A eleição presidencial nos Estados Unidos tornou-se mais do que uma disputa entre candidatos dos partidos Republicano, Donald Trump, e Democrata, Joe Biden. Passou a ser também um referendo sobre o modelo de governo que o país considera mais adequado para geri-lo em tempos de crise que se anunciam. Mais uma vez o pleito mostrou-se acirrado e durante a apuração, estados como Flórida, Texas e Ohio deram tração a Trump rumo à reeleição, enquanto Biden aposta as fichas na Pensilvânia e na tendência de virar o Arizona.
Na Pensilvânia, com 52% de apuração (até o fechamento desta página), a vantagem de Trump superava os 14%. No entanto, os votos por correio, em grande volume e que podem ser contados até sexta-feira, tendem a favorecer Biden, o que deve arrastar o pleito e a contagem dos votos por mais um tempo até que se saiba quem venceu.
Até a 1h40min de hoje, Biden já tinha conseguido 209 dos 270 delegados necessários para chegar à Casa Branca. Trump, por sua vez, estava com 118. No entanto, a apuração em andamento em estados como a Pensilvânia deixa o cenário indefinido.
Na Flórida, outro estado-chave, Biden melhorou desempenho democrata, se comparado a 2016, entre eleitores mais velhos e de zonas rurais. Entretanto, fez a diferença para Trump a predominância de votos latino e negro. Vale lembrar que o eleitor latino nesse estado tem características diferentes pela concentração de cubanos que votam com os Republicanos. Estados como Arizona e Califórnia têm mais mexicanos, que votam mais facilmente pró-democratas.
No Texas, reduto Republicano, Democratas apostaram em uma virada de Biden considerando tendência de aumento de votos no partido em eleições passadas. Dados da agência Associated Press apontavam diferença de menos de 300 mil votos com 70% de apuração no estado, mas tendência pró-Trump pelas zonas ainda a serem contadas. Michigan e Wisconsin, onde Biden tinha vantagem em pesquisas, cenário com cerca de 50% de apuração também favorecia o atual presidente.
No decorrer da noite, a Pensilvânia passou a ser fator determinante para Biden. Segundo projeções do site especializado FiveThirtyEight, durante a apuração, se confirmadas vitórias de Trump na Flórida, na Geórgia e na Carolina do Norte, as chances de reeleição subiriam para 50%.
Até o fechamento desta página ele estava na frente em todos. Já no Arizona, estado que optou por Trump em 2016, uma surpresa. Com 73% de apuração, Joe Biden tinha vantagem de cerca de nove pontos percentuais no estado que vota mais facilmente em republicanos.
Para Trump, o resultado não é só uma avaliação de seu primeiro mandato, mas um julgamento de seu estilo de governar. Lucas Leite, doutor em Relações Internacionais e professor na Faap e Unicsul, a vitória de Trump, em termos internacionais, apontaria para a "continuação do negacionismo, da quebra de relações multilaterais e daria um gás a visões extremistas no mundo", explica, acrescentando que internamente uma nova composição do Congresso possibilitaria maior contestação das políticas do presidente.
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Para Cleyton Monte, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC) a vitória de Biden significaria o "retorno das linhas que vinham sendo seguidas pelo ex-presidente Barack Obama e uma postura menos agressiva" a partir do "fortalecimento dos organismos multilaterais e da revisão de políticas de imigração".
Mateus Oliveira graduando em Ciência Política e um dos administradores da página Eleições nos EUA, projetou que para Trump chegar aos 270 delegados, "Flórida e Pensilvânia são estados-chave, além de diversos estados-pêndulo". Se Biden era favorito antes do início da apuração, no decorrer dela a suposta vantagem democrata deu lugar a apreensão.
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Com a apuração se estendendo por horas, as pessoas assistem aos resultados das eleições nos painéis da Times Square, em Nova York
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