Pelo menos três vezes por semana nos últimos quatro anos, o americano Paul Rossen, 58, faz plantão em frente ao edifício Trump Tower, na luxuosa Quinta Avenida, em Nova York. Aproveitando a movimentação em frente ao prédio, ele se posiciona estrategicamente diante da torre envidraçada, onde o presidente residia antes de se mudar para a Casa Branca, para vender bottons anti-Trump.
"Aqui é o lugar perfeito para isso, pois 75% das pessoas chegam com raiva do Trump, e aí bum, elas compram", explica, com o sorriso de quem aprendeu a transformar a indignação em fonte de lucro.
A aversão nova-iorquina ao presidente foi comprovada ontem nas urnas. Joe Biden, o candidato democrata, venceu no Estado por uma boa margem de diferença (59% a 40%), o que lhe garantiu 29 votos no colégio eleitoral.
Na calçada oposta, a torre imponente de 68 andares - que também é a sede das Organizações Trump - se mantém como um símbolo do tempestuoso caso de amor não correspondido entre Trump e sua terra natal. E a animosidade só cresce.
"Nova York odeia Trump porque o conhece melhor", opina Rossen, que alcançou as manchetes na campanha de 2016 ao aparecer ao fundo de uma transmissão ao vivo da CNN fantasiado de pênis e segurando um cartaz dizendo: "Fotos de graça com Trump "
O clima de crescente hostilidade contrasta com a histórica adoração que Trump sempre nutriu por Nova York. No livro The Art of the Deal (A Arte da Negociação), o presidente descreve sua obsessão em se tornar alguém em Manhattan. Nascido e criado no Queens, cresceu alimentando o sonho de ganhar fama no centro financeiro da cidade. Se esse amor nunca foi recíproco, nos últimos quatro anos a relação de Trump com Nova York azedou de vez. Por isso, independentemente do resultado da eleição, o presidente não voltará a morar na Trump Tower. (Agência Estado)