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A mudança das empresas com o novo padrão de consumo do cearense
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A mudança das empresas com o novo padrão de consumo do cearense

Em diferentes setores, mudanças no ticket médio, frequência e hábitos de compra estão moldando a difícil retomada da economia
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Grand Cru Fortaleza, do grupo Geppos, teve baixa no ticket médio, mas vende mais garrafas (Foto: JULIO CAESAR)
Foto: JULIO CAESAR Grand Cru Fortaleza, do grupo Geppos, teve baixa no ticket médio, mas vende mais garrafas

Não são apenas em relação às novas restrições de funcionamento impostas pelo Governo, para tentar conter o avanço da Covid-19, que as empresas estão tendo de se adaptar nesta segunda onda da pandemia no Ceará. Em diferentes setores, em Fortaleza, já é possível perceber de forma clara alterações no ticket médio, na frequência e na forma de consumo do cearense. O que tem exigido das empresas mais respostas rápidas para se adequar.

No segmento de supermercados, por exemplo, o hábito de ir às compras passou a ser mais espaçado, mas, as pessoas estão fazendo compras maiores, o que acaba resultando em um valor de compra mais elevado. É o que explica o diretor comercial da rede Mercadinhos São Luiz, Luiz Fernando Ramalho. Lá, o ticket médio de compras subiu 40%, ao mesmo tempo em que a quantidade de clientes em loja por dia caiu na mesma proporção.

"Agora, parte desta redução de 40% no número de clientes em loja também tem a ver com o fato dos restaurantes que ficam dentro das unidades estarem fechados. Liberou agora nesta semana, mas, na parte das compras no supermercado mesmo, o que a gente percebe é que as pessoas estão vindo com menor frequência, em função da crise sanitária, mas passaram a levar mais itens."

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Do lado da operação, tem exigido uma atenção redobrada e reforço nos investimentos em tecnologia e logística para garantir a reposição imediata nas gôndolas para não perder a venda.

Ele reforça, no entanto, que diferentemente do movimento observado no início da pandemia, em março de 2020, desta vez, não se trata de uma corrida dos clientes para estocar produtos de higiene com medo de um eventual desabastecimento, mas de uma organização para que as compras durem por mais tempo. Por outro lado, uma demanda que começou na primeira onda e que permanece aquecida é a venda de bebidas alcoólicas.

"A categoria de bebidas como um todo teve alta de 50%, puxada principalmente pela venda de vinhos que subiu 70%. E é um consumo que começou com aquela onda de lives, mas que se manteve depois disso", afirmou.

No Mercadinhos São Luiz, os consumidores vão com menos frequência e compram em maior quantidade
No Mercadinhos São Luiz, os consumidores vão com menos frequência e compram em maior quantidade (Foto: BARBARA MOIRA)

O aumento nas vendas de vinhos é sentida também em lojas especializadas. Cristina Rodrigues, gerente executiva do Grupo Geppos (Cabaña Del Primo, Misaki, Geppos Italiano e Geppos Praia e Loja de vinhos Grand Cru), diz que o Grand Cru registrou em março deste ano uma alta de 30% nas vendas de vinhos, em relação a igual mês de 2020. Porém, o ticket médio de compra caiu de R$ 150 para R$ 100.

"As pessoas estão preferindo vinhos mais em conta, mas comprando com uma frequência maior. Se antes, era uma garrafa a cada quinze dias, agora, a pessoa compra, em média, uma vez por semana".

Desde o primeiro lockdown, o forte, no entanto, tem sido o delivery. "Tivemos um crescimento orgânico no digital e as pessoas quando vão à loja passaram a fazer uma compra mais rápida e objetiva", diz.

Cabanã del Primo observou aumento do tempo médio de permanência dos clientes no restaurante
Cabanã del Primo observou aumento do tempo médio de permanência dos clientes no restaurante (Foto: JULIO CAESAR)

Uma dinâmica diferente das mudanças observadas nos restaurantes, relata Cristina. Neste segmento, quando os clientes vão consumir presencialmente, permanecem no local por mais tempo do que no período pré-pandemia. Isso ocorre mesmo com todas as limitações impostas ao setor, como a ocupação de mesa por, no máximo, seis pessoas. O que, na prática, levou a um giro menor nas mesas. O ticket médio também caiu. "É inegável o impacto do lockdown no funcionamento dos restaurantes. Mesmo com o delivery, não é a mesma coisa".

Ela cita ainda diferenças no tipo de produto consumido. No atendimento presencial, pratos individuais e variados têm mais saída. No delivery, o carro-chefe passa por pratos compartilhados e lanches rápidos. "O que nos levou a adaptações no cardápio. O Geppos lançou o calzone que teve aceitação grande no delivery e focou em pratos compartilhados no digital".

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