O deputado estadual André Fernandes (Republicanos) retornou ao plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), ontem, pressionando José Sarto, presidente da Casa e candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza. Já no fim da sessão, o bolsonarista foi à tribuna reforçar a tese de desequilíbrio no tratamento dos casos dele, suspenso por encaminhar denúncia infundada contra Nezinho Farias (PDT) ao Ministério Público do Ceará (MPCE), e de Bruno Gonçalves (PL).
Gonçalves teve áudio vazado no qual tenta cooptar a ida de Maninho Palhano para o PL, legenda da base do prefeito Roberto Cláudio (PDT), de modo a facilitar a reeleição da mãe à Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), Marta Gonçalves (PL).
"Por que comigo disse que era algo sério, que precisava ser tratado de maneira célere. E quando se trata de algo envolvendo corrupção, o presidente não se manifesta a favor de nenhuma punição, pelo contrário, sai em defesa sem ter sequer nenhuma perícia (no áudio)?", questionou Fernandes antes de deixar o plenário.
Ele tomou como base entrevista de Sarto à Rádio O POVO CBN em 12 de agosto, quando o então pré-candidato trabalhista respondeu que o áudio de Gonçalves havia sofrido edição e que teria de ser averiguado.
Fernandes fez menção ainda ao encontro de Sarto na última quarta-feira, 23, com candidatos à Câmara pelo PL, com as presenças de Gonçalves e Acilon, prefeito de Eusébio e pai do deputado. O clima eleitoral estressou ainda mais um debate naturalmente tenso.
A base do Governo se ergueu na defesa de Sarto. Em sala próxima ao plenário, membros da Mesa conversaram alguns minutos antes de iniciarem reação. O primeiro dado oferecido como resposta foi o tempo do processo dele, que teve prazos esgotados e durou mais de um ano, um modo de dizer que o parlamentar teve amplo direito de defesa.
Sarto ensaiou ida ao plenário antes da fala do opositor, conforme O POVO apurou, o que terminou não fazendo. Àquela hora presidindo a sessão, Acrísio Sena (PT) afirmou que o colega "patrocina a mais ampla democracia" interna. O 1º secretário da AL-CE, Evandro Leitão (PDT), falou em vitimização de Fernandes. "Temos que assumir nossas ações e não querer passar para a sociedade que está sendo vítima de perseguição", bradou.
ACRÍSIO saiu em defesa do presidente da AL-CE dizendo que ele promove "ampla democracia interna"
Líder do governador Camilo Santana (PT) na Assembleia, Augusta Brito (PCdoB), que atuou como relatora do processo que terminou com a sanção de suspensão a Fernandes, argumentou que "em nenhum momento" recebeu o pedido do presidente para "condenar ou absolver, nenhuma interferência." E emendou: "Eu sou testemunha real da total imparcialidade dele nesse caso e acredito que nos demais que vão tramitar também."
Indagado por O POVO já prestes a deixar a Assembleia, Fernandes destacou que somente citou falas de Sarto sobre o caso dele. "Se no meu caso ele disse que era algo grave e no caso do Bruno ele disse que provavelmente foi edição, é porque teve disparidade." Ele seguiu: "Quem disser que acusei (de parcialidade) é mau caráter."
Procurada, a assessoria de Sarto respondeu que ele não iria se manifestar. O ouvidor do Conselho de Ética, Romeu Aldigueri (PDT), afirmou ao O POVO em 19 de agosto que os envolvidos em processos internos teriam até 24 de setembro para apresentar defesa prévia.
Aldigueri não respondeu mensagens do O POVO ontem. Além de Fernandes e Gonçalves, Leonardo Araújo (MDB) e Osmar Baquit (PDT) são alvos de processos. À exceção da defesa de Baquit, as demais foram apresentadas. A defesa prévia não é obrigatória.
Mesa
2º vice-presidente da Casa, Danniel Oliveira (MDB) destacou a importância de que a Mesa Diretora lidere esforço conjunto no sentido de reforçar, pelo convencimento, a importância da assiduidade dos deputados mesmo em meio ao período eleitoral
Presença
Diferente do que ocorreu na semana passada, a Assembleia Legislativa registrou ontem presença significativa de deputados. De 46 parlamentares, o número de presentes chegou a 32