Logo O POVO+
SDE e empresas suíças discutem sobre possíveis exportações para a Europa
Farol

SDE e empresas suíças discutem sobre possíveis exportações para a Europa

De acordo com o órgão, a Europa demonstra interesse em importar castanhas-de-caju, polpas de frutas tropicais e camarão para a Suíça
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ESTADO é o maior produtor de castanha-de-caju do Brasil (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA ESTADO é o maior produtor de castanha-de-caju do Brasil

A Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE) recebeu representantes das empresas suíças Eurobras GmbH, Florian Knupfer e Marc Schnetzler para discutir aberturas de novos mercados para produtos cearenses na Europa.

O encontro, divulgado na última sexta-feira, 5, teve como principal objetivo firmar acordos comerciais para a exportação de produtos como castanha-de-caju, polpas de frutas e camarão para a Suíça, a França e a Alemanha.

Segundo o secretário executivo de Comércio, Serviço e Inovação da SDE, Vicente Ferrer, o mercado europeu tem uma demanda diferente comparada aos Estados Unidos, que compra o camarão sem a cabeça. Já a Europa prefere o produto com cabeça e em tamanhos variados.

“A SDE já está em contato com produtores de Aracati, Sertão e Acaraú para viabilizar a exportação”, informou Vicente.

De acordo com a SDE, os representantes estão em viagem pelo litoral cearense para conhecer a cadeia de produção local.

“A expectativa é que, em breve, uma nova comissão visite o Estado para consolidar os estudos e, em até 30 dias, viabilizar o envio dos primeiros contêineres de exportação, com foco inicial em polpas de frutas tropicais”, informou Ferrer.

Outro ponto citado durante a reunião foi buscar novas estratégias para diversificar as exportações cearense, especialmente após as tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Mirtilo do Ceará pode se tornar destaque no cenário de exportação

O mirtilo, também conhecido como blueberry, é um pequeno fruta de coloração azulada que pertence ao mesmo grupo das amoras, morangos e framboesas. Muito associado a produtos norte-americanos, como iogurtes e geleias, a fruta vem animando o setor público e produtores locais com a viabilidade de sua produção em larga escala no Ceará.

Ainda em fase experimental, o Estado já possui plantações em municípios localizados no Vale do Jaguaribe e na Serra de Ibiapaba. Ambas as regiões reúnem condições naturais favoráveis à plantação de mirtilo, que exige uma qualificação para que os produtores locais estejam capacitados a desenvolver técnicas de cultivo que a fruta exige.

Para resolver a demanda, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), ofereceu um curso gratuito de produção de mirtilo em Carnaubal, município de Ibiapaba.

A iniciativa visa incentivar os produtores da região a apostarem na fruta, que segundo Domingos Filho, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, é um “produto promissor para exportações na Europa”.

Curso gratuito de produção de mirtilo foi ofertado para agricultores interessados e ministrado pelo biotecnologista Flávia Caetano(Foto: Divulgação/Governo do Estado do Ceará)
Foto: Divulgação/Governo do Estado do Ceará Curso gratuito de produção de mirtilo foi ofertado para agricultores interessados e ministrado pelo biotecnologista Flávia Caetano

Com plantações em Tianguá, São Benedito, Guaraciaba do Norte, Russas e Limoeiro do Norte, o mirtilo é consumido in-natura, mas também é utilizado em compotas, geleias, doces, bebidas, bolos, chás e saladas.

É uma fruta que contém alto teor de oxidantes e fibras, além de ser rico em vitaminas A, B, C e sais minerais.

Mirtilo no Ceará: plantações visam mercado internacional

Normalmente cultivado em regiões frias, a expectativa é de que a viabilização da produção de mirtilo no Ceará aconteça por meio de estudos de desenvolvimento e melhoramento genético. A aposta vem sendo feita há alguns anos, com o monitoramento de grupos estrangeiros que investem na plantação de mirtilo em diversas regiões do mundo.

“Esses grupos identificaram dentro do estado do Ceará algumas regiões estratégicas para o cultivo de Mirtilo, uma delas a Serra da Ibiapaba, reúne condições de clima absolutamente perfeitas para o desenvolvimento dessa cultura e é justamente por esse motivo que a gente tem voltado ao estado”, diz Flávio Caetano, biotecnologista responsável por ministrar o curso de produção da fruta.

Localizado abaixo da linha do equador, o Ceará possui temperaturas de até 35 °C e mínima de 18 °C, consideradas adequadas para o cultivo de mirtilo.

Além disso, é uma fruta que exige a geração de empregos por ser uma fruta menor que a acerola, que precisa de pessoas para colher, não aceitando a utilização de máquinas no processo. O período da safra pode levar até quatro meses, já que o mirtilo não pode ser colhido verde.

Plantação de mirtilo em Ubajara(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Plantação de mirtilo em Ubajara

A maioria do consumo mundial de mirtilo ainda é concentrada na Europa e na América do Norte, com destaque para o Reino Unido e os Países Baixos, que lideram o consumo per capita. No entanto, a China tem despontado como uma das regiões de maior crescimento na demanda pela fruta.

Esse cenário tem animado os produtores locais que apostam no mirtilo para expandir suas plantações. André Arruda Martins, um dos agricultores da região que participou do curso, destaca que o mirtilo “abre vários horizontes para o pequeno e médio agricultor”, reconhecendo o investimento internacional que há no produto.

Atualmente, o cultivo de mirtilo já está presente em praticamente todos os estados do Brasil, segundo dados do Governo do Estado do Ceará, e soma aproximadamente 350 hectares em estágio produtivo. A maior parte é formada por pequenos projetos espalhados em diferentes regiões, mas que estão em uma cadeia produtiva em expansão.

Mirtilo no Ceará: promessa no cenário do agronegócio

Em 2022, O POVO fez uma reportagem especial sobre o mirtilo ser uma promessa do Ceará para as exportações brasileiras. Na época, a Serra da Ibiapaba era considerada a esperança da produção da fruta no Brasil, destacando-se como a experiência mais promissora de produzir a fruta no estado.

Quem liderava os esforços para a produção da fruta era a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet-CE), que convidou o professor e pesquisador de novas culturas Osvaldo Yamanishi para ensinar grupos de agricultores sobre as especificidades do mirtilo.

Uma delas, segundo Yamanishi, é que a produção teria que ser pensada para o mercado internacional, visto que “o Brasil tem 200 milhões de habitantes e quase ninguém conhece o mirtilo”, pontuou. Para ele, se a produção for pensada para o mercado brasileiro “vai quebrar”.

Três anos depois, a produção de mirtilo despontou como um destaque no agronegócio cearense, com uma experiência que planeja tornar o estado um pólo de produção com foco na exportação da fruta para países de alto consumo, como afirma Silvio Carlos Ribeiro, secretário-executivo do Agronegócio. (Com Arthur Albano)

Lula diz que não vai “mendigar” conversa com Trump sobre tarifaço | O POVO News

O que você achou desse conteúdo?