O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro rebateu mais uma vez as alegações do procurador-Geral da República, que falou em 'caixa de segredos' da força-tarefa em Curitiba.
Em seu perfil no Twitter, Moro disse que, confrontado, Aras 'nada tem de concreto' sobre os supostos desvios da força-tarefa. Na postagem feita na noite da quarta-feira, dia 29, o ex-juiz federal afirmou ainda que a base de dados da operação em Curitiba é 'extensa' - segundo Aras têm 450 terabytes de informações e dados de 38 mil pessoas - em razão de a Lava Jato ser a 'maior investigação sobre corrupção do mundo'.
PGR vai à imprensa sugerir desvios da Força Tarefa do MPF da Lava Jato, mas confrontado nada tem de concreto. “A base de dados é muito extensa”. Sim, é a Lava Jato, maior investigação sobre corrupção do mundo. pic.twitter.com/nYTHPzJogS
— Sergio Moro (@SF_Moro) July 29, 2020
Na manhã da mesma quarta, Moro já havia afirmado 'desconhecer segredos ilícitos' da operação que comandou por mais de quatro anos, destacando que a mesma 'sempre foi transparente' e teve decisões confirmadas por tribunais superiores.
Desconheço segredos ilícitos no âmbito da Lava Jato. Ao contrário, a Operação sempre foi transparente e teve suas decisões confirmadas pelos tribunais de segunda instância e também pelas Cortes superiores, como STJ e STF. https://t.co/HwSgRpxU4J
— Sergio Moro (@SF_Moro) July 29, 2020
Em transmissão ao vivo realizada na terça-feira, 28, Aras disse que a Lava Jato teve um papel relevante, mas, segundo ele, 'deu lugar a uma hipertrofia'. O PGR chegou a dizer que é necessário corrigir desvios e superar o chamado 'lavajatismo'. Sobre os dados da força-tarefa de Curitiba, o PGR afirmou: "Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os critérios. Não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos", afirmou.
As alegações do PGR, feitas em transmissão ao vivo do Grupo Prerrogativas, motivaram reações de diferentes integrantes do Ministério Público Federal. As força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba e São Paulo chamaram os ataques de Aras de 'genéricos', 'declarações infundadas' e 'ilações'.
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também se manifestou, tecendo elogios à Lava Jato e repreendendo 'tentativas de enfraquecimento da sua atuação'. A associação destacou ainda que o trabalho dos procuradores é submetido à avaliação contínua da Corregedoria do MPF e do Conselho Nacional do Ministério Público.
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A troca de farpas, porém, enfraquece a imagem de Sérgio Moro e tem potencial até para minar um possível projeto político do ex-juiz nas eleições presidenciais de 2022, segundo cientistas políticos ouvidos pela agência Estado.
"Um conflito dessa natureza pode minar o projeto político de Moro e ao mesmo tempo enfraquecer o coração da Lava Jato em Curitiba, sobretudo os procuradores que ganharam os holofotes ao longo desses anos, como o Deltan Dallagnol", diz o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antônio Teixeira. Para ele, investigações envolvendo a Operação devem atingir diretamente o ex-ministro da Justiça.
crise
Procuradores e a cúpula da PGR entraram em choque após Aras determinar diligência para o compartilhamento de informações da Lava Jato. Um grupo de procuradores pediu demissão em junho.