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Pix e plataformas digitais reestruturam a microeconomia no Ceará
Reportagem

Pix e plataformas digitais reestruturam a microeconomia no Ceará

Em funcionamento há nove meses, o Pix, já foi utilizado por 3,6 milhões de cearenses pelo menos uma vez, conforme dados do Banco Central repassados com exclusividade ao O POVO. Ao todo, cerca de 170 mil empresas formais do Ceará utilizam a tecnologia em transações comerciais
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Foto: carlus campos figura004

De serviços ofertados nas redes sociais no município de Pindoretama até as vendas na feirinha da Beira Mar em Fortaleza, a frase “faz um Pix" tem se tornado mais comum. O sistema de transações financeiras instantâneas intensifica sua presença em relações de consumo cotidiana e, em paralelo a plataformas digitais, molda novos caminhos para a microeconomia no Ceará.

Em funcionamento há nove meses, o Pix já foi utilizado por 3,6 milhões de cearenses pelo menos uma vez, conforme dados do Banco Central repassados com exclusividade ao O POVO. Ao todo, cerca de 170 mil empresas formais do Ceará utilizam a tecnologia em transações comerciais. Em julho último, a movimentação financeira no Ceará por Pix foi de R$ 10,9 bilhões.

A oferta de novas formas de pagamento, como o Pix, aliadas a um relacionamento mais direto com os consumidores e potenciais clientes, com o uso de canais digitais, representa uma estratégia de pequenos empreendedores para alavancar a competitividade e o faturamento de seus respectivos negócios.

“Pequenas empresas, com poucos recursos em relação às grandes organizações, precisam buscar alternativas para que possam expor sua marca e seus produtos e/ou serviços e a tecnologia digital é a forma de alavancar seus negócios”, conforme avalia Desireé Mota, membro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE).

O Pix, porém, não se faz presente apenas na dinâmica comercial de pequenos empreendedores, feirantes e vendedores ambulantes também passaram a incorporar a tecnologia em suas atividades. Agilidade, praticidade e ausência de taxas são as principais vantagens associadas a ampla disseminação do pagamento digital no comércio cearense.

Em Fortaleza, o uso do Pix, seja para compras online ou vendas presenciais nas feiras tem se tornado um atrativo também para o cliente, que em muitos casos podem ter descontos ao optar pelo pagamento digital.

“Adesão já começou faz tempo, hoje temos até uma preferência pelo Pix. Tem gente que coloca um cartaz bem grande pra dizer que aceita, outros colocam o QrCode. A gente oferece é desconto para quem pagar no Pix, porque recebemos na hora e sem taxa”, detalha Sérgio Areia, presidente da associação de feirantes da Beira Mar.

O comerciante brinca ainda ao dizer que não gosta muito de redes sociais ou de vendas online como outros empreendedores, mas que não teve dificuldades para implementar o uso do Pix em suas vendas. “A gente vende tudo pelo Pix, água, um cafezinho, já notamos uma redução no uso do cartão também, às vezes o cliente chega querendo pagar no cartão e falamos do Pix e ele já prefere o Pix”, revela.

Mesmo relações comerciais entre empreendedores, com fornecedores e finanças pessoais passam a ser dinamizadas com a utilização do Pix. O fenômeno, recente, mas com impactos significativos no fluxo econômico do Estado, especialmente no interior, era esperado pelo Banco Central.

Impactos nos negócios

Em entrevista exclusiva ao O POVO, Ângelo Duarte, chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, comenta que a digitalização dos sistemas de vendas e pagamentos geram grandes impactos para os agentes da microeconomia.

“Sem uma abundância de recursos, receber os valores de suas transações comerciais imediatamente, sem a cobrança de taxas, faz uma diferença muito grande para eles e para a organização econômica social também”, pondera ao destacar que o uso do Pix pelo comércio informal, assim como pelo ecossistema de empreendedorismo existente em cada cidade, gera uma transformação da economia em regiões interioranas.

Para os especialistas, o avanço da bancarização por meio das contas digitais, tanto por meio de bancos tradicionais quanto por fintechs, possibilitando o uso de pagamento digital, aliado às novas possibilidades de comércio por meio das mídias digitais dinamizam a economia, aumentando a velocidade com que o sistema econômico de cada região se desenvolve.

“Redes sociais são hoje a vitrine e o pagamento digital e a logística por detrás de uma nova dinâmica nas relações econômicas de venda de produtos e prestação de serviços que descolam do histórico tradicional de interações presenciais”, complementa Ângelo.

Próximos passos do Pix

EM SETEMBRO:

Lançamento do serviço da ferramenta que permitirá agendamento no Pix. Assim, os usuários poderão agendar pagamento por meio do Pix, não correndo mais o risco de esquecer de realizar a operação.

EM NOVEMBRO:

Entra em operação o recurso de segurança que permitirá ao usuário solicitar o estorno de uma transferência realizada em caso de suspeita de fraude. O mecanismo contará com duas etapas de verificação: a primeira diz respeito a instituição financeira do próprio usuário, que deverá ser acionada assim que for percebido a possibilidade de fraude; ela então entrará em contato com o banco para o qual foi destinado o valor questionado que deverá bloquear a conta de destino do Pix. 

Assim, as entidades financeiras terão sete dias para investigar o ocorrido junto com os envolvidos e então decidir se retorna o valor do Pix para a conta do cliente ou se foi um registo falso de suspeita de fraude. 

AINDA EM 2021:

Nas próximas semanas será lançado a opção "Pix Troco". O recurso permitirá aos usuários de Pix o saque em espécie de valores mediante transferência para contas de empresas de médio e grande porte. O recurso permitirá que o cliente realize compras em um estabelecimento e pague com um Pix, possa transferir um valor a mais para a empresa, que devolverá o valor excedente, em cédulas, para o cliente.

A opção de "Pix Saque" será lançada em conjunto e permitirá que, sem a necessidade de compra nos estabelecimento, o usuário possa fazer um Pix para a empresa, de modo que venha a receber o exato valor da transferência na forma de dinheiro em espécie. A limitação inicial de ambas as funcionalidades está sendo estudada em R$ 500. 

O Banco Central também está operacionalizando a possibilidade de lançamento, ainda de 2021, do "Pix Offline". O recurso ofertará um caminho para que o cliente possa pagar suas compras por meio de um Pix, ainda que não tenha acesso a internet naquele momento.

Com este recurso, o cliente irá gerar um QrCode a ser lido pelo aplicativo bancário usado pelo comerciante. Após a leitura, o cliente deverá digitar, no celular do vendedor, o código de confirmação previamente cadastrado, autorizando assim a transação.

EM 2022:

O principal lançamento do Pix para o próximo ano consiste em uma operação a crédito. Chamado de "Pix garantido", o recurso dará o direito ao usuário de realizar um Pix, ainda que não tenha saldo em conta. 

Antes da transferência ser feita utilizando este recurso, o destinatário do Pix deverá estabelecer um período de tempo, de no máximo 30 dias, para receber o valor referente aquela transferência. Após tal definição, o banco usado pelo cliente que está realizando o Pix irá cobrir o valor que o usuário deseja transferir, garantindo assim o pagamento ao comerciante.

O Banco Central pontua que nesta operação, cada instituição financeira definirá um limite de transferência do gênero para cada cliente e que após a utilizando de parte do valor destinado, o usuário deverá pagar ao banco, funcionando como uma espécie de transferência de crédito. 

Fonte: Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, com exclusividade ao O POVO

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