações. Além disso, a renda fixa se torna uma alternativa de investimento muito competitiva, desviando capital que antes poderia ir para o mercado de ações."

Ao comparar Tesouro Selic e CDBs de bancos médios, o economista Alex Araujo destaca que os últimos pagam um prêmio sobre a Selic, e o investidor deve analisar se esse prêmio compensa o risco adicional.

"É importante considerar a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que limita o valor coberto a R$ 250 mil por CPF em cada instituição."

Já Gustavo Farias, sócio e Head de Alocação da Start Investimentos, avalia que é crucial ter também uma visão a longo prazo. 

"Embora a Selic alta no curto prazo beneficie diretamente os investimentos atrelados a ela, o Banco Central tem agido para transmitir confiança ao mercado, o que sugere uma possibilidade de redução mais consistente da Selic no futuro. A Selic alta de hoje, paradoxalmente, pode significar uma Selic mais baixa por mais tempo no futuro, beneficiando outros tipos de investimentos no longo prazo."

Neste caso, explica que cada investimento depende do perfil do indivíduo, mas há títulos públicos levando em consideração diversos indíces, como a inflação, além de um percentual fixado.

"Então, você tem aí títulos públicos pagando IPCA mais 7%, IGP-M mais 7% [...] Esses títulos, por terem prazos mais longos (como para 2050, 2060), são ideais para o planejamento da aposentadoria, pois garantem um valor acima da inflação."

Porém, Gustavo Farias recomenda acima de tudo a diversificação. "Você também precisa ter ações na sua carteira, fundos imobiliários, ativos internacionais. Tudo isso vai compor a carteira do investidor de longo prazo. A gente aqui no escritório brinca que a diversificação é o único almoço grátis que o mercado dá."

Em relação aos fundos imobiliários, o sócio da Start Investimentos interpreta que não devem ter nenhum tipo de problema. 

"Eu não consigo vislumbrar uma queda generalizada dos fundos imobiliários, porque, querendo ou não, a Selic sobe porque está tendo muito gasto do governo. Se está tendo muito gasto do governo, a inflação aumenta. Então, acaba que os fundos imobiliários vão tendo uma proteção contra essa alta da Selic via melhores preços dos seus imóveis e menor inadimplência nas suas dívidas."

Assim, o especialista alerta para o excesso de informação na internet, que pode confundir o investidor. "O ideal é buscar a ajuda de um profissional do mercado para um planejamento financeiro adequado, que considere os objetivos pessoais, como aposentadoria, compra de bens ou viagens", finaliza.

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Curto prazo

A renda fixa se tornou particularmente atraente em um cenário de Selic elevada, oferecendo retornos atrativos com baixo risco, em curto prazo. Ela é o "carro-chefe" para investidores de perfil mais conservador ou moderado que buscam segurança e rentabilidade previsível.

> Títulos e investimentos Pós-Fixados (atrelados à Selic/CDI)

> Tesouro Selic

> CDBs (Certificados de Depósito Bancário)

> Investimentos com Liquidez Diária

Longo prazo

> Títulos Indexados à Inflação (Tesouro IPCA / Antigas NTNs)

> Debêntures de Empresas (Indexadas ao IPCA)

> LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrário)

> Ações (Bolsa de Valores)

> Fundos Imobiliários (FIIs)

Fonte: Economistas entrevistados pelo O POVO

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