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Assembleia aprova urgência para Estado de Calamidade
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Assembleia aprova urgência para Estado de Calamidade

Foi um dia tenso, com protestos devido aos efeitos econômicos das novas medidas do governo
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Novo decreto do governador Camilo Santana, com restrições ao funcionamento  de vários setores depois das 20 horas, motivou protestos e Fortaleza (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Novo decreto do governador Camilo Santana, com restrições ao funcionamento de vários setores depois das 20 horas, motivou protestos e Fortaleza

A Assembleia Legislativa teve ontem um dia tenso de debates em torno da crise da Covid-19 no Ceará. Durante a manhã e início da tarde, discussões pautaram sobretudo prorrogação do estado de calamidade social do Estado, além da adoção pelo governo Camilo Santana (PT) de horários mais rigorosos para medidas de isolamento social em Fortaleza.

As discussões ocorriam enquanto o governo tentava aprovar regime de urgência para o projeto que prorroga o estado de calamidade, o que facilita a compra de insumos para o combate à crise. A sessão chegou a ser suspensa por falta de deputados no plenário, mas foi retomada após reuniões entre base e oposição e a urgência acabou sendo aprovada por volta das 13h.

"Nós já estamos lidando com essa pandemia há muito tempo. Já deu tempo para o governo aprender a lidar com isso sem necessidade desse Estado", disse Dra. Silvana (PL), uma das vozes contrárias à medida. Corroborando com a deputada, Delegado Cavalcante (PSL) apontou que o regime de calamidade pode prejudicar a fiscalização de gastos do governo.

A fala de opositores foi rebatida por diversos membros da base aliada, que argumentam necessidade da medida para o caso de um crescimento repentino de casos no Estado. Mesmo sendo também integrante da oposição, Heitor Férrer (SD) rebateu Cavalcante: "Quero saber se o senhor poderá ser cobrado caso o Estado fique sem conseguir comprar equipamentos no caso de uma emergência", disse, lembrando do colapso do sistema de saúde de Manaus.

Depois de a sessão da Assembleia ser levantada, integrantes da oposição se reuniram com o líder do governo, Júlio César Filho (PDT), nas galerias da Casa. Pela manhã, manifestantes contrários ao novo horário de funcionamento para serviços não essenciais no Estado foram até a Assembleia e exigiram intermediação entre categorias, como a de músicos, e o governo.

A decisão do governo Camilo, que antecipou para 20h o horário de funcionamento de diversos estabelecimentos, foi também pauta de boa parte da sessão desta quinta-feira. "São mais de seis mil estabelecimentos na Capital e 20 mil no interior do Estado, e pelo menos 40% deles fechou durante o lockdown do ano passado. Alguma coisa precisa ser feita pois são milhares de empregos que são perdidos", disse Delegado Cavalcante.

Júlio César Filho rebate, destacando possibilidade de circulação de uma nova variante da Covid-19, e que a prioridade do governo é salvar vidas. "É preciso agir com muita cautela nesse momento e, certamente, haverá críticas. Vamos ouvir os manifestantes e esperamos encontrar soluções imediatas, mas as medidas tomadas pelo Governo do Estado são necessárias, embasadas cientificamente, e apesar de impopulares, são importantes para preservar a vida da população".

Estiveram na Assembleia, entre outros, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto. O protesto tinha tema "Camilo, a culpa não é nossa" e provocou intensa concentração no entorno da Assembleia. Eles criticavam caráter súbito da decisão do governo, sem diálogo nem contrapartida para os grupos.

 

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