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Sob desconfianças, Ciro faz jogada para manter candidatura viva
Politica

Sob desconfianças, Ciro faz jogada para manter candidatura viva

| ELEIÇÕES 2022 | O pré-candidato do PDT a presidente anuncia que fará hoje "forte discurso", em convenção que o partido faz hoje para lançar a pré-candidatura e tentar consolidar Ciro na disputa
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Ciro Gomes vive momento decisivo para a candidatura e a carreira política (Foto: Evaristo Sá/AFP)
Foto: Evaristo Sá/AFP Ciro Gomes vive momento decisivo para a candidatura e a carreira política

Após contornar resistências no próprio partido, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) lança hoje, ainda sob desconfiança interna, a pré-candidatura a presidente da República. Após reunião com a Executiva na segunda-feira, 17, parte do PDT unificou o discurso de apoio ao nome de Ciro e tem dito que a convenção afastará rumores de isolamento do pedetista. Uma ala, no entanto, insiste em defender que a legenda não tenha candidato próprio e use o dinheiro do fundo eleitoral para investir no aumento das cadeiras na Câmara.

Ciro promete fazer um "forte discurso" no evento, conforme antecipou nas redes sociais. Ele antecipou o slogan da campanha: "Ciro, a rebeldia da esperança". "Esta frase é mais que um slogan, é o lema da minha vida! Há mais surpresas na sexta", avisou Ciro.

O evento pretende ser uma resposta às especulações de que a legenda poderia desistir de lançar Ciro. Pesquisa do Instituto Ipespe divulgada no último dia 14 mostrou Ciro com 7% das intenções de voto para presidente no primeiro turno. Ele aparece atrás do ex-presidente Lula (44%), do presidente Jair Bolsonaro (24%) e do ex-juiz Sergio Moro (9%). Com este último em empate técnico.

Ao fraco desempenho nas pesquisas se soma contra a tese de candidatura pedetista a proibição de coligações nas eleições proporcionais, o que, na avaliação de parlamentares da sigla, abre espaço para a busca por uma federação partidária, como a proposta pelo PT. Ciro resiste.

A cientista política Monalisa Torres, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), apontou que o evento de hoje tem apelo, também, para reforçar a identidade do PDT e do ex-governador Leonel Brizola, cujo centenário é sábado, numa espécie de tentativa de consolidar a imagem de Ciro dentro do próprio partido. "Ele tenta construir estratégias que o tiram do lugar. Aquele Ciro Games (programa semanal nas redes sociais), participação em podcasts, perfis com linguagens específicas. Vejo uma pegada de se comunicar com um público mais jovem", completa.

Torres avalia a escolha da palavra "rebeldia" em seu slogan como modo de tentar descolar dele uma imagem de "arrogância e autoritarismo". A ideia, segundo ela, é passar a imagem de que Ciro não é autoritário, mas rebelde.

Cleyton Monte, professor vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), projeta que o evento servirá como forma de tentar convencer partidos de grande porte a unirem-se ao projeto de Ciro. "Nesse momento, muito mais do que convencer o eleitorado, ele tem de convencer os partidos."

Apesar disso, Monte projeta que, se até fevereiro ou março, Ciro continuar com índice similar ao atual, ele irá "marchar sozinho". "Dificilmente partidos de grande porte vão colocar seus recursos à disposição de uma candidatura que não atinge dois dígitos. Monte considera ainda que, apesar de a pré-candidatura não ter nada de oficial, serve para reverberar. "Não é registro, nem convenção oficial estabelecida pela Justiça Eleitoral, mas existe para criar um fato político, repercutir e tentar criar uma unidade em torno daquele nome", explica. (Com Agência Estado)

 

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