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Bolsonaro e Moro planejam visitas em fevereiro ao Ceará, reduto de Ciro e Lula
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Bolsonaro e Moro planejam visitas em fevereiro ao Ceará, reduto de Ciro e Lula

| Eleições 2022 | Presidente sinalizou que pretende viajar ao Estado e à Paraíba. Ex-ministro tem agenda de três dias no Ceará, entre os dias 6 e 8 de fevereiro
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BOLSONARO pretende fazer a quarta visita 
ao Ceará como presidente (Foto: Alan Santos/Presidência da República)
Foto: Alan Santos/Presidência da República BOLSONARO pretende fazer a quarta visita ao Ceará como presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) planejam visitas ao Ceará no mês de fevereiro. O Estado é governado pelo PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e é reduto eleitoral de Ciro Gomes (PDT), ambos pré-candidato a presidente. O Estado em particular e o Nordeste como um todo são desafios para outros candidatos.

Em 2018, foi o único em que Bolsonaro não ficou nem na segunda colocação. Foi o terceiro, atrás de Ciro e Fernando Haddad (PT). O Nordeste é o segundo maior colégio eleitoral do País, atrás apenas do Sudeste. Desde a primeira eleição de Lula, em 2002, os petistas saíram vitoriosos na região em todos os pleitos para presidente.

Em conversa com apoiadores nessa terça-feira, 18, Bolsonaro sinalizou que viajará em fevereiro à Paraíba e ao Ceará. "Vou estar no mês que vem na Paraíba e acho que Ceará também", disse o chefe do Executivo a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Conforme o colunista Carlos Mazza, a intenção do presidente é visitar a barragem da transposição do rio São Francisco em Jati. Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, já tem agendada visita de três dias ao Estado, de 6 a 8 de fevereiro.

Na semana passada, em duas entrevistas, Bolsonaro fez menções ao Ceará. À TV Jovem Pan, disse que governadores petistas na Bahia e no Ceará fizeram "algo de assombrar" em seus estados. Já à rádio Uirapuru Jaguaribana, defendeu a mudança no governo e na bancada de deputados do Estado para mudar a segurança pública. E reafirmou o apoio a Capitão Wagner (Pros) para governador.

 

Desde que recebeu alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou internado com um quadro de obstrução intestinal no começo de janeiro, o presidente tem feito acenos às suas principais bases eleitorais e reciclado ataques contra as instituições. Pressionado pelo efeito eleitoral da alta da inflação, também voltou a criticar a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos Estados, considerado por ele como o "vilão" do preço dos combustíveis no País.

Agora, Bolsonaro mira em um público que costuma votar no PT e, principalmente, em Lula: a população mais pobre do Nordeste. Como trunfo para conquistar esse eleitor, o presidente tem o Auxílio Brasil de R$ 400, que substituiu o programa de transferência de renda Bolsa Família, dos governos petistas. 

Na última sexta-feira, 14, Bolsonaro já havia citado o Auxílio Brasil em um aceno aos eleitores do Nordeste. Durante a mesma entrevista à rádio Uirapuru Jaguaribana, disse que seu governo se resume em "auxílio, obras e pautas conservadoras". O presidente também aproveitou para atacar Lula e partidos de esquerda.

Em 6 de janeiro, um dia após sair do hospital, Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Nova Nordeste, elogiou a região e citou obras locais. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 14 de dezembro, Bolsonaro alcança 67% de rejeição no Nordeste, acima dos 60% no Brasil como um todo. 

Agenda

Na semana seguinte à alta hospitalar, em tentativa de recuperar popularidade, Bolsonaro reservou sua agenda para entrevistas - a maioria a órgãos de imprensa alinhada ao governo - participação em culto evangélico e a presença em partida de futebol organizada por cantores sertanejos. A nova postura do presidente ocorreu ao mesmo tempo em que ele estava enfrentando dificuldades para se defender de críticas nas redes sociais, seu principal canal de contato público.

De 6 a 13 de janeiro, Bolsonaro voltou a criticar os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, seus alvos prediletos no Supremo Tribunal Federal (STF), escalou o conflito com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em torno da vacinação infantil contra a Covid-19 e usou a inflação de 10,67% de 2015, no governo da petista Dilma Rousseff, para justificar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10,06% em 2021.

Críticas a adversários

Ontem, Bolsonaro também fez uma crítica velada ao ex-ministro Sergio Moro. "Depois da saída de um cara que estava na Justiça, não vou falar o nome dele aqui, eu acho que quintuplicou a apreensão de drogas", afirmou a apoiadores.

Em 10 de janeiro, o Bolsonaro já havia criticado o ex-juiz da Lava Jato. Em entrevista exibida naquele dia pela rádio Jovem Pan, questionou se Moro entrou no governo em 2019 com o objetivo de se preparar para concorrer a presidente.

"Ele foi no meu governo para fazer um trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato à Presidência da República? Têm três alternativas. Não deu certo, tirei ele fora, tinha que tirar", declarou.

Sobre Lula, Bolsonaro tem dito que o petista quase "quebrou" a Petrobras e pode voltar à "cena do crime" junto com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que negocia uma aliança para ser vice na chapa do PT.

"Muitos de vocês, a maioria de vocês que trabalham comigo poderiam estar muito bem fora (na iniciativa privada), mas estão aqui dando a sua cota de sacrifício, ajudando esse Brasil aqui a, realmente, vencer essa crise aqui, que se encontra no momento, e fazer também com que não volte para as mãos de bandidos, canalhas, que ocupavam esse espaço aqui para assaltar o País para um projeto de poder", declarou Bolsonaro, durante o lançamento de linhas de crédito para o setor de Aquicultura e Pesca no Palácio do Planalto, em 12 de janeiro.

Pesquisa

Na pesquisa Ipespe mais recente, Lula obteve 44% das intenções de voto para o primeiro turno da eleição. Bolsonaro veio em segundo lugar, com 24%. Moro figurou em terceiro, com 9%, e Ciro, em quarto, com 7%. Na simulação de segundo turno, Lula teria 56% dos votos totais e Bolsonaro, 31%. Em um cenário com Moro e Bolsonaro no segundo turno, o ex-ministro teria 36% e o presidente, 29%.

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