Embora o prefeito eleito José Sarto (PDT) ainda evite publicamente o assunto, já estão a pleno vapor especulações sobre a composição da futura equipe de seu governo em Fortaleza. Com perspectiva de fechamento oficial do primeiro escalão entre o Natal e o Réveillon, já circulam nos bastidores nomes de possíveis secretários dados como "favoritos" entre partidos aliados.
Segundo O POVO apurou, escolhas do "núcleo duro" da gestão, incluindo pastas como Chefia de Gabinete, Secretaria do Governo (Segov), Secretaria das Finanças (Sefin) e Procuradoria-Geral do Município (PGM), já estariam adiantadas.
O atual secretário de Governo de Roberto Cláudio (PDT), Samuel Dias (PDT), é dado como certo em uma dessas vagas.
Outro nome apontado é o de Rodrigo Martiniano Ayres Lins para a PGM. A indicação é vista como "lógica", uma vez que ele atualmente exerce o cargo de procurador-geral da Assembleia Legislativa (AL-CE) por indicação de Sarto.
O movimento repetiria o que foi feito em 2012 por Roberto Cláudio, que levou José Leite Jucá da Procuradoria-Geral da Assembleia para a da Prefeitura.
Outro palpite entre aliados é a manutenção, pelo menos no início da gestão, das atuais titulares de secretárias da Saúde e da Educação de RC, Joana Maciel e Dalila Saldanha. A permanência das duas é vista como estratégica para o governo, uma vez que as pastas são as que estão hoje mais diretamente ligadas a ações ainda em andamento de enfrentamento da pandemia de coronavírus na Capital. Apesar disso, Sarto teria pedido indicações a aliados de nomes ligados à área da saúde.
Outras pastas, que envolvem negociação maior com aliados, são mais complexas e devem ser resolvidas apenas após início do recesso legislativo. Líderes ouvidos pelo O POVO afirmam que, até agora, Sarto ainda não concluiu o processo de escutar demandas de todas as bancadas aliadas, o que deve continuar até o fim de dezembro.
Em passagem pela Câmara Municipal na manhã de ontem, José Sarto evitou antecipar qualquer decisão sobre o secretariado. Ao ser questionado sobre a divulgação dos nomes, desconversou: "31 de dezembro", disse, aos risos. "Até a última semana de dezembro estamos pensando em nomes. Mas nome é o que menos importa, nesse processo temos que definir perfis e políticas que vamos tocar", disse.
Em entrevista coletiva, Sarto se queixou do pouco tempo que teve para a transição. "Esse ano a transição teve menos de um mês para acontecer. Atipicamente, normalmente demorava três meses, mas fazendo em um mês. Até pelo adiamento da eleição, assim porque eu, na qualidade de presidente da Assembleia, tive outras atribuições no Legislativo", disse.
"Mas queremos definir perfis e políticas, definir qual é a nossa intenção, que é dar continuidade, dar cabimento, ao que nós nos comprometemos com o povo de Fortaleza", diz.
Seguindo a transição, Sarto embarca hoje para Brasília com o prefeito Roberto Cláudio e parte do Comitê Municipal de Gestão por Resultados e Gestão Fiscal de Fortaleza (Corgerfor). Estão na agenda reuniões com o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco de Desenvolvimento da América Latina e uma série de órgãos federais.
As reuniões tratam de empréstimos e financiamentos que devem passar do atual prefeito para a próxima gestão. Amanhã, a equipe de transição entre as gestões RC e Sarto deve concluir "raio-x" da gestão, que servirá de base para a definição dos demais membros da equipe.