A taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na rede pública de saúde do Ceará "está em torno de 85%" nesse período de pandemia da Covid-19. A informação é da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e o dado é referente a um balanço feito ontem. Hoje, de acordo com a pasta, o sistema público tem 731 UTIs disponíveis tanto para pacientes infectados com o novo coronavírus quanto para pessoas com outras doenças graves.
Para tentar equilibrar a necessidade por UTIs no momento de urgência no Ceará, o secretário da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Dr. Cabeto), informou que algumas estratégias têm sido adotadas. Uma delas, como O POVO noticiou na última quarta-feira, 8, será a de ocupar e equipar com respiradores leitos ociosos em hospitais particulares como o Batista Memorial e o Pronto Socorro dos Acidentados. Além de enfermarias no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Só o NPDM/UFC vai nos ceder 65 enfermarias que serão estruturadas (com respiradores). Vai nos possibilitar ampliar em 34 leitos o (Hospital) Leonardo da Vinci. Nós começamos a equipar o Hospital Regional de Maracanaú, a gente está centralizando os respiradores em locais estratégicos e em vários leitos que estão desocupados em algumas unidades", disse Cabeto em entrevista coletiva (remota) na última quarta-feira.
O plano de acordo com Cabeto é não "pulverizar e aumentar (sem critério científico) o número de hospitais. É preciso ter garantia que você vai atender bem e de forma adensada. Isso leva em conta não só a quantidade de atendimentos, mas o número de profissionais disponíveis para atender", observou o secretário.
Outra decisão que pode reduzir a demanda por UTIs, segundo Cabeto, é fazer um atalho com procedimentos médicos e segurar a pressão por leitos de urgência. "Nós estabelecemos um protocolo estadual, que será publicado no site da Escola de Saúde Pública, orientando o uso em pacientes internados (na admissão) de cloroquina associada a corticóide, a medicamento de prevenção de acidente trombótico e antibióticos. Nós vamos testar esse protocolo que é simples e pode ser utilizado em qualquer município cearense", disse o secretário que é cardiologista.
Os dados sobre a administração da cloroquina em infectados, associada a outras medicações, serão analisados durante um período. Cabeto, que sobreviveu à infecção pelo novo coronavírus, projeta que o coquetel de remédios poderá "reduzir até 20% da necessidade de UTIs com a aplicação dessa estratificação precoce" em pacientes recém-admitidos nos hospitais.
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De acordo com dados da Sesa existem, ao todo, 15.662 leitos na rede pública estadual. Desses, 731 são de UTI e 14.932 de enfermarias. A taxa de ocupação dos convencionais está em de 48,7%. Isso, segundo os técnicos da Secretaria, "se deve às altas taxas de vacância de leitos hospitalares dos municípios de pequeno e médio porte, que influenciam diretamente o percentual".
Na rede privada, são 899 leitos de UTI. A Central de Regulação do Estado não gere as internações e altas dos hospitais particulares. O POVO entrou em contato com Agência Nacional de Saúde (ANS), mas até o fechamento desta página não obteve retorno sobre o índice de ocupação nas unidades privadas.
Secretaria quer abrir 20 leitos por dia no Estado
A possibilidade do Ceará chegar a 6,2 mil casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus até a próxima segunda-feira, 13, como apontou uma projeção da Rede CoVida - coordenada pela Fundação Osvaldo Cruz (fiocruz) e Universidade Federal da Bahia (UFBA), tem feito o Governo do Estado tentar aumentar a oferta de leitos com respiradores na rede pública e estimular a privada.
Na última quarta-feira, 8, em entrevista coletiva pelo Facebook, o secretário da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Cabeto), afirmou que a meta da pasta é tentar "abrir 20 leitos por dia no Estado. Até o final de semana, esperamos estar com 100% do hospital (Leonardo da Vinci) funcionando. A gente já fez uma curva (no número de casos) e sabemos que, em uma ou duas semanas, iremos precisar desses leitos que estamos preparando", disse.
De acordo com Cabeto, a ampliação de leitos na rede pública depende do aporte de infraestrutura, pois há uma "crise por insumos no mundo. Nesse momento estamos tentando liberar respiradores retidos na Argentina". Também há escassez de profissionais para atuar na linha de frente da pandemia e faltam equipamentos suficientes de proteção individual (EPI).
"Nós chamamos as cooperativas e as sociedades médicas para a gente fazer uma força tarefa. Também conversamos com os prefeitos sobre a necessidade de estruturação das unidades de alta complexidade e da precisão de fortalecer o isolamento social nas cidades e distritos para evitar o esgotamento do sistema de saúde", afirma o médico cardiologista.
"Não ache que não vai acontecer com você (a infecção). Esse é um esforço conjunto para proteger você, sua família, seu vizinho, um amigo, sua cidade, para proteger a economia", alerta Cabeto. (Demitri Túlio)