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Longevidade, sustentabilidade e ESG: os novos olhares do mercado de seguros
Reportagem

Longevidade, sustentabilidade e ESG: os novos olhares do mercado de seguros

Assim como outras áreas, o setor de seguros diante das questões climáticas, sociais e demográficas atuais, assume nova missão e passa a criar agendas, produtos e portfólios mais sustentáveis para os clientes e para o mercado
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O FOMENTO de práticas sustentáveis refletem, entre outros eixos, necessidades e desafios de serviços como Seguros Gerais e Previdência privada (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O FOMENTO de práticas sustentáveis refletem, entre outros eixos, necessidades e desafios de serviços como Seguros Gerais e Previdência privada

 

É visível a mudança demográfica que vem ocorrendo nos últimos anos no mundo e no Brasil em relação ao envelhecimento da população. Como consequência, novas formas conduzem as relações entre as pessoas, delas com as cidades, com o que consomem e com as empresas.

E é no município que as pessoas vivem todos os momentos de sua vida, das escolhas profissionais e pessoais até os cuidados com a saúde e qualidade de vida.

Entre as 10 cidades brasileiras consideradas grandes, cidades com mais de 100 mil habitantes, e que contemplam as melhores experiência para pessoas com 60 anos ou mais, os chamados 60+, estão: São Caetano do Sul (SP); Vitória (ES); Santos (SP); Florianópolis (SC); Curitiba (PR); Botucatu (SP); Jundiaí (SP); Balneário Camboriú (SC); Londrina (PR) e Marília (SP).

Fortaleza ocupa a posição 205, de um total de 326, no ranking de grandes cidades do IDL(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Fortaleza ocupa a posição 205, de um total de 326, no ranking de grandes cidades do IDL

O ranking é do Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) 2023 elaborado pelo Instituto de Longevidade MAG, associação sem fins lucrativos idealizada pela seguradora MAG Seguros que cuida da responsabilidade social corporativa da empresa, atrelada ao ESG.

Essa terceira edição contemplou 5.570 municípios. Fortaleza, capital do Ceará, aparece em 1.224 lugar na colocação geral e no ranking de grandes cidades ocupa a posição 205 de um total de 326.

O propósito do estudo é medir o grau de preparação dos municípios brasileiros para o envelhecimento de suas comunidades.

Desempenho de Fortaleza. Clique na figura e veja a pontuação

Para o resultado, o estudo leva em consideração indicadores econômicos, socioambientais e de saúde de fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema Único de Saúde (SUS), de base nacional.

Segundo Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG, o IDL é uma ferramenta importante para que o Brasil se torne cada vez mais um país atualizado e preparado para a tendência global do envelhecimento populacional.

“Entender os pontos a melhorar e o que está sendo exemplo de qualidade na oferta de serviços e infraestrutura para os idosos é o primeiro passo para concretizar ações que irão tornar o Brasil um país que acolhe e oferece oportunidades a toda sua população, independentemente da idade”, destaca.

Desempenho comparado. Clique nas faixas e veja os números

O instituto foi idealizado por Nilton Molina, então com 70 anos, em abril de 2016, para discutir os impactos sociais e econômicos do aumento da expectativa de vida no Brasil. Segundo dados de 2022, analisados pelo IBGE, hoje, a média de expectativa de vida é 75,5 anos. No caso dos homens 72 anos e das mulheres 79 anos.

Molina conta que sua grande preocupação eram os exemplos que via dos seus amigos e conhecidos, que perdiam a capacidade laborativa de uma função que exerciam, e então se requalificavam.

“Recebendo pequenas aposentadorias ou pensões ou reservas, mas um enorme potencial pessoal de continuar produzindo para melhorar sua vida”, disse.

Detalhamento das variáveis socioambiental, economia e saúde de Fortaleza

 

Pensar nas questões socioambientais das cidades e os cuidados com pessoas 60+ faz parte de uma agenda internacional conhecida como ESG, ambiental, social e governança da tradução para o português, que está ligada às agendas internacionais da Organizações das Nações Unidas (ONU) e vem sendo percebida com mais frequência nas seguradoras do mundo e do Brasil.

A diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Ana Paula de Almeida, pontua que produtos relacionados aos seguros já têm como característica de sua natureza dar perenidade, dar continuidade, ou seja, sustentabilidade.

Chuvas causam alagamento em Fortaleza(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Chuvas causam alagamento em Fortaleza

“No momento ali do infortúnio, na hora que se materializa aquele risco, que aquela pessoa ou aquela empresa ou aquela família entendeu que ela precisava proteger seu patrimônio, sua casa, sua vida ou sua saúde, quando tem aquele risco materializado, o seguro vem dando um amparo financeiro ou uma parte de continuidade de negócio. Dá aquele fôlego para continuar”, explica.

Já do ponto de vista do setor, no Brasil, Ana Paula diz que as empresas de seguros como um todo já estão acompanhando a agenda ESG há algum tempo. O primeiro acordo do setor foi com o Ministério do Meio Ambiente, em 2009, que tratava de iniciativas voltadas para sustentabilidade e uma agenda verde. E que isso é algo que vai amadurecendo com o tempo.

 

 

Setor alinhado aos compromissos sustentáveis

Em 2012, tanto o setor de seguros como a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), que está entre as primeiras entidades no mundo a firmar os Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI – Principles for Sustainable Insurance) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep-FI, na sigla em inglês), já discutiam a temática  de ter os princípios de uma agenda verde e promover produtos que sejam alinhados com as boas práticas dentro da esfera ESG.

Desde então, a diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg, Ana Paula de Almeida, conta que o setor dentro da Confederação vem produzindo relatórios e indicadores para trabalhar essa temática.

“Assim, se dá o amadurecimento do setor em relação a essa agenda que passa a ter uma comitê de estudos, que à época era de sustentabilidade e inovação e, hoje, a gente chama de integração ao ESG para fomentar o debate dentro da seguradoras”, detalha.

Ela diz que hoje grandes empresas, em especial aqui no Brasil, já estão trabalhando várias temáticas como a economia circular, a exemplo dos seguros de auto, garantia estendia e para celulares.

Confira percepções nacionais das famílias 

“E você também vê, provocado aí sim pelas estrangeiras, o fomento de algumas iniciativas que promovam uma conscientização para uma economia de baixo carbono”, aponta a especialista.

“Digo sempre que estamos em uma jornada de amadurecimento e ela acaba sendo refletida com a circular nº 666 de 2022, que trata da gestão de risco de sustentabilidade para o setor como um todo. Entram todas as supervisionadas, seguradoras, reseguradoras, entidades de previdência privada, empresas de capitalização abarcadas para implantar a sua gestão de riscos de sustentabilidade”, afirma.

Com isso, ressalta que as empresas passam a ter obrigação de ter uma política de sustentabilidade, a produzir relatórios voltados para o tema, a introduzir a integração de critérios ESG dentro da estratégia e dos portfólios. Para ela, esse novo movimento torna possível pensar em uma construção de taxonomia, ou seja, classificação, envolvendo o setor.

Seguradoras brasileiras mapeiam seus portfólios para relacionar os produtos à agenda de sustentabilidade(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Seguradoras brasileiras mapeiam seus portfólios para relacionar os produtos à agenda de sustentabilidade

"Nesse sentido, vemos alguns países da União Europeia com essa agenda realmente já avançada e amadurecida. Essa construção envolve principalmente desenhar quais seriam os objetivos dessa taxonomia. O que que ela quer promover? Uma economia de baixo carbono? Uma proteção da biodiversidade? Fomentar uma agenda real verde? Isso já vem acontecendo no setor financeiro”, provoca.

No Brasil, o setor de seguros, em sua opinião, está muito envolvido em querer estar nessa agenda e também ter uma padronização e um certo critério. 

Algumas seguradoras já estão fazendo uma mapeamento de seus portfólio de produtos para entender o quanto eles fomentam essa agenda de sustentabilidade, seja do ponto de vista ambiental, social e da governança.

 

 

Novas diretrizes de sustentabilidade e consumo no Brasil

No mês de abril, a CNseg participou da Cúpula de Seguros Sustentáveis realizada com outros países, em Los Angeles, que discutiu a emergência climática mundial.

Dyogo Oliveira, presidente da entidade brasileira, disse ter consciência que a transição climática tem diferentes implicações a níveis nacional, regional e global e que não há resposta simples para isso.

“Por isso, o setor segurador está desempenhando um papel importante neste processo, construindo produtos e serviços para melhor gerenciar os riscos crescentes que estamos enfrentando devido às mudanças climáticas”, disse em discurso.

O fomento de práticas sustentáveis refletem, entre outros eixos, necessidades e desafios de serviços como Seguros Gerais e Previdência privada     (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O fomento de práticas sustentáveis refletem, entre outros eixos, necessidades e desafios de serviços como Seguros Gerais e Previdência privada

O executivo ainda apresentou o Roadmap de Sustentabilidade em Seguros da CNseg. O documento servirá para orientar as ações da Confederação para fomentar práticas mais sustentáveis e a sinergia entre as agendas de sustentabilidade e relações de consumo na construção de produtos adaptados à necessidade do consumidor.

Entre as quatro referências fundamentais do programa estão os princípios para sustentabilidade em seguros; os aspectos ESG mais relevantes para o mercado; o arcabouço regulatório temático; e os onze objetivos ambientais, climáticos e sociais que serão abordados pela taxonomia sustentável brasileira.

Também são contemplados outros três eixos principais que refletem as necessidades e desafios específicos de Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização com ênfase particular nos temas ambientais, sociais e de governança.

Além de questões climáticas, é importante que as seguradoras levem em consideração queestões sociais e demográficas na hora de criar e ofertar produtos(Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Além de questões climáticas, é importante que as seguradoras levem em consideração queestões sociais e demográficas na hora de criar e ofertar produtos

A promoção de uma transição justa para economia sustentável e de baixo carbono; o estímulo à resiliência da sociedade frente às mudanças climáticas; e a promoção da inclusão e combate à desigualdade estão entre as prioridades levantadas.

Na prática, para o setor de seguros em gerais que atende a maior parte da população, as alterações climáticas podem impactar os sinistros pelo aumento de desastres naturais e mudanças nos padrões climáticos e pluviométricos de determinadas regiões.

Por isso, as seguradoras precisam considerar essas questões na gestão e subscrição de riscos para criar novos produtos ao consumidor e empresas.

A ascenção de camadas mais baixas da população geram novas oportunidades de mercado ao setor de vida e previdência privada (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE A ascenção de camadas mais baixas da população geram novas oportunidades de mercado ao setor de vida e previdência privada

Já quando o assunto é vida e previdência será preciso levar em conta questões sociais e demográficas. Se, por um lado, o aumento da longevidade da população impõe desafios à gestão de produtos de previdência complementar, a ascensão das camadas mais baixas da população trazem oportunidades relevantes para o setor.

E os produtos de capitalização seguem essa lógica da inclusão financeira, especialmente, corroborando para a acumulação de recursos a longo prazo com objetivo de gerar receitas e acumular patrimônio.

 

 

Associação é uma alternativa para população

Para Antonio Leitão, gerente do Instituto de Longevidade MAG o grande diferencial da MAG Seguros no mercado é ter produtos que atendem pessoas até 85 anos. 

“A longevidade é um fenômeno que está acontecendo. Isso dá a possibilidade de diversificar o tipo de cobertura. Por exemplo, você pode pensar na necessidade de seguros para cobrir cuidadores. Ou seguro de vida para aparecimento de doenças graves. A gente faz esse papel de pesquisar o mercado e alimentar de informação."

Antonio Leitão é gerente do Instituto de Longevidade MAG(Foto: Bruno Rodovalho Varandas/ Divulgação MAG)
Foto: Bruno Rodovalho Varandas/ Divulgação MAG Antonio Leitão é gerente do Instituto de Longevidade MAG

No dia a dia, a entidade funciona como o braço de responsabilidade social corporativa e acaba sendo um termômetro para as necessidades do mercado nessa temática da terceira idade. Os associados do Instituto têm acesso a serviços diferentes serviços, como seguro de vida. O pacote associativo inicial é o Programa Viver Mais, a partir de R$ 29,90.

“A gente sabe, por exemplo, que fica muito custoso, depois que a pessoa sai da vida laboral, arcar com o preço de um plano de saúde. Assim, esse plano associativo tem também soluções voltadas especificamente para essa questão. Como, por exemplo, orientação médica por telefone, desconto em medicamentos. Pensamos quais as demandas que as pessoas têm e como resolvê-las”, completa Leitão.

Como o brasileiro pensa sua aposentadoria

 

 

Clientes 60+ buscam segurança financeira

A odontóloga Elisabete Vellano Pinheiro, 62, possui seguro há mais de oito anos, contratado a partir de orientações dadas por colegas que também tinham o benefício. Na sua lista de serviços acordados estão os que cobrem doenças femininas, seguro de vida e seguro contra acidentes.

“Em relação ao seguro contra acidentes, adicionei a função de ressarcimento, caso não utilize nenhum dos serviços”, explica. O principal motivo por aderir aos produtos é a segurança financeira e, por isso, suas expectativas para o serviço são de total auxílio.

Elisabete, assim como a maioria dos segurados, espera que o seguro dê assistência no caso de algum dia acontecer algo, como uma doença. "Caso eu não tenha como trabalhar, ele poderá cumprir os meus compromissos financeiros. Então estarei mais tranquila contando com o seguro”, ressalta.

O professor Wellignton Farias Ipirajá contratou o seguro após receber os benefícios do serviço da mãe(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE O professor Wellignton Farias Ipirajá contratou o seguro após receber os benefícios do serviço da mãe

O professor de inglês Francisco Wellington Farias Ipirajá, 72, também optou por ter seguros da MAG. Ele conta que contratou ainda em 1998, quando a empresa ainda tinha outro nome. “Minha mãe, já falecida, tinha esse seguro. Recebi os benefícios deixados por ela e aderi ao plano”, conta.

A praticidade do processo para o recebimento do seguro da mãe o despertou para a contratação do serviço para si, que inclui, entre outros itens, pecúlio por morte e invalidez. Os benefícios também são diferenciais, como assistência residencial e automotiva.

 

 

Raio X de contratos no Ceará

Apesar dos desafios econômicos de 2023, o superintendente comercial da MAG em Fortaleza, Rafael Rocha, informa que houve um crescimento exponencial em produção de 26% no comparativo ao ano imediatamente anterior.

Rafael Rocha é superintendente no Ceará da Mag Seguros(Foto: Henrique Gonçalves_MAG Seguros)
Foto: Henrique Gonçalves_MAG Seguros Rafael Rocha é superintendente no Ceará da Mag Seguros

Cresceram de 3.664 propostas, que são as apólices emitidas, para 4.787, o que representa um crescimento de 32% nesse sentido. E arrecadação superou os R$ 42 milhões, que equivale a 6,2% de elevação.

Entre os produtos mais consumidos pelos cearenses estão o pecúlio por morte, onde as pessoas vindo a falecer outra recebe o benefício; doenças graves, que fazem parte da linha bem-estar, e que cobre o afastamento do trabalho e as despesas hospitalares.

Conhecimento do brasileiro em relação aos seguros

“Temos um combo dentro desse produto o que dá a possibilidade de todos os públicos terem”, diz Rafael. Além disso, a empresa abriu vagas e conseguiu formar no ano passado 18 corretores certificados, e no quadro duas pessoas eram 50+.

A maior parte dos seguros e serviços contratados está concentrada na Capital, que representa 80% dos negócios no Ceará.

Previsão de contratação de seguros pelos brasileiros

“Nos devolvemos no ano passado para a população em benefícios quase R$13 milhões, por afastamento de trabalho, doenças graves, cirurgias ou morte. O maior que a gente paga é por pecúlio. Foram R$ 3 milhões. Nosso papel social é tão forte que a gente devolve isso para a sociedade”, ressalta Rocha.

No Ceará, a faixa que contrata mais seguro de vida, cerca de 70%, são pessoas entre 26 e 45 anos. O homem contrata mais, representando 58% do público. Hoje, cerca de 30% dos contratantes são do grupo 50+ e contratam pecúlio por morte.

*Carol Kossling viajou ao Rio de Janeiro a convite da MAG.

 

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