Ainda sem manifestação de Luizianne Lins, o PT de Fortaleza oficializou ontem apoio a José Sarto (PDT) no 2º turno na Capital. Em evento na sede do partido, líderes de diversas correntes petistas destacaram, mais do que apoio ao pedetista, prioridade da sigla em derrotar candidaturas ligadas a Jair Bolsonaro (sem partido) na eleição.
"Nós nos sentimos na responsabilidade política, na obrigação moral, de derrotar o fascismo, de derrotar o seu representante nesta eleição, que é o (Capitão) Wagner", diz o vereador Guilherme Sampaio (PT). Mesmo estando hoje na oposição a Roberto Cláudio (PDT), ele destacou necessidade de uma "frente ampla" de partidos "em defesa da democracia".
Encontro de ontem reuniu desde petistas mais próximos do governador Camilo Santana (PT) e que já defendiam composição com o PDT desde o primeiro turno, como o deputado Acrísio Sena, até alas mais fieis a Luizianne no partido, como o vereador Ronivaldo Maia. A petista, no entanto, não participou nem enviou representante oficial ao ato "selando" o apoio.
"O partido compreende o momento da Luizianne, que não é a hora de ela falar, e está esperando momento até para conversar mais com ela. É ela quem definirá a hora disso (...) mas há uma urgência em se lidar com essa questão do bolsonarismo", diz o deputado estadual Elmano de Freitas. "Mas foi unânime a decisão, o grupo dela também votou", destaca.
"Vamos construir um 'Ele Não' contra o fascismo e a misoginia também em Fortaleza", diz a vereadora Larissa Gaspar.
Presente na sede do PT Fortaleza, José Sarto reconheceu ter "eventualmente feito uma crítica" a Luizianne e admitiu ainda não ter feito contato direto com a deputada. "Até para esperar decantar o sentimento, porque foi uma campanha acirrada". Apesar disso, o pedetista disse nunca ter feito ataques pessoais à petista e que espera "virar a página" nos ataques.
"Quero registrar que nosso debate era político. Eu jamais fiz ataques pessoais, até porque respeito muito, e disse isso desde o primeiro momento, a trajetória da Luizianne. E disse que votei nela na reeleição. A gente está procurando virar páginas, avançar, olhar para o futuro. Quem faz política olhando para o retrovisor, não constrói", disse. "Citando Belchior, o passado é uma roupa que não nos serve mais. Queremos pensar para a frente", disse.
Durante o evento, lideranças petistas destacaram que o apoio não significa uma adesão à base aliada de um eventual governo de Sarto. Hoje, o partido faz oposição a Roberto Cláudio. "Nós não temos acúmulo nenhum na nossa discussão interna de ser base de uma eventual administração do PDT. Só entendemos que precisamos defender um bolsonarismo".
Petistas também destacaram que a situação não é a mesma que em 2016, quando o partido permaneceu neutro em Fortaleza durante 2º turno entre Roberto Cláudio e Wagner. "O Wagner fez uma escolha política, que foi a de se associar à extrema-direita e ao Bolsonaro. Não foi o PT quem mudou ou fez isso, foi ele. O Wagner que nos apoiou lá em 2012, que procurava o Lula, não é o Wagner de 2020, que está com esse pessoal todo do bolsonarismo", diz Elmano.