Em via de ter o mandato suspenso por até um mês, o deputado estadual André Fernandes (PSL) reafirmou neste fim de semana ser vítima de "perseguição" pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). Declarando que foi punido por conta de sua posição crítica de oposição, deputado prometeu provar disparidade de pesos e medidas de deputados em casos semelhantes.
"Muitos outros deputados, muitos, e eu tenho todos esses dados salvos, já subiram à tribuna da Assembleia para falar coisas bem piores do que as que eu falei. Teve xingamento, acusação, muita baixaria, e nenhum deles foi punido no Conselho de Ética. Durante todos esses anos teve sempre isso, e nunca deu em nada. Aí quando é o André tem que punir?", questiona.
"Eu tenho todos esses dados salvos, e vou mostrar", disse no último sábado, 4, durante evento de apoiadores do Aliança pelo Brasil em Fortaleza. Em dezembro, o Conselho de Ética aprovou pedido de suspensão do mandato de Fernandes por quebra de decoro, após o deputado acusar — sem provas — Nezinho Farias (PDT) de envolvimento com facções criminosas.
 "Quem era o relator do processo contra mim no Conselho? Uma deputada do PCdoB, do partido comunista, então é mais que óbvio que vai querer me punir. Quem tem maioria? O PDT, do Ciro Gomes, que eu bato todo dia. Outra bancada grande ali é o PT, que é do Camilo Santana, que também não aliso. Então não podia esperar outra coisa senão, no mínimo, uma suspensão", afirma.
A ação contra Fernandes foi protocolada após o deputado apresentar, em denúncia ao Ministério Público do Estado (MP-CE), acusação de que Nezinho Farias estaria tentando legalizar o "jogo do bicho" no Ceará. O projeto que baseia a denúncia, no entanto, trata na verdade de "e-sports", modalidade esportiva de jogos eletrônicos.
Dias antes, o deputado havia feito denúncia genérica de envolvimento de parlamentares da Casa com facções criminosas, o que gerou cobranças para que ele citasse nomes para a acusação. Desde então, já havia movimento para que o Conselho de Ética fosse acionado.
De fato, o Legislativo estadual cearense tem longo histórico de polêmicas em pleno plenário. Em 2013, o hoje correligionário de Fernandes, Delegado Cavalcante (PSL), ameaçou levar os deputados Osmar Baquit (PDT) e Perboyre Diógenes ao Conselho de Ética após uma discussão na Casa descambar para gritos e insultos — inclusive com palavras de cunho sexual.
Mais recentemente, em 2016, Agenor Neto (MDB), Osmar Baquit (PDT) e Tomaz Holanda (PPS) trocaram insultos e empurrões por conta de críticas do emedebista ao governo Camilo Santana (PT). "Vem, vem!", chegou a chamar para briga, aos gritos, Baquit. A segurança da Casa precisou intervir. O Conselho chegou a ser procurado, mas a turma do "deixa disso" falou mais alto.
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