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Após paralisação da PM, como o Carnaval continua no Ceará
Reportagem

Após paralisação da PM, como o Carnaval continua no Ceará

Apesar da tensão e de alguns cancelamentos, a festa continua na Capital e em outros municípios cearenses. Alguns contrataram segurança privada
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O IMPACTO da paralisação de policiais militares ainda não foi sentido pelos segmentos econômicos (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)
Foto: FÁBIO LIMA/O POVO O IMPACTO da paralisação de policiais militares ainda não foi sentido pelos segmentos econômicos

A festa de Carnaval de Paraipaba, a 95 km da Capital, foi cancelada em razão da crise na segurança pública do Ceará. Segundo a Prefeitura, a programação resultaria numa injeção de R$ 500 mil na economia local, além de 300 empregos diretos que seriam gerados. Ele não foi o único. Outros sete municípios cearenses cancelaram devido à percepção de insegurança após a paralisação de policiais militares: Paracuru, Forquilha, Milagres, Santana do Cariri, General Sampaio, Horizonte e Canindé. No entanto, oito garantiram que a comemoração continua mesmo sem a presença de policiamento, seja por meio de paredões ou da contratação de seguranças particulares.

Aracati, Cascavel, Sobral, Beberibe, Crato, Guaramiranga, Tauá e Viçosa do Ceará são os que estão confirmados. O evento tem um peso econômico importante porque aquece setores, sobretudo de serviços, e, consequentemente, aumenta a receita dos Estados. No entanto, algumas destas cidades ainda não calcularam o impacto desse cenário no curto prazo ou não preveem efeitos negativos. Em Paraipaba, o executivo municipal afirma que o investimento seria de R$ 300 mil, incluindo as atrações fechadas para a Praia de Lagoinha, que fica a 11 km de lá. O público seria de 20 mil pessoas por dia.

"Estima-se que vários setores sofrerão uma quebra de 50% de seus lucros, como hotéis, pousadas, restaurantes, passeios turísticos e transporte. Um enorme prejuízo para a cidade que tem um dos pontos turísticos mais visitados do Litoral Oeste: a Praia de Lagoinha", afirmou em nota.

Paracuru, no litoral cearense, atrai muitos visitantes no ciclo carnavalesco. A verba para a festa seria de R$ 400 mil. Procurado, o prefeito Eliabe Albuquerque (PSDB) disse que o recurso será remanejado para a saúde e que não haverá mudanças na economia local já que a expectativa é que o número de visitantes não tenha alteração. Os dados não foram divulgados.

Já em Aracati, 180 profissionais foram contratados para fazer a segurança, totalizando investimento de R$ 299 mil. Segundo o chefe da Casa Civil do município, Guilherme Bismarck, "o clima é de tranquilidade". "Já temos um efetivo da Guarda Municipal atuando, mas decidimos contratar a maior empresa de segurança do Ceará, que fez o Réveillon de Fortaleza, para que fique ainda mais seguro", afirmou. O investimento para a folia foi de cerca de R$ 5 milhões. A previsão é que sejam injetados na economia 15% a mais do que o ano anterior, quando movimentou R$ 226 milhões.

Em Sobral, o secretário do Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Inácio Ribeiro, diz que a festa continua e a expectativa é que sejam incrementados R$ 10 milhões. "Temos um efetivo da Guarda Municipal, a Polícia Civil e a maioria dos policiais não aderiu. A segurança está garantida e estimamos taxa de ocupação de 80%. A Prefeitura garantiu o pagamento de horas extras aos guardas municipais e a contratação de 100 seguranças privados que vão atuar nos eventos que serão realizados nos distritos.

Para André Carvalho, consultor econômico-financeiro da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), o maior impacto do cancelamento é no comércio. "Afeta mais a microeconomia, os comerciantes de serviços, que deixam de faturar nesse curto prazo. Indiretamente, sabemos que temos cidades em que 20% do Produto Interno Bruto (PIB) estão atrelados à receita da administração pública", diz. "Ou seja, quando se tem uma geração de empregos, mesmo que temporários, há um alívio na carga que é gerada na administração pública".

O economista Alcântara Macedo, acredita que haverá impacto negativo. "O dinheiro gasto nas festas se transforma em receita por meio das pessoas que pagam o imposto. Sem isso, gera uma diminuição", avalia.

 


Ocupação hoteleira chega a 89,2% no Ceará

Mesmo com a greve de policiais militares iniciada na última terça-feira, 18, que culminou no cancelamento de festejos públicos em diversos municípios, o Ceará receberá, durante o Carnaval deste ano, cerca de 143 mil turistas, o que representa um avanço de 8,8% ante igual período do ano passado. Os dados são da Secretaria do Turismo (Setur-CE), que ressalta, ainda, que a ocupação hoteleira do Estado está em 89,2%, e que o período movimentará aproximadamente R$ 480 milhões na economia local.

Atualmente com 53 estabelecimentos filiados, em regiões como Fortaleza, Cumbuco, Juazeiro do Norte, Praia das Fontes e Aquiraz, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE) projeta uma ocupação média de 85% durante o Carnaval, um incremento de 11 pontos percentuais ante 2019, segundo o presidente da entidade, Eliseu Barros. "Há hotéis com 90% e 100% de ocupação".

Questionado sobre os impactos da paralisação de PMs para o setor, Eliseu afirmou que, dentre os estabelecimentos filiados à ABIH-CE, não houve prejuízos. "Não acredito que, no Carnaval, esta greve impactará na ocupação, posto que os hóspedes já estão com as reservas confirmadas e não temos registrados cancelamentos", comenta. O presidente da Associação, entretanto, mostra preocupação com o feriado da Semana Santa. "É um período tão proveitoso quanto o Carnaval. Caso esta paralisação continue, certamente haverá queda na procura. Vamos torcer para que tudo seja resolvido", complementa.

Conforme a Setur-CE, a ocupação hoteleira nas praias do Ceará é ainda maior do que a média do Estado, chegando a 91,4%. Para o secretário do Turismo, Arialdo Pinho, o índice de ocupação de 2020 é "excelente". "Muitos turistas procuram o Ceará para descansar, mas também para aproveitar a festa em Fortaleza e nas principais praias do Estado", comenta. Na Capital, a média de ocupação dos hotéis é de 92%, nos flats, 88%, nos albergues, 79%, e nas pousadas, 78%.

Dentre os destinos cearenses mais buscados pelos turistas durante o Carnaval, os principais destaques são Guaramiranga, onde a ocupação hoteleira está em 99%, além de Jericoacoara (97,5%) e Canoa Quebrada (96,7%). Cumbuco e Porto das Dunas também são locais bastante demandados no período, ambos com ocupação média de 95%.

 

Sem festa

Canindé

Forquilha

Milagres

Paracuru

Paraipaba

Santana do Cariri

General Sampaio

Horizonte

Confirmam

Aracati

Beberibe

Cascavel

Crato

Guaramiranga

Sobral

Tauá

Viçosa do Ceará

 

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