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Como o resultado da eleição nos EUA pode impactar no Brasil
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Como o resultado da eleição nos EUA pode impactar no Brasil

Observadores avaliam que vitória de Biden pressionará mudanças na agenda ambiental, com chance de sanções. Novo mandato de Trump mantém País em mesmo patamar, numa aliança sem obtenção de ganhos concretos
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(Mar a Lago - Flórida, 07/03/2020) Presidente da República Jair Bolsonaro acompanhado  do Senhor Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, posam para fotografia..Foto: Alan Santos/Presidência da República (Foto: Alan Santos/Presidência da República)
Foto: Alan Santos/Presidência da República (Mar a Lago - Flórida, 07/03/2020) Presidente da República Jair Bolsonaro acompanhado do Senhor Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, posam para fotografia..Foto: Alan Santos/Presidência da República

O resultado da eleição presidencial estadunidense pode isolar politicamente o Brasil no mundo, no caso de vitória do democrata Joe Biden. O País possivelmente será pressionado a reorientar a agenda ambiental, alvo de contestações internacionais, além de realinhar a política externa capitaneada pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

Isso não significará, porém, estremecimentos objetivos no convívio diplomático com os EUA nem repercussões concretas na vida brasileira.

Já no caso de triunfo republicano, a lógica de rebaixamento à principal potência mundial deverá prosseguir, conforme se verificou nos últimos dois anos, numa ausência de ganhos concretos para o Brasil.

São alguns traços em comum do que projetaram ao O POVO alguns observadores consultados. Pedro Israel, professor universitário e mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal do Ceará (UFC), analisa que sob governo de Bolsonaro o Brasil se converteu em pária perante o mundo.

"Com uma eventual vitória de Biden, duas pastas específicas - Relações Exteriores e Meio Ambiente - precisarão sofrer imediatas alterações, caso o governo brasileiro tenha o interesse de manter mínimas relações cordiais com os EUA", ele frisa.

Para o cientista político Manoel Galdino, se as alterações citadas por Pedro Israel não forem executadas, o País deve sofrer no máximo pressões no campo simbólico. No caso de sanções, mínimas, ele aponta, como suspensão de "auxílios, financiamentos, subsídios."

Pesquisador vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC), o sociólogo Cleyton Monte destoa do que vislumbra Galdino. Segundo diz, Biden tem insistido numa política de controle internacional da Amazônia, "com possibilidade de sanções. "Isso é ruim para o Brasil. Ainda mais porque o Bolsonaro abraçou Trump. Os democratas lembrarão disso muito bem", sublinha o docente.

Já sobre Trump, Pedro Israel analisa que os últimos quatro anos foram fortemente pautados por uma política de soberania nacional e de confrontação com órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ele segue: "O presidente norte-americano praticou políticas protecionistas e empreendeu amplas barreiras alfandegárias a produtos importados. Com as elevadas taxas de importação, produtos que anteriormente eram comprados do Brasil foram atingidos, como o minério de ferro e aço, por exemplo. Caso Trump seja reeleito, há uma nítida tendência de continuação deste projeto."

O candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente Joe Biden acena para apoiadores antes de falar em um comício Drive-In na Dallas High School, em Dallas, Pensilvânia, em 24 de outubro de 2020. (Foto de Angela Weiss / AFP)
Foto: Angela Weiss / AFP
O candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente Joe Biden acena para apoiadores antes de falar em um comício Drive-In na Dallas High School, em Dallas, Pensilvânia, em 24 de outubro de 2020. (Foto de Angela Weiss / AFP)

Interessado na reeleição do mandatário estadunidense, Jair Bolsonaro afirmou ontem haver "ingerência de outras potências" no pleito dos Estados Unidos. É mais uma vez que o militar joga suspeição sobre processos eleitorais. Ele já havia levantado dúvidas sobre a lisura do processo do qual saiu vencedor.

Bolsonaro aproveitou então para mais uma vez colocar sob descrédito a eleição brasileira, agora a de 2022. Para Galdino, contestações como a que Trump ensaia fazer, caso o resultado seja adverso, fortalecem narrativas similares pelo mundo, como a de Bolsonaro.

"Se houver essa perda de credibilidade da democracia americana, é ruim para o Brasil e para a democracia brasileira", ele afirma.

Graduando em Ciência Política e administrador da página "Eleições EUA", Mateus Oliveira entende que Trump, se derrotado, deve reconhecer o resultado, pois a tradição democrática prevalecerá. "Pode recorrer judicialmente. Mas acho que não terá postura agressiva."

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