Dedicado à apreciação, difusão e ensino da cultura fotográfica, o Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) completa cinco anos com três exposições em cartaz e expansão de trabalho educativo no interior do Ceará. A instituição ainda planeja o retorno de mostras temporárias, com previsão de lançamento ainda neste semestre. Inaugurado em 10 de março de 2017, o equipamento celebra esta meia década como referência nacional em acervos totalmente destinados à arte da fotografia.
Fundado e administrado pelo Instituto Paula e Silvio Frota, o MFF conta com uma coleção de mais de 2500 obras, de nomes como Henri Cartier-Bresson, Jean Manzon e Pierre Verger. No Museu, no bairro Varjota, estão em cartaz as exposições "O olhar não vê. O olhar enxerga" e "Não Danifique os sinais", de curadoria de Diógenes Moura; além de "Retratos", com obras do fotógrafo Bob Wolfenson. Com visitação gratuita de terça a domingo, o equipamento funciona com protocolos sanitários contra a Covid-19, como uso de máscaras e conferência passaporte de vacinação.
As cinco primaveras impulsionam um misto de sentimentos. "É uma grata satisfação, apesar da pandemia, que nos tirou dois desses cinco. É como se fossem três", diz o diretor do MFF, Silvio Frota. "É um balanço positivo, principalmente pela quantidade de crianças que atendemos e de projetos. Palestras, formações e exposições trabalhando a inclusão de cegos, autistas, trabalhando em emergências de hospitais. É um marco para a gente. Nós atendemos crianças de um a quatro anos em parceria com a Prefeitura, dentro das salas de aula. São em torno de 200 a 250 crianças por dia".
Segundo Silvio, para além da apreciação da arte fotográfica, o MFF atua enquanto espaço educativo. "O Museu é uma âncora para o trabalho educacional. Trazemos professores para Fortaleza e ensinamos como a gente faz o trabalho ligando à fotografia, depois, nossa equipe vai ao interior, faz exposições e realiza o trabalho dentro das escolas, com os professores". Junto às Secretarias da Cultura e às Prefeituras, a instituição amplia sua atuação em Itapajé, Sobral, Cedro, Orós, Guaramiranga e Caucaia.
O casal Silvio e Paula Frota passou a colecionar fotografias em 2009, quando adquiriu a obra "Garota Afegã", de Steve McCurry. "A coleção cresceu rapidamente. Não achávamos justo termos uma coleção tão importante e as pessoas não terem acesso", conta Silvio. Sobre como o MFF se mantém financeiramente, o diretor afirma: "Nós temos 1/3 de parceiros. O resto somos nós que bancamos, o próprio Instituto".
Para Silvio, "é muito difícil fazer arte, cultura e educação no País". "O que você gasta, retorna em termos de satisfação, porque o trabalho que você está fazendo é recompensado quando vê o sorriso de uma criança. Não tem dinheiro no mundo que pague isso. Nós não temos nenhum incentivo de governantes em relação aos investimentos na cultura e na educação. É muito complicado num país com uma desigualdade tão grande".
Fotógrafo e professor há 20 anos, Jari Vieira comenta a relevância do MFF. "O Museu traz uma visão ampla e profunda do que é a fotografia. É uma arte, um mundo a ser estudado. Quando você se depara com as fotos materializadas, emolduradas, bem iluminadas... A própria arquitetura do Museu é bem resolvida, faz com que a gente sinta prazer de estar lá. O Museu traz o valor da fotografia nas nossas vidas, no dia a dia, e a importância da fotografia ao longo dos anos. Tem cursos, palestras, oficinas… Posso levar alunos para mostrar ao vivo as fotos. Ele promove essa movimentação em torno da imagem. É um Museu vivo, que está em constante mudança".
Em cartaz
"O Olhar não vê. O olhar enxerga"
A exposição convida à reflexão por meio do processo de olhar imagens diversas, em cores e, também, em preto e branco. Entre os fotógrafos, estão Bauer Sá, Elza Lima e Thomas Farkas. Curadoria de Diógenes Moura.
"Não danifique os sinais"
Registros de episódios como guerras, manifestações políticas, desastres e cangaço. Gentil Barreira, Bruno Barnardi, Orlando Brito e Juca Martins estão entre os fotógrafos das obras. Curadoria de Diógenes Moura.
"Retratos"
Obras de Bob Wolfenson. Trata-se de uma seleção histórica de fotografias dos 50 anos de carreira do fotógrafo que é referência nacional como retratista. Nos retratos, estão nomes como Fernanda Montenegro, Laerte, Lázaro Ramos, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Curadoria de Rodrigo Villela, com assistência de Fábio Furtado.
On-line
É possível conhecer o MFF em tour on-line em 360º, por meio da plataforma Google Maps. Basta acessar google.com/maps, pesquisar por "Museu da Fotografia Fortaleza" e explorar a aba "Fotos" e "Street View e 360º".
Museu da Fotografia Fortaleza
Quando: terça-feira a domingo, das 12 às 17 horas
Onde: rua Frederico Borges, 545 - Varjota
Mais info: @museudafotografiafortaleza no Instagram
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