A proposta de reforma administrativa do Governo do Estado agitou a oposição no Ceará. O projeto foi criticado por dois adversários do governador Elmano de Freitas (PT) na eleição do ano passado. O projeto cria secretarias e desmembra pastas existentes.
Candidato pelo PDT, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio afirmou que a mudança administrativa tem finalidade de beneficiar apoiadores da última eleição.
"Um conjunto de novas secretarias executivas também foram criadas dentro de secretarias existentes. O pior é que a proposta tem o claro propósito de atender a compromissos políticos com aliados de campanha. Muitos, inclusive, já foram até escolhidos, antes mesmo dos cargos serem criados", publicou RC, terceiro colocado na disputa de 2022, com 14,14% dos votos válidos, atrás de Elmano — eleito no primeiro turno com 54,02% —, e de Capitão Wagner (União Brasil), que teve 31,72%.
Recém-empossado na Secretaria da Saúde de Maracanaú, Wagner não evitou o debate político estadual e fez crítica em sintonia com o discurso de Roberto Cláidio.
"Ele (Elmano) foi eleito no 1º turno, não precisou nem fazer acordos para o 2º turno, e mesmo assim cria dez secretarias novas para atender interesses de aliados políticos. Incha ainda mais a máquina e alega que vai precisar demitir terceirizados, trabalhadores que muitas vezes já ganham um salário mínimo, um salário muito baixo", disse o capitão.
Porém, Wagner ironizou a crítica de Roberto Cláudio, lembrando que o pedetista também criou novas secretarias durante o mandato em Fortaleza. "Ver ele na rede social fazendo crítica é aquele ditado, muito conhecido pelo povo, que é 'o sujo falando do mal lavado'", acrescentou.
Além da reforma administrativa, Elmano enviou projetos na área econômica, como o aumento do ICMS para produtos e serviço em geral, inclusive combustíveis, energia elétrica e transporte intermunicipal. A alíquota sairá de 18% para 20%. Além disso, haverá redução de incentivos fiscais. Houve também pedido de autorização de empréstimo de R$ 900 milhões do Banco do Brasil para amortização de dívida.
"É uma grande contradição! A velha máxima que é necessário primeiro fazer o "dever de casa" para dar o exemplo não está sendo cumprida. Assim fica difícil mobilizar a solidariedade coletiva da sociedade cearense em torno de sacrifícios tão dolorosos para manter o fundamental ajuste fiscal do Estado", criticou Roberto Cláudio sobre o aumento de carga tributária e o pedido de empréstimo simultaneamente ao aumento da estrutura do governo.
De acordo com apoiadores do governo Elmano, a reforma não representará aumento de despesa de forma significativa.
O PDT não deliberou a posição sobre o governo Elmano, mas Roberto Cláudio está liberado para fazer oposição.
Duas das estruturas desmembradas na reforma contemplarão pedetistas: as secretarias da Pesca e Aquicultura, que terá Oriel Nunes como secretário, e o Desenvolvimento Econômico, que fica com Salmito Filho. Há ainda um terceiro secretário pedetista: Robério Monteiro, da Secretaria dos Recursos Hídricos. Mas, esta não passa por mudança de estrutura na reforma.
Com informações de Carlos Mazza