As eleições em Fortaleza começaram a ganhar contornos ontem, com a desincompatibilização de cinco secretários de uma vez. Do lado do Governo do Estado, Élcio Batista (agora ex-Casa Civil) e Nelson Martins (PT), que desempenhava função de assessor especial de Relações Institucionais, cargo com status de secretaria.
Da Prefeitura, deixaram seus postos o titular da Secretaria de Governo, Samuel Dias, principal aposta do prefeito Roberto Cláudio (PDT) na corrida ao Paço, além de Ferruccio Feitosa (então na Regional II) e Alexandre Pereira (antes no Turismo).
Todos foram exonerados no último dia do prazo legal previsto pela legislação eleitoral para que integrantes do Executivo abram mão de suas funções para estarem aptos a concorrer no pleito majoritário deste ano, cujo adiamento ainda não foi decidido.
Correligionário do governador, Nelson Martins disse ao O POVO que deixou o Abolição a pedido do próprio Camilo, a fim de facilitar uma costura partidária que possa unir PT e PDT na mesma chapa.
"Evidentemente que o governador pediu, e não posso deixar de atender um pedido do Camilo. Deixo meu nome para o conjunto de possibilidades", contou. "Vamos ficar à disposição das negociações. A ideia é que tenhamos uma aliança entre PT, PDT e MDB" na capital cearense."
Martins tem trânsito no PDT de Ciro e Cid Gomes e dialoga com o MDB de Eunício Oliveira. Segundo ele, "esses partidos têm uma identidade em nível nacional" e devem conversar a partir de agora. "Colocamos o nosso nome num processo de negociação. É o início de uma discussão, que vai envolver as lideranças nacionais", relatou.
A saída do ex-deputado foi interpretada como um gesto claro do governador no cenário das disputas locais. É um recado à legenda a qual é filiado na tentativa de aparar as arestas e alinhavar uma composição PDT/PT, tarefa considerada difícil. Afinal, o partido trabalha com a deputada federal Luizianne Lins para a campanha.
Colega de Governo, Élcio Batista também é cotado para concorrer à Prefeitura, seja como cabeça de chapa ou vice de um dos nomes ora na mesa. Suas chances crescem ainda mais caso não haja entendimento possível entre petistas e pedetistas. Nessa hipótese, Batista poderia entrar em dobradinha com Samuel Dias, o mais próximo de RC de todos os que se afastaram das administrações estadual e municipal.
A demissão de Dias era dada como certa muito antes de finalmente efetivada. Braço-direito do prefeito, o ex-secretário era o tocador de projetos da gestão, espécie de trunfo do governo do pedetista, que aposta na apresentação de um cardápio de obras concluídas e prestes a terminar.
Entre aliados do prefeito na Câmara de Vereadores, a avaliação é de que a decisão de afastá-lo foi correta porque preserva uma alternativa forte para as urnas. Ainda na quarta-feira, véspera de expirar o prazo da Justiça Eleitoral, Ésio Feitosa (PDT), líder do prefeito na Casa, defendeu a exoneração para "o secretário se posicionar como opção para a disputa".
Mas RC ampliou o leque de combinações ao desligar Ferruccio Feitosa, que passa a cotado como prefeiturável, ao lado de Dias e de outros que estão no Legislativo, como o presidente da Assembleia, deputado José Sarto, e o da Câmara, vereador Antônio Henrique, ambos do PDT.