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Câmara vota hoje projeto que adia eleições para novembro
Reportagem

Câmara vota hoje projeto que adia eleições para novembro

Proposta de emenda à Constituição posterga o pleito para 15 e 29 de novembro. Projeto vai à votação hoje, segundo deputados federais do Ceará. Câmara deve aprová-lo
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PRESIDENTE da Câmara, Rodrigo Maia reuniu lideranças para formar acordo por adiamento (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados PRESIDENTE da Câmara, Rodrigo Maia reuniu lideranças para formar acordo por adiamento

A Câmara dos Deputados vota hoje proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera as datas das eleições municipais, adiando as disputas para novembro. Previsto para os dias 4 de outubro (primeiro turno) e 25 de outubro (segundo turno), o pleito passaria para 15 de novembro e 29 do mesmo mês, respectivamente.

Como se trata de alteração constitucional, são necessários 308 votos a favor em dois turnos para a aprovação da medida, que já passou pelo Senado - a Casa o chancelou na terça-feira, 23, por 67 votos a 8 na primeira sessão e por 64 a 7 na segunda.

O texto, cuja relatoria coube ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), foi encaminhado à Câmara, que deve aprová-lo sem alterações, com ampla margem de apoio da bancada federal cearense - dos 22 parlamentares do Estado, a maioria endossa o adiamento. Caso se confirme esse cenário, a PEC então segue para promulgação e tem validade imediata.

Líder da minoria, José Guimarães (PT-CE) participou ontem de reunião com outras lideranças e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. Segundo ele, há entendimento favorável à votação da mudança hoje e amanhã, com manutenção da proposta que tramitou no Senado.

"A votação deve ser amanhã (hoje) à noite. Vamos manter a proposta do Senado porque, se mexer, o trem descarrila", disse o petista, que acolhe o relatório de Rocha. "A razão fundamental para o adiamento é a pandemia. Não há outra razão. Sou favorável (ao teor do relatório) por razões estritamente científicas", acrescentou.

Novas datas definidas

Pela PEC, os partidos terão prazo de 31 de agosto até 16 de setembro "para a realização das convenções para escolha dos candidatos e a deliberação sobre coligações" e até 26 de setembro para solicitarem à Justiça Eleitoral o registro de seus postulantes. Nesse novo calendário, a propaganda tem início no dia 27/9, inclusive na Internet.

Ainda conforme a proposta aprovada no Senado e prestes a ser apreciada na Câmara, as legendas ficam autorizadas "a realizar, por meio virtual, independentemente de qualquer disposição estatutária, convenções ou reuniões para a escolha de candidatos e a formalização de coligações".

Deputado federal pelo PDT, o líder da oposição, André Figueiredo, confirma que a proposição entra na pauta hoje e se estende até esta quarta-feira, 30. "Devemos votar amanhã (hoje) ou quarta na forma como foi aprovada no Senado", disse.

Defensor da tese do adiamento, o pedetista avalia que "o problema não seria só a data de 4 de outubro, mas todos atos de campanha serem realizados nos meses de agosto e setembro em que, em muitos estados, talvez essa curva epidemiológica ainda esteja no platô".

Para ele, "é um risco muito grande, e essas seis semanas de adiamento servem para aliviar um pouco a pressão que acontecerá". Figueiredo conclui: "Todas as recomendações sanitárias são no sentido de que, permanecendo a data de 4 de outubro, poderia, sem dúvida nenhuma, comprometer a saúde pública em alguns estados".

No Ceará, os decretos de isolamento social adotados pelo Governo expõem realidades diferentes na evolução dos casos de Covid-19. Enquanto a Capital se encontra na fase 2 do plano de retomada das atividades econômicas, municípios como Juazeiro do Norte e outros da região do Cariri encontram-se sob "lockdown" e devem sair mais tarde do estágio mais agudo da infecção.

Em conversa com O POVO, o prefeito de Cedro e presidente da Associação dos Municípios do Ceará, Nilson Diniz, já havia alertado que as diferenças no quadro de enfrentamento à pandemia impunham também condições distintas para as campanhas políticas.

 

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