A relação de proximidade entre Ciro Gomes e o deputado federal e presidente estadual do PDT, André Figueiredo, parece ter ficado para trás. Após a definição de que Ciro retornará ao PSDB, com possibilidade de concorrer ao Governo do Estado em uma aliança que reúne ex-adversários, como o União Brasil de Capitão Wagner e o PL, legenda do grupo bolsonarista.
Questionado pelo O POVO sobre a saída iminente de Ciro do PDT, André Figueiredo limitou-se a dizer que não tem informações e revelou um distanciamento. “Eu não sei de nada, não falo com o Ciro desde segundo turno das eleições de 2024”, comentou o dirigente pedetista.
O POVO apurou que Figueiredo tentou contato com o ex-governador algumas vezes nos últimos meses, mas sem sucesso. Ciro, por sua vez, tem sido um dos políticos mais crítico do governador Elmano de Freitas (PT), do qual André e o PDT têm se aproximado após as eleições do ano passado. Além disso, o ex-ministro também critica constantemente os governos petistas em nível federal e em Fortaleza.
Em maio deste ano, Figueiredo afirmou querer manter Ciro e Roberto Cláudio no PDT. Apesar da sinalização, RC confirmou semanadas depois a desfiliação e anunciou migração para o União Brasil, colocando-se como pré-candidato ao Governo do Ceará.
Em junho, Figueiredo disse que o PDT não apoiaria um candidato do PL ao Senado, em uma clara referência ao deputado estadual Alcides Fernandes (PL), pai do deputado federal André Fernandes (PL) e lançado pré-candidato a senador pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Este ano, em encontro com opositores ao PT no Ceará, Ciro afirmou a Alcides a intenção em votar nele nas eleições de 2026.
Ao lado dos irmãos e de diversos apoiadores, Ciro chegou ao PDT em 2015, vindo do Pros. Divergências políticas com o irmão Cid Gomes, em 2022, fizeram com que a base governista rachasse. Grande parte do extenso grupo político migrou para o PSB, acompanhando Cid, fazendo com que o partido tenha hoje a maior bancada da Assembleia Legislativa do Ceará e mais de 60 prefeituras pelo Ceará.
As iminentes saídas de Ciro e Roberto do PDT vão provocar movimento similar entre parlamentares da sigla ligados a esses líderes. Os quatro deputados estaduais filiados hoje ao PDT fazem oposição ao governo Elmano, devendo deixar a sigla em meados de abril de 2026, quando se abre a janela partidária para troca de partidos sem perda de mandato.
A informação do retorno de Ciro ao PSDB foi confirmada ao colunista do O POVO Guilherme Gonsalves, que acrescentou que o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, conversou por telefone com Ciro e com o ex-senador Tasso Jereissati. Este último foi o responsável por articular a volta do aliado aos quadros da sigla.
Ciro e Tasso têm uma longa trajetória juntos na política, parte dela no PSDB. Apoiado por Tasso, Ciro foi eleito aos 28 anos prefeito de Fortaleza, sendo o escolhido por Jereissati para substituí-lo no Governo do Estado. Após alguns anos de amizade estremecida, a dupla voltou a se aproximar, o que encaminhou o acerto de Ciro para retornar ao ninho tucano.