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Indústria de calçados do Ceará teve a 2ª maior produção no pós-pandemia
Reportagem

Indústria de calçados do Ceará teve a 2ª maior produção no pós-pandemia

|DE CARA NOVA| Maior produtor do Brasil, o Estado cresceu 1,2 ponto percentual frente à 2019 e atingiu a casa dos 226 milhões de pares fabricados em 2024. Empresas continuam otimistas com investimentos e expansão
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URUBURETAMA-CE, BRASIL, 30-04-24:  Inauguração da fábrica da Arezzo no município de Uruburetama. (Foto: Samuel Pimentel/O Povo)  (Foto: Samuel Pimentel)
Foto: Samuel Pimentel URUBURETAMA-CE, BRASIL, 30-04-24: Inauguração da fábrica da Arezzo no município de Uruburetama. (Foto: Samuel Pimentel/O Povo)

Maior produtora do Brasil, a indústria de calçados do Ceará foi a segunda que mais recuperou o volume produtivo prévio após a pandemia e está de cara nova. Em uma análise frente a 2019, o Estado cresceu 1,2 ponto percentual (p.p.), atrás apenas de Minas Gerais (1,8 p.p.).

A análise consta no Relatório Indústria de Calçados, divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), durante a 4ª edição da BF Show, principal feira do setor no País.

Além disso, em relação ao volume total produzido, o Ceará continua sendo destaque e atingiu a casa dos 226 milhões de pares fabricados em 2024. O número é maior do que o registrado em 2023 (224,9 milhões) e corresponde a mais de 24% da produção nacional.

Na avaliação do pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV Ibre, Thiago de Araújo Freitas, o resultado demonstra que o Estado continua forte na indústria, mesmo após a reconfiguração desde o fim de 2023, quando a Paquetá Calçados anunciou sua saída.

A empresa demitiu mais de 3 mil funcionários de suas fábricas em seis cidades: Apuiarés, Irauçuba, Itapajé, Pentecoste, Tururu e Uruburetama. Meses depois, a Arezzo&Co anunciou que assumiria as plantas fabris dos dois últimos municípios citados.

As unidades operam atualmente com cerca de 1.200 colaboradores, mas há planos de novas contratações para otimizar a capacidade instalada em 40%.

“Uma empresa estabelecida há tanto tempo, que tinha vários postos de trabalho, com a saída, houve uma clara redução da capacidade do Estado, ainda que momentânea. Apesar disso, vem aumentando, ampliando a sua participação, especialmente no pós-pandemia”, diz Thiago.

Contudo, explica haver um impacto profundo na economia dos municípios que ainda não tiveram uma recomposição, pois a maioria das cidades são voltados para uma única atividade.

“Quando essa empresa sai, esse município acaba ficando muito prejudicado, até que a economia consiga se recuperar e consiga outra forma de empregar essas pessoas. Isso é um desafio que não só esses municípios têm, como todos os outros, de modo geral, aqui no Ceará.”

Questionada sobre como estão os outros galpões que eram operados pela Paquetá, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE) informou que tem dialogados com algumas empresas para a ocupação.

“Nos municípios de Pentecoste e Itapajé há tratativas, respectivamente, com a WS Nordeste e Dilly Sports para que, além do aproveitamento da mão de obra existente na Paquetá, essas indústrias ampliem a capacidade de geração de emprego nesses municípios.”

Já no caso de Apuiarés, o órgão explicou que o imóvel é de propriedade do município, bem como sua gestão. Em Irauçuba, “o Governo do Estado encontra-se em tratativas com a Prefeitura no sentido de atrair novo investimento para a unidade desocupada pela Paquetá”, diz em nota.

Atualmente, o setor calçadista está predominantemente distribuído em quatro polos produtivos: Sobral (68%), Fortaleza (13,3%), Quixadá (9,8%) e Juazeiro do Norte (8,2%), ordenados por volume de produção.

Nesse sentido, o pesquisador do FGV Ibre revela que estes vários locais são uma vantagem. “Se qualquer interferência econômica acontecer de modo a prejudicar um dos municípios, os outros são capazes também de produzir. Então, tem essa diversidade geográfica na produção de calçados.”

Porém, avalia que um dos potenciais riscos à produção está no fato da mudança de política, com a implementação da reforma tributária. “O Estado sempre buscou trazer empresas para cá à base de incentivo fiscal e, com a reforma, a gente não sabe ainda como esse cenário vai ficar.” 

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Setor calçadista

Projeções das empresas para o Ceará em 2025

Aniger

Onde atua: Tauá, Quixeramobim e Caridade

Projeções: Aumentar a capacidade de produção em até 50%

Produção: 10 milhões de itens por ano, entre pares de calçados e bolsas

Arezzo

Onde atua: Urubetama e Tururu

Projeções: Crescer 40% da produtividade industrial em Uruburetama

Produção: 4,5 mil a 5 mil pares por dia

Autêntica/Esplêndida

Onde atua: Juazeiro do Norte

Projeções: Meta de expandir entre 10% a 15% em relação à 2024

Produção: 8,5 mil a 12 mil pares por semana,a depender da demanda

Coopershoes

Onde atua: Morada Nova e Quixeramobim

Projeções: Ampliar de 20% a 30% neste ano; avaliações de outras marcas para trazer para dentro do portfólio

Produção: 40 mil pares por dia em todas as fábricas

Democrata

Onde atua: Camocim, Santa Quitéria e Sobral

Projeções: Investimentos na área de logística

Produção: 20 mil pares por dia

HG Industrial

Onde atua: Juazeiro do Norte e Crato

Projeções: Aumentar as vendas entre 12% e 22%. Investimento entre R$ 10 mi e R$ 12 mi em nova fábrica, no Crato

Produção: 50 mil pares semanais

Sugar Shoes

Onde atua: Senador Pompeu e Solonópole

Projeções: Negociações com o Governo do Estado para expandir o número de fábricas; ampliar a capacidade em até 30%

Produção: 37 mil pares por dia

Tropical Brasil

Onde atua: Juazeiro do Norte

Projeções: Aumentar na ordem de 25% a 30% e dobrar produção de calçados

Produção: 500 mil pares por mês

Vizzia

Onde atua: Juazeiro do Norte

Projeções: Crescimento de 15% a 20% no segundo semestre

Produção: 10 mil pares por dia

Produção de pares no Brasil em 2024

  • Ceará: 226 milhões (24,30%)
  • Rio Grande do Sul: 202,9 milhões (21,80%)
  • Minas Gerais: 156,6 milhões (16,90%)
  • Paraíba: 127,5 milhões (13,70%)
  • Bahia: 56,7 milhões (6,10%)
  • Pernambuco: 52,9 milhões (5,70%)
  • São Paulo: 46,5 milhões (5%)
  • Santa Catarina: 17,7 milhões (1,90%)
  • Paraná: 12 milhões (1,30%)
  • Mato Grosso do Sul: 11,1 milhões (1,20%)
  • Outros estados: 10,1 milhões (1,10%)
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