P ela primeira vez na história, o Ceará tem uma governadora mulher efetivamente no poder. Izolda Cela (PDT) tomou posse na tarde de ontem, 2, em solenidade na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), onde passou a tropa em revista, foi recebida por deputados estaduais e fez juramento solene. Posteriormente, ela deslocou-se ao Palácio da Abolição para a transmissão do cargo, em cerimônia festiva da qual também participou o agora ex-governador Camilo Santana (PT).
Após ser empossada, Izolda discursou na tribuna da Casa. Em sua primeira fala, defendeu esforços para "um desenvolvimento com inclusão social e com respeito às pessoas". Para ela, o fato de que o Ceará teve a sua primeira governadora mulher somente em 2022 mostra como se faz necessário avançar em questões relacionadas à políticas de diversidade.
"Por óbvio, isso (posse dela) fala por si sobre o desafio histórico da trajetória da mulher na ocupação de espaços sociais de liderança, especialmente na política", pontuou, destacando a tarefa que se impõe.
"Eu me sinto extremamente convocada para, junto a todas e todos, vamos precisar de todo mundo para vencer e superar os desafios, aquilo que ainda afeta tão fortemente a vida da mulher, a condição da mulher por ser mulher."
Já no Abolição, onde foi ovacionada por uma multidão que a aguardava, Izolda disse viver o atual momento com "alto sentido de responsabilidade". Após ter defendido a abertura de espaços para mulheres, ela defendeu o papel do Estado na inclusão e promoção da diversidade, para além das questões de gênero.
"Para todas as pessoas que precisam, que merecem, que têm o direito a uma ação comprometida das políticas afirmativas do Estado para a superação de preconceitos, desigualdades e do racismo estrutural que enfrentamos na sociedade", disse.
Vista por vezes como pouco afeita às articulações e com perfil mais gestor, Izolda falou bastante de política e em defesa da importância dela. "Desqualificar a política é uma armadilha usada pelos que têm desapreço ao Estado democrático de direito."
Após defender a técnica como necessidade da administração pública, destacou serem também imprescindíveis as negociações e os apoios. "A boa política exige aliança. Alianças políticas sólidas, duradouras, realistas, mas também generosas", ela afirmou.
"O modelo da boa política que o Ceará oferece pauta-se pela sinceridade. Minha experiência firma meus pés no chão da realidade. Nos desafios, nos constrangimentos orçamentários e nas transformações que não acontecem na velocidade dos nossos desejos, mas essa mesma experiência me enche de convicção sobre a essencialidade da boa política", defendeu.
Nos agradecimentos, Izolda falou em particular dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Ela agradeceu ainda aos seus familiares, em especial ao seu marido, o ex-prefeito de Sobral Clodoveu Arruda (PT), o Veveu. E, falando "em nome dos cearenses", também demonstrou gratidão ao ex-governador Camilo Santana.
A agora governadora é também pré-candidata à sucessão de governo. Caso seja candidata, a eventual vitória se trataria de uma reeleição, a partir de 2023. Portanto, ela não poderia postular novo mandato a partir de 2026. O PDT deve realizar novos encontros regionais neste mês de abril, nos municípios de Sobral e de Itarema, para discutir o cenário eleitoral e as estratégias da sigla.
Izolda foi eleita vice-governadora em 2014, ao lado de Camilo Santana, e reeleita em 2018. Assume o cargo com a renúncia do agora ex-governador, que será candidato a senador nas eleições de outubro. A carta de renúncia foi publicada no Diário Oficial do Estado da última sexta-feira, 1º, na qual ele se dirigia a Izolda: "Meu muito obrigado e o desejo de sucesso na honrosa missão que assume neste momento."