Logo O POVO+
Pazuello cita suspeita de Covid para não ir à CPI
Politica

Pazuello cita suspeita de Covid para não ir à CPI

Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello havia sido convocado paranprestar depoimento nesta quarta-feira. General afirma que teve contato com militares infectados
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
GENERAL foi flagrado sem máscara semana passada em um shopping em Manaus (Foto: Jaqueline Bastos/Arquivo Pessoal)
Foto: Jaqueline Bastos/Arquivo Pessoal GENERAL foi flagrado sem máscara semana passada em um shopping em Manaus

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello alegou que pode ter contraído novamente coronavírus e, por isso, não vai comparecer nesta quarta-feira, 4, à CPI da Covid, no Senado. O depoimento do general, o mais aguardado até agora, foi adiado para o dia 19.

Ao justificar o motivo para desmarcar o compromisso, Pazuello disse ter estado, no fim de semana, com dois coronéis diagnosticados com Covid. Nos bastidores, generais ligados ao Comando-Geral disseram não saber quem são esses auxiliares de Pazuello.

A exposição do ex-ministro na CPI e sua falta de traquejo político preocupam tanto o governo como as Forças Armadas. Nos últimos dias, Pazuello recebeu um treinamento intensivo no Palácio do Planalto, que incluiu media training com perguntas e respostas. O general deixou o governo em março e, na despedida, disse que se recusou a atender a pedidos de "pixulé" encaminhados por uma "liderança política".

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ministros militares temem que Pazuello não aguente a pressão da CPI e acabe se "atrapalhando". No Planalto também há o receio de que o general saia preso do depoimento. O Ministério Público Federal apresentou, recentemente, ação de improbidade administrativa contra Pazuello por omissão no desabastecimento de oxigênio no Amazonas.

À reportagem, oficiais do Exército disseram que a Força não participou do treinamento feito com o ex-ministro, no Planalto, para responder às perguntas de senadores na CPI. Em um ofício encaminhado ao general de Divisão Francisco Humberto Montenegro Junior, Pazuello relatou o contato com auxiliares que tiveram Covid. Depois, sugeriu que seu depoimento no Senado fosse por videoconferência ou em outra data.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), conversou sobre o episódio, por telefone, com o comandante-geral do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. "Ele teve contato com dois coronéis, neste fim de semana, que estão com Covid. Segundo a informação que eu tenho, ele entrará em quarentena e não virá depor amanhã (hoje)", disse Aziz.

Em outubro do ano passado, o então titular da Saúde contraiu Covid e chegou a ficar internado no hospital DF Star, em Brasília. Apesar de já ter se infectado, existe a possibilidade de reinfecção. Alguns testes para Covid, no entanto, apresentam resultado em uma hora.

Após o anúncio de Aziz, a atitude de Pazuello foi criticada por integrantes da CPI. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que Pazuello foi flagrado na semana passada em um shopping de Manaus, sem máscara de proteção facial. "Ele anda sem máscara e não pode vir à CPI. Vai sem máscara para o shopping e não pode vir à CPI", protestou a senadora.

Testemunha

O depoimento de Pazuello é considerado um dos mais importantes pela comissão, que investiga erros e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia. Substituído pelo médico Marcelo Queiroga, o general fez acusações ao deixar a Saúde, admitindo até a existência de esquema de corrupção na pasta.

Na avaliação de senadores, Pazuello foi responsável pelo agravamento da pandemia. O ex-ministro é um dos alvos de Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI. "Guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas bélicas ou sanitárias. A diretriz é clara: militares nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa", disse Renan na instalação do colegiado.

Pazuello foi convocado na condição de testemunha. A estratégia foi adotada pelos senadores para evitar que ele recorresse à Justiça para ficar em silêncio, sob alegação de que tem o direito de não produzir provas contra si mesmo. Como testemunha, porém, o ex-ministro é obrigado a comparecer e dizer a verdade. Mentir é considerado crime, com pena prevista de até quatro anos de prisão.

O que você achou desse conteúdo?