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Decotelli ganha sobrevida no MEC, mas Bolsonaro não garante nomeação
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Decotelli ganha sobrevida no MEC, mas Bolsonaro não garante nomeação

Programada para hoje, posse do ministro foi adiada após ele se tornar alvo de questionamentos sobre inconsistências em currículo. Nos bastidores, outros nomes para a pasta estão sendo entrevistados
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O presidente Bolsonaro anunciou Carlos Alberto Decotelli como novo ministro da Educação, mas precisou recuar poucos dias depois, por conta do currículo não verdadeiro do nomeado (Foto: Reprodução/Facebook )
Foto: Reprodução/Facebook O presidente Bolsonaro anunciou Carlos Alberto Decotelli como novo ministro da Educação, mas precisou recuar poucos dias depois, por conta do currículo não verdadeiro do nomeado

Após um dia intenso ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu dar sobrevida a Carlos Alberto Decotelli no Ministério da Educação (MEC), apesar dos sucessivos questionamentos ao seu currículo e da posse, prevista para hoje, ter sido adiada. Pelas redes sociais, Bolsonaro não deixou claro se dará ou não posse a Decotelli e disse só ter recebido mensagens de "trabalho e honradez" sobre o indicado. Ao mesmo tempo, importantes assessores do governo continuam sondando nomes para substituir o economista.

Decotelli perdeu apoio do grupo militar que o havia indicado e de professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Todos se disseram surpreendidos com as incoerências em seu currículo, já que doutorado e pós-doutorado que lá constavam foram questionados pelas instituições estrangeiras e há acusação de plágio no mestrado na FGV.

Mesmo constrangidos, militares ainda continuam a indicar outros nomes para Bolsonaro. Assim como a ala ligada a Olavo de Carvalho. O ambiente no Planalto, segundo fontes, é de muita pressão e profusão de nomes para o MEC. O governo também não gostou de saber que Decotelli não é professor contratado da FGV - ele deu aulas como pessoa jurídica em alguns cursos - e teme aparecerem mais problemas.

Nas redes sociais, o presidente disse que "o professor vem enfrentando toda a forma deslegitimação para o ministério" por "inadequações curriculares". Segundo a publicação, "todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidade para todos". Mesmo assim, não citou a posse do novo ministro.

A mensagem veio após conversa do presidente com Decotelli no fim da tarde de ontem. Ele ouviu as versões do indicado e concluiu que ele tem "lastro acadêmico" e "reconhecimento como gestor", após 42 anos de vida pública. "Sou ministro, tenho trabalhos agora e vou ficar até de noite para corrigir os ajustes no Enem, Sisu", disse Decotelli, ao deixar o encontro em Brasília.

Entre os nomes que têm sido sugeridos, estão alguns dos que Bolsonaro já recebeu na semana passada, como Marcus Vinícius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) na gestão de Ricardo Velez. Ele é engenheiro e ligado ao mesmo grupo militar de Decotelli. Rodrigues deixou o Inep, órgão do MEC, após desentendimento com o grupo ligado a Olavo de Carvalho.

Na segunda-feira também o Planalto passou a analisar o currículo do reitor do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia, que chefiou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) até 2019.

Outro que esteve com Bolsonaro foi o ex-pró-reitor da FGV Antônio Freitas, também indicado pelo grupo militar. O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, foi entrevistado pelo presidente e depois avisado que não tinha sido escolhido.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro teria sugerido Sérgio Sant'ana, ex-assessor especial do ex-ministro Abraham Weintraub e ligado a olavistas do governo. Ilona Becskeházy, atual secretária de Educação Básica do MEC, foi elogiada por jornal ligado a Olavo de Carvalho, que disse que ela "pode salvar a educação brasileira".

Desde o fim de semana, quando a formação acadêmica de Decotelli passou a ser alvo de contestação, auxiliares do presidente argumentam que os questionamentos inviabilizam totalmente o ex-professor no cargo, no momento em que o governo tenta recuperar a confiança na pasta. Outro grupo ponderou que outra mudança no MEC pode ser pior e alegam que outros ministros já tiveram o currículo contestado, mas seguiram no cargo após a explicação.

Polêmica

Desde que foi anunciado como ministro, Decotelli teve as informações de seu currículo questionadas. Ao anunciá-lo, Bolsonaro mencionou a formação do professor. No dia seguinte, o título de doutor foi questionado por Franco Bartolacci, reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina). O ministro inicialmente negou e mostrou certificado de conclusão de disciplinas à reportagem. "É verdade. Pergunte lá para o reitor " No fim do dia, atualizou o currículo e passou a declarar que teve "créditos concluídos" no doutorado, em 2009. No campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: "Sem defesa de tese".

No sábado, a dissertação de mestrado do ministro também foi colocada sob suspeita após o economista Thomas Conti apontar, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho, de 2008. Ele citou trechos na dissertação idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A FGV informou que vai investigar a suspeita.

"Tem um simbolismo muito grande ele ter sido desmentido por duas universidades estrangeiras e ainda tem problemas no mestrado", diz o deputado federal, da Frente Parlamentar Mista de Educação, Israel Batista (PV-DF). Segundo ele, vários deputados da Frente consideraram esperar a situação do ministro para convidá-lo para conversa na Câmara. Já na comissão de Educação da Câmara, a participação do ministro continua marcada para quinta-feira.

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