"'Cangaço Novo' trouxe uma linguagem para mostrar que podemos ter séries maravilhosas quando a gente tem uma dedicação de trabalho muito grande", opina Allan Souza Lima ao falar sobre a repercussão obtida com o mais novo sucesso do Prime Video. Destaque como protagonista da produção, o ator pernambucano acumula 20 anos de carreira e fala ao Vida&Arte sobre a experiência na obra e outros projetos.
Na série, ele vive Ubaldo, bancário que vai de São Paulo para a fictícia Cratará, situada no Ceará, após descobrir uma herança deixada pelo pai, o cangaceiro Amaro Vaqueiro. No pequeno município, se depara com as irmãs, Dinorah (Alice Carvalho) e Dilvânia (Thainá Duarte), vê a semelhança com o patriarca transformá-lo em símbolo na região e se torna líder de uma quadrilha especializada em ataques a bancos.
A narrativa está no Top 10 da plataforma em 49 países, em localidades divididas entre América Latina, Ásia e África. "Pequenos expoentes acontecem de anos em anos. A gente veio lá atrás com 'Central do Brasil', 'Cidade de Deus', 'Tropa de Elite'. Acho que sim, criticamente falando, o que a gente está entendendo é que existe esse novo marco do audiovisual do streaming brasileiro que 'Cangaço Novo' está representando".
Nascido em Pernambuco, Allan se aproximou da arte ainda na infância. Estudou música antes de estrear nas telas de tevê e cinema. As experiências iniciais na atuação se converterem em 20 anos de carreira, com dezenas de filmes e prêmios. Ao longo do tempo, a entrega ao ofício permanece. O ator se considera metódico, daqueles que mergulham de cabeça nos papéis, o que "solidifica e potencializa" o processo.
Com um número de personagens com densa bagagem emocional - o ator também interpreta Christian Cravinho em ''A Menina Que Matou Os Pais - A Confissão", com estreia marcada para outubro deste ano -, ele admite ter que lidar com a simbiose presente na profissão a partir da interpretação de figuras como o vaqueiro de "Cangaço Novo".
"O primeiro conflito foi que o Allan, naturalmente, não é o que a gente precisa para o Ubaldo, uma pessoa totalmente contrária que tem o seu silêncio. A gente sempre dá naquele momento o que é necessário para o personagem, principalmente do que a gente vive na nossa sombra. Para mim foi incrível porque acredito que o personagem te modifica, te transforma em algo que você vai entendendo depois do processo, esse é o grande valor da arte", considera.
Quando desenvolve o pensamento acerca do personagem, Allan destaca o auxílio da preparadora Fátima Toledo e das companheiras de cena para trazer uma persona tão complexa à realidade. Afinal, Ubaldo pode ser visto como "sem identidade", à sombra de Dinorah.
"A gente está falando sobre moralidade, mostrando que não existe caráter nos heróis. A gente está mostrando uma potência, uma representatividade gigante, com o trabalho que a Alice fez. A gente está falando sobre encontros, sobre movimento social", elenca o artista.
Para além da produção do gênero Norderstern disponível no streaming, o ator vive o Frei João na novela "Amor Perfeito", folhetim das seis da Rede Globo. O religioso encontra um antigo amor e representa um momento de respiro nesta sequência de obras, ideal para que o artista continue se dedicando às vertentes da produção e fotografia. Independente da trama, Allan segue motivado pelo potencial de transmutação dentro das possibilidades artísticas: "Tudo isso me transforma como ser humano, essa é a finalidade da arte".
Todo mundo tem uma história de medo para contar e o sobrenatural é parte da vida de cada um ou das famílias. Alguns convivem com o assombro das manifestações ou rezam para se libertar das experiências inesperadas. Assista ao filme clicando aqui.