Pré-candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza, a deputada federal Luizianne Lins (PT) afirmou ao O POVO que a relação com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), beira a inexistência. Ela ainda iria adiante sobre a convivência com o ex-governador do Ceará: "Nunca me ajudou em nada do ponto de vista político, assim, efetivamente."
"É uma relação a ser construída, não sei nem dizer direito, porque, na verdade, eu estou onde eu sempre estive. Se houve alguma mudança de lugar, na política, não fui eu que mudei", complementou Luizianne. Aqui, a ex-prefeita reproduziu mesmo raciocínio exposto em discurso feito na plenária do deputado federal José Guimarães, líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, no auditório do Centro Universitário 7 de Setembro.
Ali, em 3 de dezembro de 2023, ela perguntou onde estavam alguns petistas nos momentos mais amargos da trajetória recente da agremiação, notadamente quando da deposição de Dilma Rousseff da Presidência, em 2016, e da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, no âmbito da operação Lava Jato.
Foi o meio pelo qual ela separou petistas orgânicos de apoiadores ocasionais, aqueles cuja adesão a Lula e ao PT ocorre, segundo ela, num momento conveniente: com o PT no Governo Federal e no Governo do Ceará.
Luizianne disputa a condição de candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza sobretudo com Evandro Leitão (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Artur Bruno, assessor especial de assuntos municipais do Ceará, cargo vinculado à Casa Civil do Ceará; Guilherme Sampaio e Larissa Gaspar, deputados estaduais, também são pré-candidatos da legenda petista ao Executivo municipal.
"Agora é que, na verdade, o Camilo se aproxima mais da vivência no PT, nesse último ano de 2022, porque até então nós não tínhamos muito a participação dele efetiva dentro do partido. Basta lembrar que a primeira vez que ele apoiou o PT no primeiro turno foi em 2022. Então, significa que havia, digamos assim, uma certa distância", afirma a deputada federal. Ela pondera que, agora envolvido com a dinâmica partidária, "talvez até agora a gente se aproxime".
A ex-prefeita afirmou que um acordo sobre a escolha da candidatura, com anúncio programado para março deste ano, seria o "melhor dos mundos", mas reconheceu a disputa por prévias como destino mais provável da agitada vida interna petista. Na ausência de um entendimento, ela irá disputá-las.
Indagada sobre meios de as eventuais prévias não se tornarem exclusivamente reflexo do entendimento de dois ou três líderes partidários, o que configuraria um processo artificializado, a parlamentar respondeu que o caminho é "apelar para a sensibilidade destes atores políticos", notadamente Camilo, Elmano e José Guimarães, líder do governo Lula na Câmara dos Deputados.
"Segundo, acreditar na base do PT. Eu sei que vai ser, nós estamos já vendo, já sabendo de lideranças comunitárias, pessoas que são ligadas a nós há muito tempo que estão sendo pressionadas, sendo coagidas e estão ameaçadas", disse Luizianne, adicionando que não iria mencionar os autores nem os alvos das práticas.
"Como isso não virar um processo fraudulento, de fachada, artificial? Isso nós vamos jogar na mão e na consciência dos petistas que são filiados aqui em Fortaleza para fazer isso", adicionou Luizianne, para quem existem meios oficiais de interferência, a exemplo do instrumento da intervenção nacional quando, por exemplo, considera-se que casos paroquiais podem afetar o plano nacional.
Luizianne reforça que o PT tem cinco pré-candidatos dispostos a entrar na disputa. "Não sou somente eu que tenho a responsabilidade de preservar a democracia interna do partido, todos que são pré-candidatos precisam dialogar e saber que o PT é assim. Ninguém entrou no PT desavisado", encerrou.
Luizianne diz que Sarto recebeu prefeitura quebrada e não estava preparado para governar
Deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT) afirmou ao programa O POVO no Rádio nesta sexta-feira, 12, que o prefeito José Sarto (PDT) herdou do antecessor e correligionário Roberto Cláudio uma gestão "quebrada", razão, para ela, que teria realçado o "despreparo" do atual governante para comandar do Executivo municipal.
"O Sarto recebeu a Prefeitura quebrada. Não tinha nenhum projeto andando, não tinha nenhuma obra sendo feita, ou seja, muito diferente de quando eu deixei a Cidade. Então, eu vou botar na conta do José Sarto essa situação que o Roberto Cláudio deixou", disse Luizianne aos apresentadores Jocélio Leal e Juliana Mattos Brito, da rádio O POVO CBN.
"Acho que o Sarto não estava preparado para governar Fortaleza de fato. Ele sempre foi do Legislativo, acho que ele não estava preparado mesmo e ainda por cima recebeu uma Prefeitura quebrada", complementou a ex-prefeita. O atual prefeito teve sete mandatos na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), de 1995 a 2020, e chegou a ser líder do governo Cid Gomes e presidente da Casa.
Luizianne é pré-candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza, a ser disputada neste ano, ao lado de Artur Bruno, assessor especial de assuntos municipais do Ceará, cargo vinculado à Casa Civil do Ceará; Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa; Guilherme Sampaio, vereador licenciado e deputado estadual em exercício, e Larissa Gaspar, deputada estadual.
Ao elencar problemas objetivos da gestão Sarto, Luizianne aponta a iluminação pública de Fortaleza. "Eu tenho análise comparativa do nosso governo com o governo do Roberto Cláudio em gráfico. Fortaleza está escura, gente. Se está escura na Aldeota, se está escura no Centro da Cidade, imagina nos bairros periféricos da Cidade. O que é que é isso? Investimento em iluminação pública", ela criticou.
Ao O POVO, Luizianne disse que houve um pacto de não-agressão entre as candidaturas dela e de José Sarto, em 2020, que não foi respeitado pelos adversários. Antes de as candidaturas estarem postas, ela lembrou que houve tentativa de Camilo de viabilizar candidatura de Nelson Martins (secretário de Relações Institucionais dele e, atualmente, de Elmano) ao Paço Municipal pelo bloco governista.
Nome petista vinculado fortemente a Camilo, seria um meio de PT e PDT saírem juntos na disputa no primeiro turno daquele ano, quando as duas agremiações mantinham aliança em nível estadual. "Não viabilizou. Eu disse: se for o Nelson, tranquilo, eu tiro minha candidatura e nós vamos juntos continuar essa aliança. Eu fiquei um tempão esperando que isso acontecesse. Quando eu vi que não ia acontecer, que ninguém dizia nada e o tempo estava passando, voltei lá para conversar com o Camilo e ele pede o pacto de não-agressão também."
Entretanto, prossegue Luizianne, da parte dos adversários, o pacto de não-agressão não existiu nem na largada da corrida eleitoral. "Para mim, era confortável esse pacto porque, com um minuto de TV, eu não sabia se falava do que eu tinha feito, do que eu ia fazer, eu não sabia se eu me defendia ou não sabia se eu atacava. Então, decidi falar um minuto e não me preparei para isso. Fui de peito aberto para isso. É como eu sempre digo, eu acredito na humanidade".