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"A Freira 2" traz terror que peca por repetições e falta de profundidade
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"A Freira 2" traz terror que peca por repetições e falta de profundidade

Longa de terror "A Freira 2" repete antagonista, cenas e sustos, pecando por decisões gratuitas e rasas de direção e roteiro
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"A Freira 2" peca por repetições e falta de profundidade (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação "A Freira 2" peca por repetições e falta de profundidade

Em 1956, uma série de mortes misteriosas de membros da igreja chama a atenção do Vaticano. Após a morte violenta de um padre na França, resolvem chamar irmã Irene (Taissa Farmiga - "A Freira"), devido à sua experiência anterior com o que parece ser o demônio responsável pelas mortes que estão acontecendo agora. Acompanhada por uma noviça chamada Debra (Storm Reid - "Euphoria"), que busca testar sua fé, ambas partem em busca de entender e solucionar o que vem acontecendo.

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Quando James Wan ("Invocação do Mal") deu início a essa saga de filmes em 2013, crítica e público em geral gostaram muito do que foi apresentado pelo diretor. Trazendo filmes de terror que iam muito além do susto pelo susto, James levou profundidade a seus personagens ao mesmo tempo em que suas histórias sobre possessão demoníaca faziam o espectador adentrar naquele universo e, consequentemente, em muitos sentimentos, terror sendo um deles. Não podemos dizer o mesmo de mais um spinoff deste universo, "A Freira 2".

Dirigido por Michael Chaves ("A Freira"; "A Maldição da Chorona"), o longa traz mais uma vez o demônio Valek como principal antagonista. O que não seria propriamente um problema, se não fosse a forma extremamente repetitiva que o diretor aborda esse ser. Além de repetir takes de outros filmes ("Invocação do Mal"; "A Freira"), como por exemplo a cena em que a "freira" aparece no fundo de um corredor e avança rapidamente em direção à câmera de forma brusca. É, sim, uma sequência interessante, mas que quando vista pela terceira vez em tela só mostra a forma pouco criativa que o diretor trabalha.

Ele também se utiliza de forma rasa dos jumpscares, que nada mais é do que a técnica utilizada durante as gravações para causar tensão e medo no espectador. O que também não é um problema, afinal com uma trama que aborda seres demoníacos, o mínimo que se espera é receber alguns sustos durante o filme. Porém, isso é utilizado de forma totalmente exaustiva durante todo o longa, fazendo com que o artifício perca totalmente seu poder. Em alguns momentos, o diretor simplesmente quer colocar a "freira" em tela a troco de absolutamente nada. O que é algo extremamente cansativo e que faz com que o espectador veja aquilo como uma mera "paisagem".

Diversas dessas cenas mostram Valek como um demônio extremamente poderoso, capaz de matar uma pessoa em segundos, desde que esse personagem seja um figurante. Pois quando se depara com um protagonista, a "freira" causa no máximo alguns arranhões, ou mesmo se limita a dar pequenos sustos nos mesmos. Em dado momento do longa, a criatura resolve fazer uma "colagem" com várias revistas, apenas para mostrar sua silhueta para Irene. Talvez para dizer: "oi, sou eu de novo", quem sabe? Com certeza os roteiristas e diretores não. Já que esta é uma das cenas mais gratuitas e sem sentido de todo o longa, se não da franquia.

Outro problema aqui é a forma que os núcleos são apresentados. Além de Irene e Debra, também acompanhamos o núcleo de Maurice (Jonas Bloquet "A Freira"), que ajudou Irene no passado na luta contra este mesmo demônio. Essa divisão de núcleos em si não é o problema, mas é nas cenas do local onde Maurice se encontra que os piores momentos do filme acontecem, enquanto as rápidas cenas com Irene e Debra até aqui são as melhores. Esse contraste gritante de qualidade mostra que o diretor não consegue dar equilíbrio a ambos os núcleos, fazendo assim um deles se tornar muito menos interessante, o que torna o filme ainda mais cansativo.

Tudo isso somado a uma enorme quantidade de clichês narrativos, que além de serem fracos e repetitivos, surgem do mais absoluto nada. Como, por exemplo, a protagonista do longa herdar poderes de seus antepassados e que a conectam a uma relíquia misteriosa. Relíquia essa que é coincidentemente a mesma que o demônio busca e que também seria capaz de derrotar o mesmo. O que talvez não fosse um problema, caso fosse desenvolvido durante o filme, e não apresentado nos seus 25 minutos finais.

"A Freira 2" não prende o espectador por mais de minutos e, apesar das atuações esforçadas, tem roteiro raso que não se aprofunda de forma alguma em nenhum de seus personagens durante sua uma hora e cinquenta minutos de filme, além de pequenos flashs do passado de Irene. A produção, porém, talvez agrade quem não procura nada muito além de pequenos sustos e uma boa estética nas criaturas apresentadas.

A Freira 2

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