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Comércio exterior e mão de obra: os desafios do setor calçadista no Ceará
Reportagem

Comércio exterior e mão de obra: os desafios do setor calçadista no Ceará

Mesmo sendo um dos principais exportadores e empregadores do Brasil no setor, o Estado enfrenta impasses nos dois quesitos e lida com o aumento das importações
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O valor das exportações caiu de US$ 265,4 milhões em 2023 para US$ 199,3 milhões em 2024, ou seja, quase 25% de retração (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE O valor das exportações caiu de US$ 265,4 milhões em 2023 para US$ 199,3 milhões em 2024, ou seja, quase 25% de retração

Destaque nacional na produção e comércio de calçados, a indústria no Ceará enfrenta problemas para se desenvolver ainda mais no setor. Conforme os dados obtidos pelo O POVO, há uma queda nas exportações em contraste com o aumento das importações. Além disso, empresas relatam escassez da mão de obra. 

O Relatório Indústria de Calçados, divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), durante a 4ª edição da BF Show, principal feira do setor no País, por exemplo, aponta que o Estado é o segundo maior exportador, porém, está em baixa.

O valor caiu de US$ 265,4 milhões em 2023 para US$ 199,3 milhões em 2024, ou seja, quase 25% de retração. Em termos de volume, houve uma diminuição de 17,5%, passando de 36,6 milhões de pares para 30,2 milhões. Apesar disso, continua representando mais de 30% do volume brasileiro no exterior.

Considerando os polos, Juazeiro do Norte foi o que sofreu o recuo mais expressivo, que declinou de US$ 19,4 milhões para US$ 5,6 milhões (menos 70%). O resultado, segundo o relatório, é explicado pela retração dos embarques à Argentina, destino que absorve mais de 80% dos valores exportados pelas empresas da região.

Contudo, olhando para os números deste ano, é possível notar uma recuperação. Ao todo, foram embarcados 13,6 milhões de pares por US$ 73,5 milhões até abril, incremento de 13,5% em volume e queda de 4,8% em receita na relação com o igual intervalo do ano passado.

Para o pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV Ibre, Thiago de Araújo Freitas, o cenário da guerra tarifária traz incerteza aos mercados, mas pode contribuir para uma melhora do comércio exterior.

"Se essa guerra tarifária entre China e Estados Unidos continuar, os Estados Unidos, como um grande consumidor, vão ter que buscar novas fontes. Ao buscar alternativas, o Ceará, que já é um parceiro comercial muito forte dos Estados Unidos nessa área, pode acabar ampliando ainda mais. É possível que a gente veja esses resultados neste ano."

Outro ponto é que o preço médio dos calçados exportados pelo Ceará possuem um menor valor agregado. Em, 2024, a média foi de US$ 6,60 por par, o que é inferior ao registrado nacionalmente (US$ 10,02). No Rio Grande do Sul, o valor é US$ 15,04.

Nesse sentido, o pesquisador afirma que o Estado "tem esse desafio de melhorar a qualidade do material exportado. Acho que, ocorrendo esse desenvolvimento, pode avançar cada vez mais nesse quesito."

Para 2025, a Abicalçados projeta uma retomada do crescimento, em contraste com a tendência observada no ano passado. Em termos de volume, é esperado que as exportações brasileiras de calçados cresçam entre 1,2% e 4,1%, computando até 101,4 milhões de pares. 

Além disso, explica que o ambiente internacional deve ser marcado pela desaceleração do ritmo de crescimento de dois grandes players mundiais, Estados Unidos e China, fatores que tornam a expectativa de recuperação das exportações brasileiras mais amenas.

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