A quatro dias de assumir a cadeira de prefeito de Fortaleza, o deputado estadual José Sarto (PDT) monta a equipe de secretariado para administrar a capital cearense. Grupo deve reunir egressos da gestão Roberto Cláudio, vereadores eleitos ou que não conseguiram se reeleger e outros nomes da cota pessoal do deputado estadual pedetista, entre quadros técnicos indicados para postos-chave e políticos.
Até agora, ao menos sete nomes aparecem mais fortes na lista de secretariáveis do pedetista: Élcio Batista (PSB), vice-prefeito eleito que pode desempenhar função extra no Paço; Samuel Dias (PDT), braço-direito de RC e ex-chefe da Secretaria de Governo; Elpídio Nogueira (PDT), vereador e irmão de Sarto; e Renato Lima, titular da Secretaria da Gestão Regional.
Outros três secretários atuais devem se manter na gestão, segundo fontes ouvidas pelo O POVO, mas possivelmente em posições diferentes: João Pupo, a cargo de quem está hoje a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos; Ferruccio Feitosa, à frente da Regional II; e Alexandre Pereira (Cidadania), que responde pela pasta do Turismo.
O anúncio da composição do time de Sarto deve ser feito entre hoje e amanhã, conforme já havia sinalizado o próprio gestor, que tinha assegurado que as definições se encerrariam depois do Natal.
Entre as variáveis que fazem parte do problema, Sarto tem se preocupado sobretudo em compatibilizar apoios à sua candidatura ao comando do município, acomodando legendas do seu arco de aliança formado por 17 partidos no segundo turno. É o caso do PSDB, por exemplo, que pode ficar à frente de alguma Regional, ou do PT, se a sigla decidir apoiar Sarto (o partido tem reunião amanhã para bater o martelo).
Além disso, há os nomes da gestão de RC que, por sua expertise e papel destacado na eleição, tais como Pupo, Ferruccio e Samuel Dias, seguem no secretariado.
O quadro se completa com os postos ocupados por aqueles mais próximos do prefeito eleito, como a chefia de gabinete, para a qual é cotado Elpídio Moreira, e a titularidade de secretariais cuja área de atuação é mais sensível, como Saúde e Educação.
Para ambas, Sarto deverá designar nomes com perfil técnico, ainda que possam ter também trânsito político, como o vereador Elpídio Nogueira e o deputado estadual Queiroz Filho, ambos do PDT.
Sarto também faz suas mudanças e monta seu quebra-cabeças de olho na correlação de forças na Câmara de Vereadores, de ondem podem sair colaboradores do Palácio do Bispo.
Interlocutores do governismo informam que cinco parlamentares estão no radar do prefeito eleito: além de Elpídio, o vereador de primeiro mandato Júlio Brizzi (PDT), que teria interesse na Secretaria de Juventude, e Cláudia Gomes (DEM), que abriria vaga para Adams Gomes (DEM), filho do deputado estadual Tin Gomes (PDT).
Não reeleitos, Iraguassu Filho (PDT) e Ésio Feitosa (PSB) têm chances dentro da gestão que começa a partir de 1º de janeiro de 2021. Ex-líder de RC na Câmara com bom diálogo mesmo com a oposição legislativa, Feitosa estaria sendo considerado para assumir a articulação política do prefeito eleito na Casa, função já ocupada por Lúcio Bruno, eleito vereador, mas cujo trabalho era visto com reserva mesmo por aliados - uma das razões pelas quais ele não deve retomar a tarefa.
Além da Câmara, Sarto ainda poderá buscar colaboradores na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), presidida por ele até o início do mês. De lá, por exemplo, a deputada estadual Augusta Brito (PCdoB) teria sido sondada, assim como Queiroz Filho.
Mais que a definição de nomes, contudo, Sarto tenta equalizar continuidade com uma feição própria à administração, demarcando uma diferença em relação a Roberto Cláudio. Pensando nisso, o prefeito eleito tem o desafio de manter a espinha-dorsal de RC, preservando seu DNA na Prefeitura, mas imprimindo-lhe uma cara.
Por isso, o gestor não abriria mão de indicar a "cozinha" do Paço, aqueles mais chegados ao pedetista. O tempo, porém, joga contra Sarto, que precisa concluir essa montagem nas próximas horas para anunciar a equipe com que irá trabalhar.
