O deputado federal e candidato à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner (Pros), já havia dito outras vezes que não liderou, participou ou apoiou o motim de parte da Polícia Militar do Ceará (PMCE), em fevereiro deste ano. Mas foi ontem que o governador do Estado, Camilo Santana, (PT) saiu do comedimento habitual para se dirigir ao adversário de maneira mais enfática.

O petista disse ser mentirosa a fala do militar da reserva ao Sistema Verdes Mares na última terça-feira, 13, quando disse não ter apoiado o movimento paredista.

"Não é verdade", afirmou Camilo, para quem Wagner "tanto liderou o motim de 2011 como teve participação direta nesse último motim, que teve clara motivação política para desorganizar a segurança do Ceará."

Ele seguiu: "Capitão Wagner participou ativamente de manifestações com encapuzados, discursou no Batalhão dos amotinados e teve seus aliados na linha de frente, todos integrantes de seu grupo político e candidatos ao seu lado."

O governador sublinhou ainda que o candidato de oposição "defendeu abertamente anistia para quem praticou crimes", demanda para a qual a resposta do Palácio da Abolição foi negativa.

"Foi um dos atos mais covardes já praticados contra a população por uma minoria de policiais que não representavam a grande maioria", frisou Camilo, encerrando com a afirmação de que a "população precisa saber da verdade."

O governador é o primeiro membro do grupo pedetista liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes a "bater" abertamente em Wagner, numa campanha que até então registrava temperatura política amena entre adversários.

Publicada ainda na manhã de ontem nas redes sociais, a mensagem dele foi somente o início de uma saraivada de críticas das quais Wagner seria alvo durante o dia. Em resposta a Camilo, o candidato do Pros afirmou que o objetivo central dele é o de debater os problemas da Capital.

"O grupo que está no poder, meio que desesperado, está me chamando para o ringue", disse Wagner ao O POVO, "mas não é no bate-boca e na baixaria que a gente vai decidir a eleição, a gente vai decidir a eleição é no argumento, no projeto".

Nas redes sociais, o candidato seguiu sendo contraponto a Camilo e aliados, inclusive no tom da reações, desviando-se do confronto. "Desejo ao governador (infectado por Covid-19) o pronto restabelecimento da sua saúde. Nossa campanha tá linda e alegre. Não vou para um embate que não foque as soluções para os problemas de Fortaleza."

Enquanto isso, as palavras de Camilo eram endossadas por Roberto Cláudio, José Sarto, Élcio Batista e Cid Gomes. No Horário Eleitoral Gratuito, inclusive, o prefeito falou de um Sarto presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) que, ao lado do governador, contornou a crise de segurança pública de 13 dias.

Naquele espaço RC não se dirigiu diretamente a Wagner, embora o recado estivesse dado nas entrelinhas. Diferentemente do que fez ao respostar Camilo.

"Tem candidato que em época de eleição faz de tudo para confundir o eleitor e a população não pode se deixar levar pelo oportunismo político de Capitão Wagner, que não se importou em colocar vidas em risco", escreveu o gestor da Capital.

Sarto, por sua vez, escolheu não mencionar o adversário no texto publicado, concentrando-se mais em apoiar as palavras do aliado.

"A verdade deve pautar o debate eleitoral. E o governador Camilo Santana está ao lado da verdade", anotou o candidato. Sarto disse que para ser prefeito é necessário haver "franqueza e compromisso com o eleitor."

Acostumado a não economizar em adjetivos quando o assunto é Wagner, Cid somente republicou o que Camilo havia exposto, sem comentários. Ciro, que se trata após diagnóstico positivo para Covid-19 revelado na última terça-feira, 13, nem isso. (colaborou Henrique Araújo)

Desejo ao Governador @CamiloSantanaCE o pronto reestabelecimento da sua saúde! Nossa campanha tá linda e alegre. Não vou pra um embate que não foque as soluções para os problemas de Fortaleza. Dia 15 de Novembro pode votar 90 e confirmar.

— Capitão Wagner (@capitao_wagner) October 14, 2020