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Bienal Sesc de Dança traz reflexões sobre isolamento e criação artística
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Bienal Sesc de Dança traz reflexões sobre isolamento e criação artística

Bienal Sesc de Dança será aberta neste sábado, 2 de outubro, ainda em formato virtual, com exibição de espetáculos, homenagens, mostra de cinema e mais atividades
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O bailarino Ismael Ivo, que faleceu em abril deste ano em decorrência da covid-19, é um dos homenageados do evento (Foto: Alex Ribeiro / visormágico / divulgação)
Foto: Alex Ribeiro / visormágico / divulgação O bailarino Ismael Ivo, que faleceu em abril deste ano em decorrência da covid-19, é um dos homenageados do evento

Antes da 12ª edição, que começa no próximo sábado, 2 de outubro, a Bienal Sesc de Dança foi realizada pela última vez em 2019, nos últimos meses de encontros e trocas presenciais costumeiras. Dois anos depois, porém, o contexto no qual o evento se desenrolará até o próximo dia 10 de outubro é acentuadamente distinto e desafiador. Se os eventos realizados ao longo de 2020 passaram por processos de adaptação ao virtual, a 12ª edição da Bienal Sesc de Dança chega em um contexto de "desconfinamento" já mais generalizado, mas ainda apostando no formato virtual. Ao longo de mais de uma semana, o evento irá apresentar espetáculos gravados e ao vivo, promover debates que aliam dança a outras áreas do conhecimento e realizar mostra de cinema, entre outras atividades, destacando temas como diversidades de corpos, mediação por telas e criação em isolamento.

"Para o Sesc, com o fechamento das unidades, esse desafio já estava posto de como trazer as ações para as telas, então a Bienal reflete esse trabalho que a gente foi construindo desde o ano passado", divide Fabrício Floro, assistente de dança da Gerência de Ação Cultural do Sesc SP e curador e coordenador da 12ª Bienal Sesc de Dança.

A curadoria, ele explica, foi feita transversalmente por programadores e programadoras de várias unidades do Sesc que discutiram, a partir da experiência acumulada, formatos e adaptações. "Mais do que nunca, a gente teve que se aproximar dos artistas e pesquisadores para entender quais as melhores maneiras de apresentar as obras, conversas e discussões ao público", avança Fabrício. "Essa transversalidade interna, dos pensamentos dos curadores da instituição, vinculadas a essa proximidade muito grande com os artistas, foi essencial pra gente pensar essa edição", resume.

Conforme Fabrício, as questões ligadas à pandemia estão presentes em diferentes vieses. "A ideia de um corpo confinado que está na iminência de 'desconfinar' é assunto dos artistas, pesquisadores. Isso está em toda a programação, as criações estão nesse contexto que é forte e atinge diretamente nosso comportamento social", compreende.

Entre destaques, estão a mesa "Viver Isolado, Pensar Coletivo", que faz um balanço das possibilidades de criação em isolamento que marcaram os últimos meses. Participam o coreógrafo e bailarino Renan Martins e artistas do coletivo Ajeum. Nos espetáculos, há "este corpo é tão impermanente…", trabalho do estadunidense Peter Sellars que traz "três artistas em pontos diferentes do mundo pensando uma ação conjuntamente".

Duas obras de dança do bailarino cearense João Paulo Lima serão apresentadas no próximo dia 8, às 21 horas, com transmissão no YouTube do Sesc SP. "Devotees" e "No'Tro Corpo" elaboram artisticamente a amputação da perna direita sofrida por ele na adolescência. A primeira obra foca em provocar desejos a partir de um olhar para o fetiche por pessoas amputadas, enquanto a segunda reflete sobre memória e corpo a partir de experiências próprias.

O também cearense curta "Veias de Fogo", produção coletiva do Carnaval no Inferno, compõe a mostra de cinema "Ó, meu corpo! Uma coleção de filmes incorporados", com curadoria assinada pela professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Amaranta César e que traz 18 filmes que evidenciam o corpo como território de disputa e discurso.

Nesta edição, os 30 anos da Lia Rodrigues Companhia de Dança estão entre as homenagens. A Bienal irá disponibilizar os chamados "cadernos de criação" do grupo, "que são vídeos que contam sobre o trabalho da companhia no contexto da covid-19, o trabalho no Centro de Artes da Maré, processos de criação", elenca Fabrício. A própria coreógrafa também participa de conversa sobre a trajetória da iniciativa.

A outra homenagem do ano vai para o bailarino Ismael Ivo, que faleceu em abril de 2021 em decorrência da covid-19. "O Sesc tem um acervo com vários registros de espetáculos do Ismael, então fizemos um recorte", compartilha Fabrício, que ainda lembra da disponibilização de "Ismael Vivo", recentemente produzido pela TV Cultura e dirigido por Alberto Pereira Jr., que aborda aspectos da trajetória artística e pessoal do artista.

12ª Bienal Sesc de Dança

Quando: de 2 a 10 de outubro

Onde: @SescAoVivo (Instagram), youtube.com/sescsp e sesc.digital

Gratuito

Mais informações: www.bienaldedanca.sescsp.org.br

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