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Restos mortais são do jornalista Dom Phillips, diz perícia da PF
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Restos mortais são do jornalista Dom Phillips, diz perícia da PF

| Amazônia | Polícia Federal diz que assassinato de Bruno e Dom não teve mandante; Univaja contesta
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POLÍCIA FEDERAL busca terceiro suspeito pelo assassinato de Bruno e Dom (Foto: SERGIO LIMA / AFP)
Foto: SERGIO LIMA / AFP POLÍCIA FEDERAL busca terceiro suspeito pelo assassinato de Bruno e Dom

A Polícia Federal afirmou ontem que restos mortais encontrados na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, são do jornalista britânico Dom Phillips, de 57 anos. Ainda de acordo com a corporação, o assassinato do repórter e do indigenista Bruno Pereira, de 41 anos, não teve um mandante. Dois pescadores já estão detidos por suposto envolvimento no caso, e um terceiro mandado de prisão foi expedido, mas o suspeito não havia sido localizado.

A análise de corpos feita no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, confirmou a identidade do repórter. Os peritos fizeram exames na arcada dentária e usaram técnicas de antropologia forense, que analisa características físicas, como estrutura óssea. A reportagem apurou que o material ainda deve passar por uma análise de DNA para uma terceira confirmação.

"Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos", diz um trecho do comunicado divulgado pela PF. Os peritos trabalham agora na identificação de Pereira, o que deve ser feito por meio de DNA.

Foto divulgada pela Polícia Federal do Amazonas de seu superintendente Eduardo Alexandre Fontes (C) falando durante uma entrevista coletiva em Manaus, estado do Amazonas, Brasil, em 15 de junho de 2022, sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do especialista indígena brasileiro Bruno Pereira(Foto: RICARDO OLIVEIRA / Polícia Federal do Amazonas)
Foto: RICARDO OLIVEIRA / Polícia Federal do Amazonas Foto divulgada pela Polícia Federal do Amazonas de seu superintendente Eduardo Alexandre Fontes (C) falando durante uma entrevista coletiva em Manaus, estado do Amazonas, Brasil, em 15 de junho de 2022, sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do especialista indígena brasileiro Bruno Pereira

Na noite da última quarta-feira, 15, a PF anunciou que Amarildo Oliveira, o "Pelado", havia confessado a morte da dupla, que estava desaparecida desde o dia 5 deste mês. O suspeito apontou aos agentes o local onde estavam os corpos. Os restos mortais foram localizados a cerca de três quilômetros do Rio Itaguaí, em Atalaia do Norte (AM).

Segundo o depoimento de Pelado, a intenção era matar Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), em razão do trabalho desenvolvido por ele para coibir pesca ilegal em terra indígena. Com Pelado, está preso também seu irmão, o pescador Oseney da Costa de Oliveira, o "Dos Santos", por envolvimento no caso.

Mandante

Mais cedo, os investigadores informaram ontem que os assassinos agiram sozinhos e que o crime não teve um mandante. O envolvimento de facções criminosas também foi descartado. O narcotráfico atua naquela região de tríplice fronteira com Peru e Colômbia.

As linhas de investigação foram consideradas inicialmente tanto por causa do trabalho desenvolvido por Pereira, que orientava moradores a denunciar irregularidades nas reservas indígenas, quanto pela presença de traficantes de drogas e armas, caçadores ilegais, madeireiros e garimpeiros na área.

Os policiais federais desconfiam, no entanto, que mais pessoas tenham participado do assassinato. A PF afirmou que, "com o avanço das diligências, novas prisões poderão ocorrer" nos próximos dias.

Tanto que, mais tarde, foi divulgado que havia sido expedido pela Justiça Estadual do Amazonas um mandado de prisão contra Jeferson da Silva Lima, conhecido "Pelado da Dinha", que não fora localizado. Os agentes seguem ainda nas buscas pela embarcação usada por Bruno Pereira e Dom Phillips, com apoio de indígenas da região.

Um manifestante segura uma faixa com o jornalista britânico desaparecido Dom Philipps e o especialista indígena brasileiro Bruno Pereira lendo (Foto: CARL DE SOUZA / AFP)
Foto: CARL DE SOUZA / AFP Um manifestante segura uma faixa com o jornalista britânico desaparecido Dom Philipps e o especialista indígena brasileiro Bruno Pereira lendo

Crítica

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), entidade para a qual Bruno Pereira prestava serviços quando foi assassinado na Amazônia, criticou o fato de a PF ter descartado um crime de mando na investigação. "Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela Univaja em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021", diz um trecho do comunicado divulgado pela entidade.

A manifestação afirma ainda que Pereira se tornou alvo de um grupo criminoso responsável pela invasão de terras indígenas na região. Segundo a Univaja, Pelado e Dos Santos fazem parte dessa quadrilha. A nota relata ainda que outros integrantes da Univaja receberam ameaças de morte.

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