Após aliança de última hora com o MDB do ex-senador Eunício Oliveira, o Solidariedade homologou ontem candidatura do deputado Heitor Férrer para prefeito de Fortaleza. A vice da chapa ficou com Walter Cavalcante (MDB). Destacando peso e estrutura de emedebistas no Ceará, Férrer diz que candidatura ganha "perfil de disputa muito grande" com a adesão.
"O Eunício foi muito buscado, como uma noiva muito disputada. Até pelo lastro que o MDB tem, pela estrutura e musculatura que ele dá a qualquer candidatura. A minha candidatura toma agora um perfil de disputa muito grande, porque vou ter no meu entorno deputados, vereadores e uma estrutura partidária, além da vontade do Eunício de ser vitorioso", disse ao O POVO.
Heitor Férrer nega, no entanto, que a aliança represente uma mudança ou contradição de sua postura política. Nas outras três vezes que disputou pela Prefeitura, ele sempre destacou perfil independente, sem "padrinhos" ou grandes máquinas. "Eunício não é padrinho meu, não quer isso e não há discussão de dividir cargos, secretarias nem nada. Ele é um aliado", diz.
O deputado, que chegou a quase tirar Roberto Cláudio do 2º turno da disputa de 2012 com 262,2 mil votos (ficando apenas 2,3% atrás do prefeito), diz que quer representar uma alternativa à polarização em Fortaleza. "Não somos dos extremos. Estamos onde está a lucidez, a sensatez, o equilíbrio. Queremos pavimentar o centro, sair dessa polarização".
Convenção do MDB que confirmou apoio ao Solidariedade foi realizada na manhã de ontem. Líder maior da sigla, Eunício não compareceu ao evento em si, mas fez participação online de sua residência, ao lado de Heitor.
Alinhado com o bolsonarismo no Ceará, o ex-vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, não participou do evento.
Pela tarde, o Solidariedade fez rápida cerimônia, virtual e fechada para filiados, com participação do presidente nacional da sigla, Paulinho da Força (SP).
Até o último domingo, 13, o apoio do MDB era disputado por pelo menos dois outros candidatos além de Heitor na disputa: Luizianne Lins (PT) e Capitão Wagner (Pros). Com uma das maiores bancadas da Câmara Federal em 2018, com 34 deputados, os emedebistas estão entre os partidos com maior acesso ao Fundo Eleitoral e ao tempo do Horário Eleitoral Gratuito, pontos estratégicos para uma campanha curta como a deste ano.
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Nos bastidores, se fala até que o ex-presidente Lula (PT), de quem Eunício foi ministro, teria tentado intervir em prol de uma parceria MDB e PT na Capital. Procurado pela reportagem, o líder emedebista não ofereceu resposta.
Sobre seu futuro plano de governo, Férrer afirma que terá "três eixos": saúde, moradia e criação de empregos. "Vou trazer entidades médicas e profissionais para fazer uma discussão técnica. Não é possível que se gaste 30% do orçamento em saúde como se faz hoje, e a saúde ainda ser um caos". Ele prometeu ainda "um grande programa de moradia popular".
"Vamos levar o cimento aplicado na Aldeota e no Meireles para as periferias. A felicidade que reina no Meireles, nas Dunas, na Aldeota, está diretamente ligada à felicidade da periferia vulnerável. Temos que equilibrar esse desequilíbrio", diz. Heitor prometeu ainda "sentar com a iniciativa privada" para gerar empregos e rever a lei dos alvarás aprovada na atual gestão.
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