Através dos cliques e das edições, a fotografia contemporânea leva ao mundo criação e expressão. O estilo surgiu no início dos anos 80, quando alguns fotógrafos começaram a se afastar das técnicas tradicionais. Assim, um novo tipo de fotografia estava sendo criado, estabelecendo um relacionamento com o campo das artes visuais e práticas, e trazendo distorção, fotomontagem, tecnologia e novos olhares.
No Ceará, a arte está muito bem representada: mais de 120 fotógrafos residentes do Estado exibem suas obras no novo painel da Fotografia Cearense Contemporânea. O projeto, apoiado pela Secretaria Estadual de Cultura, através da Lei Aldir Blanc, será lançado nesta quarta, 31 de março, através de um site, onde serão exibidas as imagens dos fotógrafos selecionados.
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"Nós temos no Ceará um legado de grandes mestres e uma referência para o Brasil como um Estado que tem expoentes nessa linguagem, como Chico Albuquerque, entre outros vários fotógrafos. Eles foram construindo uma referência no Brasil inteiro para uma produção potente e que traz uma certa referência do Ceará como um ambiente em que se produz e se faz veicular trabalhos nessa área", diz Patrícia Veloso, organizadora do painel.
O painel busca dar visibilidade à produção fotográfica cearense e abrir espaço para oportunidades futuras de intercâmbios, organização de exposições, livros/catálogos, edição de vídeos e documentários, entre outros produtos. As obras foram selecionadas por meio de uma comissão constituída de profissionais, reconhecidos pela carreira no campo da fotografia. Através da tecnologia e do campo virtual, o projeto exibe a participação cearense na produção da fotografia contemporânea.
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A primeira edição aconteceu em 2004, com o mesmo intuito de fazer um levantamento da fotografia cearense. Foram contemplados 70 fotógrafos nessa edição, resultando em uma apresentação e um DVD. Agora, com os recursos disponibilizados pela Lei Aldir Blanc, o novo painel será lançado virtualmente, e a organizadora Patrícia tem a expectativa de que alcance um público maior, possibilitando a circulação da produção local.
"Como nós temos agora a fotografia como um meio de expressão bem mais ampliado, com as tecnologias mais atuais, foi necessário pensar novamente em renovar esse mapeamento e as tecnologias facilitam o processo de circulação", disse ela. "Hoje, nós temos várias formas de levar ao público as produções artísticas e a internet tem sido um grande meio para divulgar essas produções."
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Além das imagens, o projeto disponibilizará um seminário sobre a fotografia brasileira e latino-americana no momento atual e um podcast com fotógrafos participantes do painel, que falarão sobre seus processos de criação. O projeto também traz homenagens a Angela Moraes, Jacques Antunes, Jarbas Oliveira, José Albano, Leomar Sousa, Marcos Guilherme, Maria Rosa, Mauri Melo, Mestre Júlio e Nelson Bezerra, nomes indicados pelo público por suas trajetórias de mais de 40 anos na fotografia.
Mauri Melo, um dos homenageados, trabalhou por mais de 60 anos para o Grupo de Comunicação O POVO como fotojornalista. Apesar de não ser do campo da fotografia contemporânea, ele acredita que o painel abre espaço para divulgar e incentivar o amor pela fotografia em geral, em especial, para reconhecer os trabalhos de artistas locais.
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Desde muito novo, Mauri começou a trabalhar para ajudar em casa, após seu pai abandonar a família. Em 1957, ele bateu na porta da sede do O POVO pedindo emprego. Começou trabalhando como entregador do jornal e pouco a pouco foi conquistando outros cargos. Até que, em 1970, pediu para ser fotógrafo, ficando inicialmente como estagiário. Dois anos depois, foi finalmente contratado com repórter fotográfico.
Em grande parte da carreira, Mauri contou com um “número restrito de poses” nas câmeras analógicas. Por conta disso, através de uma entrevista ao O POVO em 2017, ele afirmou ser um repórter de muita observação antes do clique. “Eu tenho que trazer uma boa foto, então eu não fotografo logo. Primeiro eu estudo o ambiente para poder começar”, ensina. Para ele, é preciso tirar uma foto que qualquer pessoa consiga ler. "A foto dá vida ao jornal, é uma forma de informar todo mundo”, disse o fotógrafo.
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A homenagem foi recebida com muita gratidão por Mauri. "Para mim foi uma grande satisfação apresentar meu trabalho e ser reconhecido pelos amantes da fotografia", diz ele. Para o fotojornalista, o painel é necessário para enaltecer a arte de tirar fotos. "É muito importante a existência desses painéis para as pessoas, cada vez mais, se empenharem em amar a fotografia", diz ele.
Mauri é reconhecido pelos colegas de trabalho por sua simpatia. Para ele, é essencial que um fotojornalista busque paciência, humildade, sensibilidade, honestidade e, acima de tudo, afeto. “Não sei o que há comigo que as pessoas gostam de mim, acho que é porque eu trato bem, né? Gosto de abraçar as pessoas, dar amor, acho que é isso”, disse ele.
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Painel da Fotografia
Quando: a partir de amanhã, 31