Três dias depois da exoneração do ex-deputado Nelson Martins da gestão de Camilo Santana (PT), dirigentes petistas reiteraram a pré-candidatura da deputada federal Luizianne Lins à Prefeitura de Fortaleza e negaram a possibilidade de uma aliança entre o partido e o PDT.
Ex-assessor de Relações Institucionais do Governo do Estado e filiado ao PT, Martins foi afastado do cargo a pedido de Camilo para que se apresentasse como alternativa na corrida à sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT) em 2020. O gesto foi interpretado como aceno do chefe do Executivo a um entendimento entre as duas legendas.
Na sexta-feira passada, 4, data da saída, o ex-secretário disse ao O POVO que a sua exoneração era parte da estratégia traçada para construir uma composição única no bloco que dá sustentação a Camilo e a RC no Estado.
Presidente do PT no Ceará, Antônio Filho, mais conhecido como Conin, avalia, porém, que o "o governador tem consciência do sentimento do partido pela candidatura própria" e, por isso, a demissão de Martins não cria "necessariamente uma agenda de aliança com o PDT".
Para Conin, a atitude de Camilo, ao desincompatibilizar o correligionário, foi uma tentativa de abrir diálogo dentro da própria legenda. "Vejo o gesto do governador como de alguém que tem interesse em debater a eleição", considerou.
Questionado se entende a demissão de Martins como um sinal de Camilo de que tem um nome dentro do PT para postular à Prefeitura, Conin afirmou que não é possível dizer. "Temos que saber do governador se é isso. Ele teria essa disposição de apoiar o Nelson (ao Paço)?", pergunta.
O dirigente acrescentou ainda que, a despeito da "boa surpresa" que foi a entrada de Nelson Martins no jogo político, "o PT já estava bem posicionado no cenário com a candidatura da deputada Luizianne Lins", mas que aguarda agenda do governador para tratar sobre a definição de nomes na Capital.
À frente do diretório petista em Fortaleza, o vereador Guilherme Sampaio também defende que a sigla apresente um projeto solo na briga pela Prefeitura. "Acho que o PDT vai ter a sua candidatura e o PT, a dele", declarou à reportagem.
Sobre a chance de consenso em torno de uma chapa única, como sugere o movimento do governador, Sampaio ponderou: "Tanto no plano nacional quanto no local, consolidou-se a decisão de que o PT terá candidato em Fortaleza. E isso se alia ao fato de termos feito sete anos de oposição na Câmara".
De acordo com o parlamentar, em reunião em fevereiro deste ano entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os deputados federais José Guimarães, José Airton Cirilo e Luizianne, a bancada "expressou que o PT deveria apresentar o nome da ex-prefeita para a disputa, e isso compôs uma maioria interna dentro do partido".
Sampaio informou que Luizianne será oficializada como pré-candidata no fim de junho ou início de julho. Cotado como possível candidato à Prefeitura, o vereador irá pleitear a recondução ao Legislativo.
Em relação a Martins como opção entre petistas, ele contou que o agora ex-secretário ainda não fez contato. "O Nelson não nos procurou", continuou. "Nem antes nem depois (de sair do Governo). Por isso estou evitando qualquer juízo sobre o gesto. Não tenho nenhuma informação sobre esse pedido de exoneração."