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Todas as chapas majoritárias já anunciadas na Capital têm presença de mulheres
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Todas as chapas majoritárias já anunciadas na Capital têm presença de mulheres

Sub-representatividade político-partidária e peso do voto feminino são fatores. Maioria do eleitorado no Ceará e em Fortaleza é composta por mulheres
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Em Fortaleza, as chapas majoritárias anunciadas até hoje, apresentam uma característica em comum: a presença feminina. Das cinco duplas já anunciadas, quatro tem mulheres na vice: Patriota, PCdoB, Pros e Psol. A da UP é a única, entre as oficializadas, que conta com uma mulher na cabeça. A tendência é de que o cenário seja semelhante em outras legendas, muito em razão da crescente discussão sobre representatividade e do fato de que tanto no Ceará quanto em Fortaleza a maioria do eleitorado é feminino.

No Estado, mais da metade dos cerca de 6,5 milhões de eleitores aptos a votar (52,89%) é composta por mulheres de acordo com dados divulgados em agosto pela Justiça Eleitoral. Na Capital a predominância é ainda maior, com mais de um milhão de mulheres no colégio eleitoral com 1,8 milhão de pessoas.

Não à toa os partidos apresentam estratégias que consideram o peso do voto deste segmento e a problemática da sub-representatividade feminina na realidade político-partidária. Entretanto, discute-se, e cobra-se, que essa representação seja mais efetiva. Com candidatas mulheres em cabeças de chapa, por exemplo.

Paula Vieira, pesquisadora vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC) destaca que o estímulo para que mulheres entrem no campo político-partidário ocorre há décadas, mas que em 2009, com a definição da cota de 30% de candidaturas por gênero, houve aceleração do processo.

Ela aponta para a necessidade de que haja essa preocupação na política para além da regra eleitoral. "Os partidos precisam ter em sua formação, nos diretórios, a participação de mulheres". Tornando as candidaturas o ápice de um processo de formação continuada".

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A pesquisadora avalia que a "intensificação de mulheres nas vice-candidaturas", vista há dois anos, também está atrelada aos recursos para a campanha. "Nas disputas majoritárias é interessante que haja uma mulher na candidatura pois possibilita acesso às verbas exclusivas para o segmento", pontua.

Entretanto, a professora salienta que a utilização desse mecanismo não deve ser tomada como problema. "Não é negativo que elas ocupem os espaços. De forma alguma deve ser considerado como 'representação por representação', senão estaríamos descredibilizando o preparo das próprias mulheres. O que pode-se levar como problematização é o fato delas quase sempre estarem postas como vice", explica.

Paula Vieira destaca ainda que é necessário ter cautela ao reproduzir discurso que sugere desinteresse feminino sobre o tema. "A presença delas em chapas majoritárias não é mera estratégia. É uma possibilidade estimulada por regras e leis eleitorais que garantem a participação de mulheres, de todos os espectros políticos na política. É necessário aprofundar o olhar", conclui.

 

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