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Primeira mulher governadora do Ceará, Izolda estranhou e resistiu a assumir primeiro cargo público
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Primeira mulher governadora do Ceará, Izolda estranhou e resistiu a assumir primeiro cargo público

Izolda Cela é psicóloga que começou trabalhando com crianças com dificuldade de aprendizagem e enveredou pela pedagogia. Quando foi convidada para o primeiro cargo público, ela estranhou e resistiu: "Tentei me livrar de todo jeito"
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Izolda Cela (Foto: Mauri Melo, em 27 de agosto de 2019)
Foto: Mauri Melo, em 27 de agosto de 2019 Izolda Cela

Pela primeira vez, o Ceará está sob governo de uma mulher. Desde o início da República, foram 68 governos conduzidos por homens. Se contabilizar desde Cardoso de Barros, donatário da capitania do Siará Grande, foram 187 governos masculinos, incluindo os interventores, governos provisórios, excluídos apenas os vices que exerceram mandatos na ausência dos respectivos titulares de mandatos. Depois de séculos, uma mulher se torna titular do governo do Ceará.

Izolda Cela (PDT) já havia se tornado a primeira mulher a assumir temporariamente o mandato de governadora, entre 14 e 20 de agosto de 2015, durante viagem do governador Camilo Santana (PT) aos Estados Unidos.

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho nasceu em Sobral, em 9 de maio de 1960. Sobrinha-neta do pintor sobralense Raimundo Cela, ela iniciou os estudos no colégio Santana e depois mudou para o colégio Sobralense. Ali ela teve as primeiras referências de educação que levaria para as políticas públicas.

"Elas representaram para mim exemplos de escolas que funcionavam bem. O Sobralense, por exemplo, era simples, sem luxo, mas era uma escola muito viva. Fazíamos esporte, arte, teatro, coral. Tínhamos vivências de protagonismos em atividades de solidariedade, humanitárias, como ajudar vítimas de enchentes. Tudo, sem nunca esquecer os estudos. Éramos muito cobrados", disse às Páginas Azuis do O POVO, em 2013.

Formou-se em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e retornou a Sobral. Passou a atuar na área clínica, com crianças com dificuldades de aprendizagens, e também a trabalhar em escolas. No Sobralense, fez acompanhamento da educação infantil.

No fim da década de 1980, fundou com uma amiga pedagoga a escola Arco-Íris, de educação infantil e séries iniciais do ensino básico. A instituição até hoje existe. A partir daí, vinculou-se cada vez mais à educação. Tornou-se professora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

A atuação política começou nos conselhos tutelares, após a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990. Ela integrou a comissão eleitoral que preparou a primeira eleição de conselheiros em Sobral.

A entrada na gestão pública ocorreu no segundo mandato de Cid Gomes como prefeito de Sobral (2001-2004). Ivo Gomes, hoje prefeito, havia sido chefe de gabinete no primeiro mandato do irmão. No segundo, pediu para ser secretário da Educação. E convidou Izolda para ser secretária adjunta. O marido dela, Clodoveu Arruda (PT), conhecido como Veveu, era secretário da Cultura. "Na verdade, eu resisti muito. Estranhei o convite. (...) Tentei me livrar de todo jeito", disse ela, na entrevista às Páginas Azuis.

No fim do mandato de Cid, em 2004, assumiu interinamente como secretária. E foi efetivada no cargo em 2005, quando Leônidas Cristino se tornou prefeito. O marido dela, Veveu, foi eleito vice-prefeito. Ele assumiu a Prefeitura em 2011, para completar o mandato quando Leônidas renunciou para se tornar ministro no governo Dilma Rousseff (PT). Em 2012, Veveu foi reeleito e ficou no cargo até 2016.

Quando Cid assumiu o governo do Estado, a partir de 2007, Izolda foi escolhida secretária da área. Ficou até abril de 2014. Saiu para ser candidata a vice-governadora, cargo que ocupou de 2015 até ontem.

 

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