Policiais militares rejeitaram ontem proposta do Governo do Estado para que a tropa encerre a paralisação e volte ao trabalho. O acordo, que mantém os percentuais de reajuste salarial e não prevê anistia aos soldados, mas revisão dos casos considerados excessivos, foi recusado em assembleia da categoria, que permanece de braços cruzados.
Dos 18 pontos da pauta dos militares, o Governo acenou para a aceitação da isenção de ICMS na compra de armamentos e munição pelos policiais, plano habitacional ao segmento e criação de setor dentro de uma unidade hospitalar a fim atender especificamente os agentes.
Uma nova rodada de negociações será realizada hoje, na sede do Ministério Público do Estado (MP-CE), a partir das 10 horas. Participam da conversa os membros de comissão formada por integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de parlamentares.
No encontro, o coronel reformado Walmir Medeiros encaminhará a posição dos PMs, que entram no 11º dia de motim a partir de hoje, data em que expira a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Um dos líderes do movimento de policiais, o ex-deputado federal Cabo Sabino afirmou que "ninguém está pedindo anistia criminal", mas administrativa. "Se incendiou um carro, isso é vandalismo e tem que responder mesmo", respondeu. Para ele, "apenas revisar os processos não é suficiente".
Ainda de acordo com Sabino, os "processos de afastamento foram abertos impensadamente e não se justificam". O cabo da reserva acrescenta: "Não se pode abrir processo de expulsão sem vários motivos. O desejo de punir e afastar foi rápido".
Deputado estadual e um dos representantes dos PMs na mesa de negociação, Soldado Noélio (Pros) declarou que, embora a proposta do Governo tenha sido rechaçada, as tratativas continuam e as chances de entendimento não se esgotaram.
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"A gente trouxe a proposta pra cá, e a categoria não aceitou. A gente vai estar novamente em reunião com a comissão. O canal não foi fechado. Já voltamos amanhã (hoje) com a resposta da tropa", relatou. "Espero que a gente consiga chegar a um acordo. Eles querem voltar a trabalhar."
O deputado reiterou então que o pedido de anistia aos PMs não é criminal, como a pauta estabelecia, mas administrativo. "Não se pede o perdão de criminosos, mas a anistia de transgressões disciplinares", concluiu.
Mais cedo, coronel Walmir, que também é advogado e foi indicado como interlocutor pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), demonstrou otimismo em relação à costura de um acordo entre PMs e Governo.
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