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Construção civil cearense adota medidas para reduzir impacto ambiental
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Construção civil cearense adota medidas para reduzir impacto ambiental

Sinduscon-CE recorre à calculadora e guia de descarbonização para promover sustentabilidade
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 19-08-2024: Novas tecnologias construtivas aplicadas em obras de construção civil no Ceará.  (foto: Fabio Lima/ OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL, 19-08-2024: Novas tecnologias construtivas aplicadas em obras de construção civil no Ceará. (foto: Fabio Lima/ OPOVO)

Construtores cearenses vão utilizar a calculadora CECarbon, uma ferramenta online e gratuita para o setor da construção civil, para medir o consumo energético e o impacto das emissões de carbono em edificações, abrangendo materiais e processos. A medida visa diminuir o impacto ambiental tanto no canteiro de obras como também após as edificações prontas, ou seja, durante o uso dos imóveis. 

A iniciativa é fruto de uma parceria do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará  (Sinduscon-CE)  com o sindicato de São Paulo. A nova tecnologia foi apresentada, ontem (terça-feira, 30 de setembro), durante o Seminário de Descarbonização realizado na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

A ferramenta serve de base para desenvolver políticas públicas e avaliar projetos de habitação. Ela calcula as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o consumo de energia incorporados no uso de materiais, no transporte e na execução de uma obra.

“Essa calculadora faz o inventário de emissões de gases de efeito estufa das obras. Ela é baseada em metodologias internacionais e está alinhada aos relatórios de sustentabilidade", informa Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP.

A CECarbon foi desenvolvida em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ). A sua utilização é recomendada pelo Ministério das Cidades e por programas como o IPTU Verde e o Selo Casa Azul.

Além da calculadora, o Sinduscon-CE lançou o Guia de Descarbonização na Construção. A publicação reúne orientações e estratégias para apoiar empresas e profissionais do setor na redução de emissões de carbono. O guia foi apresentado pelo diretor de suprimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Angel Ibanez.

Novas tecnologias podem amenizar impacto em até 20%

Segundo ele, o uso de materiais como concreto e aço contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa devido à sua produção intensiva em carbono. “Só o cimento responde por sete por cento de todas as emissões. Se a gente pensar em todos os prédios residenciais do planeta, tanto na sua fase de construção como na sua fase de uso é quase 1/3 de toda a emissão do CO2 emitida. Então daí a importância da gente ter ações que diminuam esse impacto tanto na fase de construção como na fase de uso também, diz Angel Ibanez.

O concreto e o aço representam quase 70% em emissões de carbono. Uma boa prática sugerida por Ibanez para reduzir esse impacto negativo, seria o uso de novas tecnologias que produzem cimento, concretos e aço mais eficientes. 
”Esses produtos estão disponíveis, e é papel do construtor, do incorporador, buscar e aplicar essas práticas", pontua.

O especialista diz que apenas com essas iniciativas, seriam reduzidos de 15 a 20 por cento de toda a emissão de CO2 da obra. “É um volume bastante representativo", comenta.

O secretário de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza, João Vicente Leitão, afirma que as iniciativas do SindusCon-CE são muito importantes, principalmente, porque o setor de construção está crescendo muito no Ceará.

Paula Frota, vice-presidente de sustentabilidade do SindusCon-Ce, diz que o Guia é “muito mais do que uma publicação técnica; é uma ferramenta que vai ajudar bastante as construtoras e os profissionais do setor a reduzir as emissões de carbono mas de uma forma muito simples prática e descomplicada".

Sustentabilidade não é uma coisa inalcançável, inatingível, muito cara que precisa de muita tecnologia. A gente mostra através desse guia que, com pequenas ações e pequenas mudanças, a gente consegue reduzir bastante as emissões, conclui Paula Frota.

A construção civil consome cerca de 36% da energia global, é responsável por 38% das emissões globais de carbono, utiliza aproximadamente 50% dos recursos naturais extraídos globalmente, e estima-se que 8% de tudo o que é produzido em uma obra se torna desperdício, gerando cerca de 400 quilos de entulho por habitante.

Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) que faz a seguinte projeção: se as práticas atuais continuarem, as emissões de gases de efeito estufa do setor podem aumentar em 50% até 2050, em comparação com os níveis de 2015.

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