Em meio ao lançamento de unidades habitacionais de alto e altíssimo padrão, o mercado imobiliário de Fortaleza consolidou a posição como terceiro principal do País, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro. A conclusão faz parte de pesquisa do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE) em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.
O levantamento analisa os resultados de vendas, lançamentos e valor geral de vendas (VGV) em Fortaleza e municípios do entorno. A conclusão é de que há uma consolidação de um ciclo de expansão sustentável para o setor.
Para alcançar o posto de terceiro mercado imobiliário mais relevante, a capital cearense superou as praças de Curitiba (PR), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS).
O estudo abrangeu uma amostra de 404 empreendimentos, desenvolvidos por 189 empresas. Neste ano, foram realizados 40 lançamentos de projetos imobiliários em Fortaleza, além de outros 42 projetos na Grande Fortaleza.
São opções de loteamento fechado, apartamentos compactos, standard, econômico, médio, luxo e super luxo. Segundo os dados, a quantidade de unidades disponíveis no mercado é de 8,3 mil, o menor número dos últimos dois anos, o que demonstra um estoque baixo fruto da efetividade das vendas.
Fábio Tadeu, consultor de mercado imobiliário da Brain Inteligência Estratégica, Fortaleza é uma cidade no Nordeste que se destaca por ser um mercado de classe média e em especial de classe alta muito maior do que as demais capitais do Nordeste.
Fortaleza possui ao fim desse terceiro trimestre um estoque de 350 unidades com valor acima de R$ 4 milhões, além de 750 unidades acima dos R$ 2 milhões.
"Fortaleza costumava ficar entre o sexto e o sétimo maior mercado do Brasil e se tornou o terceiro neste ano por causa de um forte volume de lançamentos e crescimento de vendas também. A Cidade tem uma pujança muito grande, muitas construtoras participantes", afirma.
A alta demanda tem contribuído para a valorização do preço do metro quadrado, captou a pesquisa. Entre agosto e setembro, a alta do preço médio do metro quadrado (m²) foi de 2%. Em 12 meses, a valorização alcança 10%.
A região da avenida Beira Mar tem preço médio do m² orçado em R$ 22,7 mil, ficando atrás somente do bairro Meireles como o m² mais caro da Cidade, custante em média R$ 37,7 mil.
Presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias de Sousa, destaca o bom momento do setor imobiliário e prevê que 2025 supere o desempenho de 2024, que já havia sido o melhor em oito anos.
"O ano de 2025 está sendo surpreendente porque mesmo com a alta da taxa Selic, em 15% ao ano, a demanda está forte, com velocidade nas vendas dos empreendimentos, seja ele econômico, médio, alto e altíssimo padrão ou mesmo loteamento", afirma.
Conforme destaca Patriolino, um dos principais destaques do ano é o mercado de loteamentos, com alta de 32% nas unidades vendidas e de 49% no VGV. Municípios como Eusébio e Caucaia são destaques neste recorte, o que fez com que esse segmento do mercado alcançasse R$ 926 milhões em vendas até o 3º trimestre do ano.
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Puxado por lançamentos de altíssimo padrão, Plano Diretor em Fortaleza pode impactar vendas
Puxado pelo lançamento de super prédios, o preço médio do metro quadrado em Fortaleza saltou e em bairros como Meireles e na região da Praia de Iracema chegam a R$ 37,7 mil/m² e R$ 22,7 mil/m².
Em meio às discussões do Plano Diretor de Fortaleza, a avaliação do setor imobiliário é de que alterações substanciais no texto da legislação podem impactar negativamente esse mercado.
Fábio Tadeu, consultor de mercado imobiliário da Brain Inteligência Estratégica, explica que o atual crescimento de Fortaleza, superando cidades como Curitiba e Porto Alegre ocorre porque o atual Plano Diretor favorece o alto volume de lançamentos que tem ocorrido.
A permissão da legislação para incorporações maiores se tornou um diferencial para as empresas e virou um perfil de desejo entre os clientes de altíssimo padrão.
"Se o Plano Diretor vier a limitar isso, não há como o mercado não sentir impacto. Não há como o dono do terreno vender mais barato mesmo com o coeficiente de construção caindo. Isso fará com que o preço médio por unidade aumentar para compensar isso", explica.
A consequência, segundo Tadeu, seria o aumento do custo da construção e o repasse em preços. "Então, a mudança do Plano Diretor pode piorar a Cidade por ter menos lançamentos e valores mais caros".
Compradores exigem soluções em energia limpa e gestão de resíduos antes de fechar negócio
A quantidade de requisitos para que os clientes fechem negócio e façam a aquisição de um imóvel tem ganhado mais pontos de atenção a incorporadores e corretores de imóveis. Soluções em energia limpa e gestão de resíduos sólidos são as exigências do momento.
Adriana Neves, 2ª vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), destaca que tem crescido o nível de conscientização do público, o que tem modificado a realidade do setor imobiliário cearense.
Ela conta que a implementação de projetos de geração solar fotovoltaica ou de planos de assinatura de energia limpa se tornaram tendências quase que obrigatórias devido ao desejo dos clientes.
Outro ponto notório que tem movido o imaginário na hora da escolha da moradia é a gestão do lixo gerado nas propriedades.
"Os clientes perguntam. Estão muito preocupados com o tema sustentabilidade e querem energia limpa. Outra questão que tem preocupado muito é a questão do lixo. Esses compradores procuram empreendimentos, seja no vertical ou horizontal, soluções, como coleta seletiva", afirma.
A executiva do Creci-CE ainda destaca que os projetos horizontais, principalmente de condomínios fechados e lotes, vêm com soluções de energia limpa praticamente em sua totalidade.