Presidente nacional e estadual do PDT, o deputado federal André Figueiredo, comentou na manhã desta sexta-feira, 23, a reunião que teve com Cid Gomes (PDT), antes do senador cancelar sua ida ao encontro regional da sigla no dia anterior. Entre as pautas, esteve o desejo de Cid de assumir a presidência do diretório estadual, movimentação apoiada por grande parte dos deputados estaduais e prefeitos.
Figueiredo disse ter ressaltado ao senador que ele era "um grande líder" e era reconhecido na legenda como tal. Ele chamou de obsessão a busca pela presidência e mencionou falas de deputados na tribuna da Assembleia Legislativa (Alece) em defesa do cargo ser ocupado por Cid.
"Ele não precisa da presidência para ser o maior líder do PDT, não precisa. Ele foi por sete anos, desde que entraram em 2015 até 2022, o grande comandante dos pedetistas e eu nunca esperneei por isso porque reconheço nele essa grande liderança", disse.
"Não precisa essa obsessão", continuou, "de ocuparem a tribuna da Assembleia para dizerem só vai solucionar o racha se ele for presidente, acho que é equivocado, eu não tenho apego a essa função, mas é uma missão. Achar que o Cid como presidente vai pacificar o partido? Acho que é uma ideia equivocada, porque temos sequelas da eleição passada", afirmou.
O deputado comentou sobre partes das reunião e confirmou o diálogo sobre a presidência. "Olha senador, não precisa de presidência alguma para ser o grande líder, que todos reconhecem você ser. Ele é um grande líder terá sempre nosso respeito, agora essa obsessão pela presidência do partido é injustificável", justificou.
Foi discutida também a posição do partido de apoiar ou não o governador Elmano de Freitas (PT). Cid quer uma reaproximação, e o grupo de Ciro defende atuar na oposição. O deputado classificou como uma "situação desagradável".
"Uma reunião que começou muito boa, mas que infelizmente, pela questão de ponto de vista que é apoiar o governador Elmano, que é divergente, está levando a gente, para uma situação desagradável", disse.
Era previsto que Cid participasse do evento na noite da quinta-feira, mas o senador cancelou a ida após a reunião com Figueiredo. Conforme antecipou o colunista do O POVO Carlos Mazza, além de não ir, Cid orientou que deputados aliados também não fossem, o que se concretizou. Compareceram apenas nomes ligados ao ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, o ex-ministro Ciro Gomes e justamente Figueiredo.
O deputado não escondeu que a crise se acentuou após a movimentação e subiu o tom ao ponderar que, caso não haja unidade, haverá "enfrentamento" entre as alas. "O PDT vivencia um momento difícil e ontem (quinta) se acentuou isso. Nós temos que lutar até o fim pela unidade, mas se não tiver unidade, o que a gente pode fazer? Vamos para o enfrentamento. Isso é ruim, não posso dizer que estou confortável com toda a situação", disse.
"Talvez seja melhor, digamos assim, resolver a situação cada um ir pro seu lado. Apoiar o governador Elmano, eles já podem apoiar, eu particularmente não tenho nada contra ele, gosto dele, mas o PDT não foi eleito", ressaltou. E teceu comparação com uma guerra e disse: "A virtude de um derrotado é saber reconhecer quem venceu, não aderir a ele".
Com informações do repórter Vitor Magalhães
Ciro prefere Figueiredo ao irmão, Cid Gomes, no comando do PDT Ceará
Em evento regional do PDT, o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) revelou seu apoio e preferência para que o PDT continue sendo presidido pelo deputado federal André Figueiredo, que hoje acumula direções estadual e nacional da sigla. O cargo é pleiteado por seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT), com quem tem evitado contato e está com as relações estremecidas após desavenças na eleição de 2022.
"Se o André hoje tem antagonismos dentro do PDT, acreditem, não é pelos defeitos do André, é pelas virtudes do André, pelo compromisso canino com o PDT. Nós demos a palavra que nós respeitamos as tradições do PDT. André, você conta comigo, nós precisamos de você em nome da unidade do partido”, disse durante o evento.
Em evento regional do PDT, Ciro Gomes (PDT) revelou seu apoio para que a legenda continue sendo presidida pelo deputado André Figueiredo.
— Jogo Político (@jogopolitico) June 23, 2023
O cargo é pleiteado por seu irmão, o senador Cid Gomes pic.twitter.com/EJdY8C6iwe
Ciro citou nominalmente o irmão quando disse ter dado passagem para ele e para o hoje ministro da Educação, Camilo Santana (PT). O pedetista criticou o monopólio de poder no Estado e disse ser uma desafio "contemporâneo".
"Estive sempre muito dedicado a produzir nos quadros nas novas gerações desde quando eu, Ciro Gomes, por opção minha, me tornei inelegível no Ceará para dar passagem ao Cid Gomes, para dar passagem ao Camilo Santana. Nunca foi bom pro Estado do Ceará monopólio de poder, coronel no Ceará nunca foi coisa boa. Esse é que se trata contemporaneamente nosso desafio", afirmou.
Ao ser anunciado no palco, Ciro agradeceu os elogios que recebeu de outras lideranças da legenda, que o chamavam constantemente de "eterno presidente". As falas, para Ciro, seriam para ir "compensando as feridas". No período eleitoral, o ex-ministro disse ter levado uma "facada nas costas" de ex-aliados no Ceará. Entre os alvos das críticas, Camilo Santana, por ter rompido com o grupo e escolhido lançar candidatura do PT ao Governo, e o irmão Cid.
"Tenho que começar agradecendo essas pabulagens, esses elogios generosos que os amigos fazem para a gente para ir compensando as feridas, as cicatrizes e as dores, trato delas com muita tranquilidade", disse.
Ciro também não escondeu sua apoio ao prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), que deve ser lançado como candidato à reeleição. Além de elogiar seu correligionário, ele "desafiou" oponentes a fazerem mais que Sarto.
"Este é o exemplo de um homem sereno, humilde, digno. Eu quero desafiar nossos oponentes para dizer qual deles seria capaz de ter feito mais que o Sarto em qualquer área. Nós reconhecemos os problemas, mas queremos saber quem fez mais, quem é capaz de fazer mais do que a sequência do Roberto Claudio e do Sarto", afirmou.
Racha no PDT: Brizzi diz que André Figueiredo "está se achando" e com "poder acumulado"
O vereador de Fortaleza Júlio Brizzi (PDT) fez duras críticas ao presidente nacional e estadual da sigla, André Figueiredo (PDT). Para ele, o deputado federal tem sido autoritário e arrogante na condução da legenda.
"O presidente do partido, que é presidente nacional, presidente estadual, líder da bancada do PDT e líder do bloco lá no Congresso, agora se fechou num grupo e está tratando com uma certa hostilidade quem não estiver neste grupo", criticou Brizzi. E resumiu: "Está se achando".
Sobre o encontro regional do PDT, realizado em Fortaleza na última quinta-feira, 22, o vereador avaliou que não se tratou de uma mobilização partidária, mas de um ato exclusivamente realizado por uma franja do PDT. "Um partido que era para estar mostrando força no Nordeste, num encontro como esse só mostra que está cada vez mais isolado. É uma pena."
O PDT atravessa momento de divisão em que Figueiredo, Ciro Gomes, Roberto Cláudio e José Sarto estão de um lado, com Cid Gomes e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, do outro.
Cid e Evandro são aliados do ministro da Educação Camilo Santana (PT) e do governador Elmano de Freitas (PT). A coalizão governista deverá ter candidatura à Prefeitura de Fortaleza em 2024, ano em que o nome escolhido deverá medir forças com o provável candidato à reeleição Sarto.
Ainda no PDT, Evandro é um dos cotados para a disputa, assim como a deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins (PT).
Cid e André Figueiredo estiveram reunidos na quinta-feira, 22, antes do encontro do PDT no qual se previa a participação de Cid.
Após a reunião, Cid não foi ao encontro e recomendou que os adeptos de sua ala, entre deputados e prefeitos, fizessem o mesmo, como noticiou o colunista do O POVO Carlos Mazza. Sempre que a questão surge, o senador tem dito que não pretende sair da legenda, mas assumir seu comando estadual.
Figueiredo criticou o que chamou de "obsessão" de Cid pelo comando partidário e disse que, se necessário, irá ao "enfrentamento" contra o ex-governador.
Conforme Brizzi, nessa quinta-feira, 22, Figueiredo saudou a militante Bárbara Imaculada como presidente da Juventude Socialista do PDT, sendo que Bruno Oliveira, segundo o pedetista, ocupa este cargo.
"Uma pessoa boa, é uma menina boa, militante, mas não é a presidente. O Bruno Oliveira já é presidente da Juventude, e a juventude tem um estatuto. Ela tem uma autonomia, né? A própria juventude que escolhe seus membros", disse Brizzi.
E adicionou: "Como presidente nacional, está se achando, com o poder muito acumulado. Talvez está se achando com poderes que ele não tem, né? (...) Então, isso é mais um gesto negativo, autoritário e arbitrário que só faz desunir o partido. Eu lamento muito."
Presidente da Juventude Socialista do PDT, Bruno Oliveira afirmou ao O POVO que a saudação de Figueiredo à militante Bárbara Imaculada como presidente da Juventude Socialista causou "muita surpresa e indignação".
"A Juventude do PDT tem mais de 40 anos de existência e possui estatuto e organização própria, estando em praticamente todos os estados brasileiros com diretórios municipais, estaduais e direção nacional", afirmou Oliveira por escrito.
Oliveira afirma que os movimentos sociais do PDT têm autonomia estatutária, desde que sigam os princípios do PDT. "Pelo nosso estatuto, temos autonomia suprapartidária, apesar de ser fundado sob o espectro do trabalhismo pedetista de Brizola, dessa forma, nos organizamos internamente, sem a interferência de presidente municipal, estadual ou nacional", escreveu.
O POVO entrou em contato com André Figueiredo e Bárbara Imaculada e atualizará essa matéria assim que houver resposta.
RC defende Figueiredo à frente do PDT: "Qualquer movimento contrário é forçação de barra"
O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), defendeu a permanência do deputado federal André Figueiredo (PDT) na presidência do partido no Ceará. RC elencou razões pelas quais Figueiredo deve permanecer na posição e chamou comentários e movimentações contrárias a isso de “forçação de barra”. Declarações foram dadas em evento do PDT na manhã desta sexta-feira, 23, em Fortaleza.
“Há uma condição natural do André continuar presidente (do PDT Ceará). São várias as circunstâncias. A primeira delas é que ele está no exercício de um mandato que só se encerra em dezembro. A segunda é que o André é a única pessoa que dialoga com as tendências distintas que existem dentro do partido. Somente o André é quem tem tido a capacidade de conversar com ambos os grupos”, comentou Roberto.
O ex-prefeito ressaltou ainda a trajetória de Figueiredo dentro da legenda. “André tem histórico partidário mais longo do que qualquer um de nós. Num momento de fraturas e enfrentamentos, é importante buscar essas referências. O André é uma referência”.
RC citou ainda que boa parte do grupo que migrou de outros partidos para o PDT fizeram parte de um “acordo com a presidência nacional, de que o André permaneceria” como presidente.
“São condições sólidas que fazem com que o André tenha legitimidade para continuar presidente. A gente espera que não seja preciso chamar diretório, eu mesmo vi o que aconteceu recentemente, acaba havendo divisão. Isso sempre deixa cicatrizes (...) Repito, cada vez mais convicto com essas reuniões, a presença de membros do diretório nacional, a reafirmação da liderança do André. São sinais muito claros de que qualquer movimento contrário a isso é uma forçação de barra”, concluiu o ex-gestor.
Figueiredo comentou na manhã desta sexta-feira, 23, uma reunião que teve com o senador Cid Gomes nesta semana. O deputado disse ter ressaltado que o senador era "um grande líder" e que era reconhecido na legenda como tal. André questionou a "obsessão" de partidários em ver Cid na presidência do PDT e mencionou falas de deputados na tribuna da Assembleia Legislativa (Alece).
"Ele não precisa da presidência para ser o maior líder do PDT, não precisa. Ele foi por sete anos, desde que entraram em 2015 até 2022, o grande comandante dos pedetistas e eu nunca esperneei por isso, porque reconheço nele essa grande liderança", pontuou.
No primeiro dia de evento do PDT em Fortaleza, na noite da última quinta-feira, 22, Cid Gomes e a maior parte dos deputados estaduais da sigla não compareceram, movimento que escancarou o racha interno que perdura no partido desde as eleições de 2022.